sexta-feira, 1 de abril de 2016

Fazemos parte do mundo ocidental?




Setores da classe média tradicional brasileira gostam de se colocar, de se pabular, como pertencentes ao chamado mundo ocidental, o que em parte revela, o desejo de ocuparem os postos dos antigos colonizadores; e também, por outro lado, de acreditar numa fábula. E que mundo ocidental seria esse? Seria a parte mais rica da Europa Ocidental e os dois países brancos mais ao norte das Américas. O que essa gente mais rica de nossa sociedade acha ou sente, não é tão relevante nessa história, mais importante que tudo seria também considerar o outro lado da moeda. O que os habitantes das sociedades opulentas do chamado mundo ocidental ACHAM das gentes de nosso mundo periférico, sobretudo aquele que inclui o México e todas as outras sociedades latino americanas? Todos sabem como os setores mais privilegiados de nossa sociedade gostam de se pavonear, cultivar e macaquear o modus vivendi europeu em suas vidas cotidianas, o que só favorece o tipo de mentalidade de “se sentir europeu” ou “como se europeu fosse”. Daí fica tudo mais fácil, quase um pulo, para se considerar sendo parte daquele chamado mundo ocidental, àquele pertencimento forçado. Donde fica muito claro e transparente, as razões que os levam a cultivar tantos preconceitos contra os brasileiros mais pobres em geral, com quem não se identificam nem um pouco, já que se julgam mais europeus que brasileiros. O Brasil e sua gente mestiça é sempre desvalorizado e desqualificado por parte de uma pequena elite integrante de sua população, justamente por aquela parte da população nacional que se julga europeia e pertencente ao chamado mundo ocidental. Acontece que eles acham tudo isso, e não se preocupam nem um pouco com o que os outros, os europeus verdadeiros e também os norte-americanos ricos pensam a respeito da questão. E parece que não estamos nada bem na foto, a percepção deles a nosso respeito não é nada favorável. Para início de conversa, logo de cara, afirmam que não fazemos parte do chamado mundo ocidental, ao criminalizarem a miscigenação realizada nos trópicos, coisa só possível em sociedades fora do padrão europeu de sociabilidade, e baseadas também em outras crenças absurdas e nem um pouco científicas a respeito do fenômeno da miscigenação brasileira. Só por esse fato: ‘a miscigenação’, já seria mais do que suficiente para sermos expulsos do fechado clube. Miscigenação, principalmente aquela encontrada no Brasil, considerada por alguns europeus como uma bizarrice étnica. Muitos europeus ainda cultivam uma certa intolerância contra o diferente. E o Brasil é muito diferente de qualquer país europeu em vários aspectos. Sem fazer qualquer avaliação de que seja bom ou ruim. Além disso, existem outras razões para excluir o Brasil enquanto sociedade, do mundo ocidental, como é o caso da sua cultura política, a maneira como a política é feita, apesar da recente conquista democrática após os 21 anos de ditadura militar de direita, que gostamos tanto de propagandear mundo afora. Com a instabilidade política da crise atual, aquilo que se pensava ser uma democracia mais consolidada e sustentável, se revelou o contrário. Os usos e costumes dos politiqueiros brasileiros é narrado em forma de crônica pelos correspondentes internacionais aqui instalados, que os consideram folclóricos, ou seja, mais uma coisa bizarra bastante peculiar a um tipo de sociedade completamente fora do modo e padrão europeu de ser. Além de muitos outros traços peculiares de sociedades como a brasileira, ex-colonizada e impregnadas de costumes e valores considerados totalmente fora do padrão europeu. E o mais curioso dessa história toda, é o paradoxo revelado pelo fato de uma elite dirigente europeizada, que está no comando do país, mesmo não estando temporariamente no poder político de estado; essa elite europeizada dirige o país da forma a menos europeia possível, reforçando com isso a percepção negativa de país fora do padrão, sobretudo no aspecto do déficit democrático, com a desigualdade, por europeus de verdade. Por que será?

2 comentários:

  1. Os mesmos que fazem questão de se afirmar parte do mundo ocidental querendo dizer a Europa esticada pra cá do Atlântico, também se empenham em demonstrar que não são latino-americanos. Estão aqui querendo estar lá.

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  2. Adorei Ciro. Vamos ver se isso toca no fundo de muitos coxinhas inocentes.

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