sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O Retorno dos ataques aos programas sociais



Tenho notado a volta dos ataques aos programas sociais e de políticas públicas de transferência de renda, e pelo TOM dos ataques, vê-se facilmente, que alguns são visivelmente fascistas, os chamados agentes políticos do ódio. Em geral ódio contra gente pobre e contra quem pensa diferente deles. Em relação aos 500 bilhões de reais que o atual governo transferiu para os riquinhos aplicadores do sistema financeiro nacional em 2015, uma montanha de dinheiro, recursos do tesouro. NENHUMA palavra. Os rentistas, aplicadores do tesouro direto e outras aplicações, que aplicam um dinheiro que, como se sabe, nem sempre teve uma origem lícita, alguns certamente DUVIDOSA, obtidos através de golpes, falcatruas ou até mesmo corrupção. Que somente na passagem de pai para filho, é que acabaram ficando mais limpos com o tempo, porque não apenas Omo lava mais branco, herança com dinheiro sujo também lava mais branco. Pois muito bem, hoje os herdeiros daquele dinheiro sujo, lucram aplicando no sistema financeiro nacional, auferindo lucros estratosféricos, e ainda têm a cara de pau e a petulância de vir para as redes sociais tecer críticas e fazer piadas de mau gosto contra os programas sociais. Uma politicagem de modelagem bem típica da política do esgoto. FRANCAMENTE!
Usar as redes sociais para propagar e disseminar o ódio, ridicularizar os mais pobres através de imagens ou textos, etc. Quem assim procede está cometendo crimes contra vários artigos da Constituição. Da mesma forma que a Polícia Federal já vasculha essas redes atrás de outros crimes comuns, como pedofilia por exemplo, já está passando da hora de pegarem esses canalhas também, que precisam ser desmascarados, denunciados e punidos. Porque não passam de uns cretinos ignorantes, quando consideram comunista por exemplo quem dá uma cesta básica a quem está com fome. RIDÍCULO! Cadeia neles já! Porque isso é crime, e eles costumam solicitar a quem lê, que disseminem, compartilhem aquela patifaria toda. Por essa razão é que as vezes fico triste, quando vejo gente que conheço, que sei que é gente boa, de boa-fé, que inadvertidamente, apenas porque não gosta do atual governo, se prestar ao papel de espalhar essas baboseiras, desses agentes da anti-política, que ficam a brincar de fascistas de ocasião.


domingo, 24 de janeiro de 2016

Reflexos da leitura de Jessé de Souza


Ignorar a história de um povo, de como se deu a sua origem e o processo de seu desenvolvimento, é a razão principal para o surgimento de clichês, de mitos e principalmente, o que é pior, o reforço de preconceitos contra esse mesmo povo. Daí a importância cada vez maior do estudo não só de História, como de todo o agregado de conhecimentos, que nos torne mais preparados, e melhor aparelhados para lidar com as diferenças étnicas e culturais existentes. Quando digo povo, me refiro a um segmento populacional determinado, um grupo de indivíduos agrupados sob uma identidade particular, uma classe social, ou um grupo de imigrantes de uma determinada nacionalidade. É sempre bom ressaltar, que pretendo fazer uso da linguagem do senso comum o máximo possível, porque o objetivo é alcançar um público maior, um público não especializado, mesmo quando trato de questões filosóficas em filósofos considerados difíceis, como é o caso de Hegel. Não me dirijo portanto aos especialistas seja em que assunto for. É bom ressaltar de início, para depois não ser acusado de simplista. Mas quando o objetivo é atingir um público mais amplo, é inevitável não ser simplista, porque tudo vale para tornar mais compreensíveis questões, que de outra forma só seriam compreendidas por um leitor mais especializado na matéria. Bem, dito isso, voltemos ao fio de nossa meada. Para quem transita e convive em ambiente de classe média, sabe muito bem como se dá a relação de poder entre os membros da classe média tradicional e os seus respectivos subalternos, ou seja os setores mais abaixo na escala social, que ultimamente alguns analistas sociais denominam de classe C, D ou E. Sabe também, como os membros dessa classe média padrão costuma ser cruel com os subalternos, a quem humilham cotidianamente e os submetem a todo o tipo de constrangimento (bullying). É claro que se fala aqui em âmbito geral, não se considera as exceções. Como já partem de uma condição privilegiada de classe, já de partida eles tem muito mais poder de barganha que todos os outros inferiores sociais, até mesmo o poder de convencimento e de persuasão. O que não impede, ou talvez por isso mesmo, que travem uma guerra de submissão constante contra quem consideram inferior, uma guerra psicológica terrível, que via de regra deixa sequelas e traumas definitivos em suas vítimas. E aqui, nesse caso, fica bem claro o papel de certa ideologia, como legitimadora de toda uma condição de mando. Quando primeiro naturaliza e em seguida justifica, o poder de opressão e até de exploração de uma classe sobre a outra, mesmo sendo o subalterno parte de uma imensa maioria numérica. Daí a minha bronca contra Nietzsche, porque a sua filosofia caiu como uma luva para aqueles , que buscavam uma teoria justificadora para as suas atrocidades e crueldades sociais. Sobretudo quando trata em sua obra da questão da relação do Senhor e do Escravo, pois, ao contrário de Hegel, ele não é nem um pouco dialético, e por essa razão aqueles papéis permanecem fixos no tempo, cristalizados, como se congelados estivessem e assim permanecerão para todo o sempre. Quem é Senhor agora assim o será para sempre, e o mesmo se pode dizer do escravo. Com isso o conflito gerado por essa relação não se equacionará jamais. Nietzsche chega a dizer que é da natureza de ser Senhor DOMINAR e mandar sempre, um Senhor sem poder não é Senhor. Seria uma tolice pensar algo diferente disso, que é assim que sempre foi e funcionou na realidade, e assim continuará sendo para sempre. Por esse motivo que afirmei atrás, que essa teoria caiu como uma luva, para quem já estava atrás de uma justificativa teórica legitimadora. Já Hegel, por outro lado, utiliza o método dialético em praticamente quase toda a sua obra, nenhum fenômeno é definitivo, tudo engendra a sua própria transformação ao longo do tempo em outra coisa, ou seja a sua própria negação daquilo que é agora, nada é definitivo portanto. Na célebre metáfora do Senhor e do Escravo, que discute na Fenomenologia do Espírito(Cap.IV-A), por admitir a possibilidade de mudança com o método dialético, consegue vislumbrar uma libertação do escravo através da ampliação da consciência obtida pelo trabalho. Porque o escravo através do trabalho obrigatório, consegue pensar em sua atividade, e dessa forma vai adquirindo mais consciência. Não podemos jamais esquecer que Hegel é o grande mestre do idealismo filosófico, isto é, que acredita no poder da consciência na transformação do homem e do mundo. Agora é um idealismo, que por utilizar o método dialético, supondo a possibilidade de mudança, deixa aberta uma janela para o avanço social, dinamiza o sistema, inclui o movimento, o que mais tarde vai permitir a Marx avançar ainda mais na compreensão de todo o sistema E com mais consciência, o caminho rumo a uma libertação da sua atual condição fica mais evidente. Agora preciso fazer outro parênteses, para dizer que o filósofo francês Jean-Paul Sartre também acreditava nessa coisa de se alcançar mais liberdade através da ampliação da consciência. O método dialético possibilita alterações dos dois lados da equação, dessa forma tanto o escravo como o senhor poderá inverter a sua posição. O que é visto com frequência na realidade social de algumas sociedades. A própria literatura ficcional está cheia de casos e exemplos de gente em situação de privilégio e mando, que fracassaram magistralmente na vida, embora não seja muito comum isso acontecer, são fatos raros, embora possível. Para concluir, preciso dizer ainda, que toda essa situação de submissão e opressão social e psicológica, leva os indivíduos dos estratos mais baixos, a ter terríveis problemas de baixa auto-estima, gerando falta de empoderamento, de pertencimento e por consequência quase nenhum reconhecimento social. O que acaba fazendo com que, os membros da camada mais oprimida, cheguem na época de competir no mercado de trabalho em condições bastante inferiorizada e em enorme desvantagem diante de adversários muito mais fortes e privilegiados. Numa condição que não se vislumbra nenhuma transformação a curto prazo, caso não se apresente soluções para minorar as condições de enormes desigualdades que ainda apresentamos em nossa sociedade. É uma luta, uma terrível luta, e uma luta em condições muito desvantajosa para os mais fracos do sistema, que precisam se reproduzir e sobreviver em condições tão adversas. E só conseguem reproduzir, quando conseguem, é esse sistema de desigualdade.

Obra referida:
"A tolice da inteligência brasileira" livro de Jessé de Souza, da LeYa, 2015.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Fotos do AP de Nova Friburgo

Fotos batidas no finalzinho de 2014 por Pedro Paz, por ocasião da última visita do companheiro e parceiro do amigo de muitos anos, Luis Capucho, postadas exatamente há um ano no Facebook, clicadas em meu apartamento do parque Caledônia, Cônego, Nova Friburgo/RJ. Apartamento que continua praticamente do mesmo jeito, muito gostoso no verão, e pode-se dizer o mesmo, também durante o inverno, por uma série de razões, dentre as quais devido a enorme quantidade de madeira com que foi construído e por causa da lareira, além da cortesia, cordialidade e calor humano, com que sempre recebo os amigos, nas raras oportunidades de visita de algum amigo de fora da cidade. O povo do Rio de Janeiro, refiro-me à capital, aos chamados cariocas, em sua grande maioria, só valoriza lugares de praia, coisa que já têm em abundância na cidade em que vivem, e por mais incrível que possa parecer, quando decidem sair do Rio nos fins de semanas e feriadões, procuram exatamente por lugares parecidos com aquilo que já tem em abundância no Rio, ou seja, mais praias. Dessa maneira, invadem as estradas, congestionam tudo, entopem tudo de carro nessas datas de folgas mais prolongadas, na ânsia de trocar uma praia por outra, vai entender uma coisa dessas?! Com isso, não são todos, é bom que se diga, acabam por desprezar lugares fantásticos e paradisíacos, como é o caso da região serrana do estado do Rio de Janeiro, uma das mais belas regiões do nosso país, onde ficam situadas cidades como Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, além de uma infinita quantidade de pequenas vilas e povoados cheios de charme e beleza, e também de alguns importantes parques nacionais, como o da Serra dos Órgãos e o Parque de Três Picos, com tudo que tem de direito, desde nascentes de rios, cachoeiras, lagos, etc., peculiar aos apreciadores do turismo de aventuras e rural, com esportes radicais, como a descida de corredeiras de rio em caiaques, circuito de jipeiros, etc. Além de todo um circuito gastronômico, com excelentes restaurantes de diferentes culinárias, sobretudo a da própria terra, a chamada comida caseira da região, uma delícia, e diversas outras atrações. Entendo mas não compreendo essa fissura dos cariocas por praia o tempo todo, porque sempre achei que tudo demais é muito. Curtir um queijo e vinhos com amigos, enquanto leva um bom papo em volta do foguinho da lareira, é muito gostoso e salutar. Adoro, mesmo sozinho, curto acender a lareira, ler um bom livro, um chocolate quente antes de deitar, etc. Na verdade Nova Friburgo é tudo de bom durante o ano inteiro. Bem, mas eu não deveria ser a melhor pessoa para afirmar isso, pois sou bastante suspeito, já que todo mundo sabe, que adoro esse cantinho da Serra fluminense. Saudações a todos os amigos queridos.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205637024387751&set=pcb.10205637067868838&type=3&theater

domingo, 17 de janeiro de 2016

Azeitando a máquina

Considero que comete um grave erro político, quem ainda hoje se presta a utilizar as redes sociais para pregar o fim dos programas sociais do governo federal, ou aqueles que apenas criticam e negam a eficácia desses programas visando também o mesmo objetivo dos outros, ou seja, o fim dos programas, seja que programa for. Porque esses programas vieram pra ficar, e ainda estão muito longe de pagar a enorme dívida social do Estado brasileiro para com os brasileiros mais pobres. Não cabe mais a nenhum governo de plantão ameaçar não cumprir com qualquer um deles, não se discute mais o mérito desses programas, a discussão do mérito já é página virada. Isso quer dizer, que qualquer governo que venha a ser formado no futuro, quando o atual governo encerrar o mandato no tempo certo, segundo a Constituição em 2018. O próximo governo que vier, seja de que partido for, terá o dever de dar sustentação à continuidade dos programas, em cumprimento às suas promessas de honrar e cumprir a Constituição em sua posse. Honrando e cumprindo também, a correta aplicação dos recursos públicos aplicados nos programas. Porque cada programa social de combate a desigualdade existente hoje, não é mais mera boa vontade política do governo "X", é obrigação de todo e qualquer governante, é dever do Estado, que o governante de plantão cumpre; seja que governo for. Não depende mais da boa vontade do ator político, MAS política de Estado, políticas que cumprem o que reza a Constituição Federal. Política de Estado tem que ser cumprida e ponto, não se discute mais o mérito. Dito isso, o que se precisa providenciar daqui para a frente, é melhorar e aperfeiçoar a máquina administrativa, azeitar melhor a máquina, aperfeiçoar o sistema de gestão, para maximizar a utilização dos recursos públicos aplicados em cada um desses programas. Com transparência em todas as contas, tudo disponível ao público. A questão principal agora é a gestão eficiente e eficaz, além também de muita fiscalização. Portanto aqueles que perdem o seu precioso tempo satanizando o programa A ou B, só estão perdendo tempo mesmo, porque não vai adiantar mais nenhum proselitismo do contra. O que se precisa fazer a partir de agora, é aumentar a vigilância e a fiscalização sobre a aplicação efetiva de cada programa social, para evitar abusos e eliminá-los quando descobertos. Como foi o caso recente, durante o primeiro ano do segundo mandato da presidente, que apurou abusos contra o Fiés e o Prouni. Quando se descobriu, por exemplo, dentre inúmeros outros episódios nefastos, que certos pastores, e outros picaretas, criaram, fundaram e abriram faculdades, valendo-se da legislação em vigor desses programas educacionais, usando o artifício de algumas brechas na legislação dos programas para se beneficiar de forma flagrante e clamorosa. Que, como uma espécie de parasita, armavam a sua tenda à sombra do programa, passando a sobreviver praticamente às custas dos recursos pecuniários do financiamento recebido pelos alunos, que programas como esses podiam oferecer. Então foi preciso se fazer toda uma reengenharia nos programas, e muita coisa precisou ser cortada, alguns procedimentos alterados visando evitar fraudes, o que acabou pondo fim a muita coisa errada e diversos abusos. Há quem diga que sempre existirá gente disposta a burlar, procurar se beneficiar do jeito mais fácil, com aplicação de golpes, etc. Agora cabe ao Estado também se organizar para interromper qualquer procedimento errado. É o caso, por exemplo, do artigo sobre o fechamento da faculdade de jornalismo criada por esse personagem, cujo nome aparece no link abaixo, que gosta de ser tratado por Missionário, e com letra maiúscula.
http://jornalggn.com.br/noticia/faculdade-de-rr-soares-fecha-as-portas-e-culpa-o-governo

sábado, 16 de janeiro de 2016

Vale tudo na lava a jato?

Durante a ditadura militar brasileira, principalmente no começo dela, quando ainda prevalecia a lógica da guerra fria e da bipolaridade mundial, entre de um lado o mundo soviético e do outro o mundo rico capitaneado pelos EUA. Como a nossa ditadura foi feita com o apoio logístico e militar do governo norte americano, que despejou aqui dezenas de milhares de dólares, para a criação de vários grupos de apoio ao golpe aqui dentro, a infiltração de espiões da Cia, o treinamento de militares superiores na famosa Escola das Américas no Panamá, incluído o treinamento em torturar com mais eficiência. Porque tudo valia para evitar que por aqui ocorresse algo semelhante ao que havia acontecido em Cuba, não queriam uma nova Cuba, muito menos em algo da dimensão do Brasil, um país imenso e continental. Como se sabe as coisas por aqui ficaram muito piores a partir de 1968 depois do sequestro do embaixador americano no Rio de Janeiro, e após a criação do AI-5, mas mesmo antes se prendeu muita gente, inclusive com muita gente torturada de forma indiscriminada. Era muito conhecida a técnica de obrigar o preso a falar, primeiro com o espancamento avassalador através dos agentes policiais, caso não desse resultado, era conhecida a estratégia de aterrorizar o preso com a presença de cobras venenosas e jacarés. Pois muito bem, nos dias de hoje, passados mais de trinta anos do fim da ditadura, sob a vigência da Constituição de 1988, que assegura o amplo estado de direito a todos os cidadãos brasileiros natos ou não, SABER que ainda existe órgãos de Estado, como é o caso da nossa Polícia Federal, que visando acelerar a confissão de alguns detentos, através do instrumento da delação premiada ou não, ESTÃO utilizando-se das mesmas técnicas de tortura da ditadura para intimidar e aterrorizar gente presa e ainda não condenada. Recentemente, por ocasião da transferência de dois presos, que estavam alojados na sede da Polícia Federal em Curitiba para um presídio comum, foi noticiado que na primeira noite passada na cadeia de presos comuns, aqueles dois empresários que estavam presos numa cela separada dos outros presos comuns, receberam de surpresa durante a noite a visita de uns oito presidiários comuns, que não tinham nada a ver com a lava a jato, que os aterrorizaram terrivelmente, fazendo todo o tipo de ameaça, e antes de deixar a cela ainda defecaram e urinaram por toda a cela. Esse tipo de prática é correta no estado de direito? Vale tudo agora, como valia na ditadura? É triste ver gente séria, que se ocupa com saúde mental, a dar apoio moral para esse tipo de prática em nosso país. Não! Claro que não.

Dúvidas no divã



Considero mais do que oportuno compartilhar o artigo a respeito do psicanalista Amílcar Lobo, com o link no pé da página, sobretudo agora, quando se vê certos psicanalistas virem à público através das redes sociais, no afã de combater o governo de plantão, assumirem abertamente bandeiras políticas da extrema direita. Como é o caso, por exemplo, do compartilhamento de textos/posts do deputado Jair Bolsonaro, ou quando expõem às claras ódio contra minorias, ao repudiar determinadas políticas públicas contra a exclusão social, como é o caso do programa "Bolsa Família", do programa de Cotas para negros e afrodescendentes, do Mais Médicos e todos os outros programas sociais e de políticas públicas de combate às desigualdades. Agora virou moda por exemplo se dizer nas redes sociais, que qualquer ditadura de direita é melhor do que o nosso país, até mesmo a ditadura do reino Saudita se tornou uma referência para alguns psicanalistas desgostosos com o governo brasileiro atual. Teve gente que abriu espumante caro aqui no Brasil, por ocasião da vitória eleitoral de Macri na Argentina, são os mesmos, que de vez em quando, batem panelas caras em varandas gourmet. Francamente. É certo também que ao longo da história não foram poucos os psicanalistas que colaboraram com regimes ditatoriais e de exceção da direita política, como foi o caso com vários exemplos na Alemanha de Hitler, e também no Brasil da ditadura de 1964, com o rumoroso caso Amilcar Lobo. Agora, é muito duro e triste ver um profissional de saúde mental, expor abertamente posições de intolerância política através de crenças de extrema direita, não que não seja legítimo qualquer profissional ter qualquer posição político ideológica, mas quando as expõe publicamente, fica um tanto quanto contraditório com o ofício de profissional de saúde mental. Seria como justificar o injustificável, ou defender privilégios de uma minoria econômica mais do que já privilegiada e de todo o status quo. Fico a me perguntar como fica a situação dos pacientes desses profissionais, que se dizem psicanalistas, ao ver o que esses mesmos profissionais de saúde mental estão a compartilhar nas redes sociais, e tem muita coisa compartilhada por esses profissionais que são bem escabrosas, até mesmo arrepiantes, principalmente para quem vive num país terrivelmente desigual como o Brasil. Qual a legitimidade profissional de quem se ocupa com saúde mental, expor e compartilhar diariamente tanto ódio de classe nas redes sociais? Não seria mais conveniente, que o tal profissional de saúde mental, procurasse ajuda médica de algum colega, ou até mesma a ajuda de uma supervisão, para tratar de tal distúrbio, ou do ódio exalado cotidianamente na internet? O mínimo que se espera de um profissional de saúde mental é uma certa reserva da sua vida pública, e também de algum equilíbrio psíquico, pelo menos, quando se manifesta publicamente.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Soberba viciante


Fernando gosta de dizer, o que por sua vez já é uma justificativa, que faz análise, porque julga que ainda precisa se sentir mais fortalecido, precisa de mais empoderamento, para só assim poder enfrentar o mundo e os outros com mais bagagem emocional, e aí sim, ter mais chances de obter êxito, mais vitórias que derrotas. E já dizia isso, quando o conheci há mais de duas décadas atrás, no finalzinho dos anos oitenta. É claro, que de lá pra cá, já mudou de analista não sei quantas vezes, e só agora com o último, é que adquiriu uma certa estabilidade, pois já dura uns oito anos.
Apesar de tudo, não se consegue ver até onde a vista alcança, nenhum final no processo analítico de Fernando. Quase nenhuma possibilidade de alta, pelo contrário, continua cada vez mais entusiasmado, a ponto de continuar fazendo de vez em quando, certo proselitismo psicanalítico, ao recomendar o tratamento a quase todo mundo, que conhece, sobretudo àqueles de quem se aproxima de forma mais íntima. Teve uma época, que falar a respeito de psicanálise, era uma espécie de gancho, que precisava, para se aproximar de alguma jovem interessante. Segundo o próprio, essa foi a estratégia principal, para abordar mulher durante um certo período da sua vida, até quando parou de funcionar, não dando mais os resultados esperados, o que o fez abandonar por completo tal ferramenta.
Mas ainda não é difícil, vez ou outra, encontrá-lo falando a respeito com desconhecidos e estranhas principalmente. Quando o assunto é psicanálise, ele gosta de dizer, que ainda está muito longe de atingir o objetivo proposto no começo do tratamento, que o mundo ficou muito mais difícil e violento, que é cada vez mais difícil se adaptar a tudo sem o socorro da psicanálise. Diante do que, fico a me indagar, qual seria a razão de tudo isso? Dependência, vício, uma escora ou apoio que não liberta e que só cria cada vez mais dependência? Se for vício, seria vício em quê?
Lembro que no começo do tratamento a demanda era por mais poder, precisava se sentir mais forte, para poder enfrentar um mundo adverso e cruel. De lá pra cá, é possível, que tenha conseguido adquirir o tal empoderamento, que tanto queria, certamente que o tenha obtido, pelo menos em parte, senão já teria abandonado o tratamento, já que tinha tanta clareza do que queria alcançar. Seria vício em poder, em ter a posse de mais poder? Como alguém que precisa do poder, para na pior das hipóteses, pelo menos poder se sentir mais perto do poder em último caso. Como ama o poder, que é o que mais deseja possuir hoje em dia, numa escala de valor em que o poder estaria numa posição mais vantajosa, até mesmo superior ao próprio dinheiro físico e materialmente falando. Costuma dizer que o dinheiro é consequência de mais poder alcançado. E como ele acredita que o mundo é uma espécie de guerra eterna de todos contra todos, que só sobrevive mesmo os mais fortes, a demanda por mais poder, é uma demanda também constante e eterna, porque não dizer infinita, segundo palavras do próprio. E como ele não considera aquela demanda um vício, de forma alguma, tudo leva a crer, que tudo aquilo que o mantém ligado e em busca de, continuará a persistir por muito tempo ainda. Sempre em busca do Poder, de mais poder, até não poder mais.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cabeça dura

Pobreza e maluquice

Acho que Augusto tem uma cabeça maluca, uma espécie de maluco beleza, muito longe da loucura insana dos manicômios, longe portanto do maluco que perdeu a viagem completamente. Mas ainda assim maluco, na medida que abriu mão totalmente de qualquer projeto de vida, uma meta, um objetivo, um sonho ou qualquer coisa que se tenha vontade de realizar. Vive apenas para o que a vida vier a possibilitar na hora, ele acredita nisso, acredita que aquilo que chama de vida, pode enviar coisas para os humanos. Vive portanto entregue aos sabores e humores do presente, ou daquilo que gosta de dizer com frequência: "do aqui e do agora", seja este qual for, bom ou ruim. Pode-se dizer, que por ter escolhido viver dessa maneira, já esteja pagando o preço, coisa que vem pagando há muito tempo. Tudo leva a crer, que se foi uma escolha deliberada, toda a situação de dificuldades, pelas quais, vez ou outra, vem passando, deverá continuar.  Toda essa estória irá continuar e ainda vai longe, bem longe, para desespero de alguns de seus amigos mais fiéis. Como não se vê nenhuma possibilidade de mudança, continuará a não ter projetos, nem nada parecido. Quando ouve qualquer coisa similar a cobranças do tipo, fica muito chateado, e sua reação é dizer e repetir, que não quer ficar a mercê de encucações. Como se o simples fato de pensar e refletir, fosse capaz de levar alguém ao sofrimento, deveria ser o contrário, usar o pensamento para evitar os erros. Portanto, é completamente falso pensar dessa forma, coisa que Augusto não chega a perceber, o que torna tudo muito mais difícil. Pelo exposto acima, continuo bastante cético sobre a possibilidade de mudança. É claro que um sujeito, que está mais preocupado com o hoje, para quem a prioridade essencial é encontrar algo para forrar o estômago. Que para alcançar esse objetivo vai precisar utilizar de toda sua força, física e mental. Será esse então o seu foco principal daqui por diante, de tal sorte, que quase não restará mais energia para divagações de qualquer tipo. Portanto, quem assim vive, não pode ter projeto, nem pensar sobre o dia de amanhã. O que poderia parecer um luxo, um desperdício de tempo, ou até mesmo uma coisa supérflua. Confesso que foi pensando em Augusto, e em todos os seus problemas e no seu estilo de vida, que passei a dar maior atenção e valor aos programas sociais e as políticas públicas de transferências de renda para os mais pobres, com o foco na redução das desigualdades. Para que a curto e médio prazo, os mais carentes ao conseguir equacionar a questão alimentar, possam também desempenhar um papel de maior protagonismo social, protagonismo na tomada de decisão sobre os rumos a tomar na vida, e que cheguem a elaborar os seus próprios projetos de vida, em busca de um futuro melhor. Só agora me dei conta, do curioso de tudo que acabei de narrar, porque na verdade só queria esclarecer a maluquice de Augusto, sobretudo distingui-la da loucura insana de Lauro, outro amigo comum, loucura de tal ordem, que acabou por arrastá-lo literalmente para as ruas, onde acabou por se estabelecer e transformar-se num autêntico morador de rua, hoje em dia mais um mendigo fedorento que se vê por aí, como tantos outros. Já Augusto, pelo contrário, continua inseridíssimo no sistema, embora continue na informalidade como autônomo, prestador de pequenos serviços, uma espécie de biscateiro. Cada dia que passa, ao acordar sabe, que precisa enfrentar mais uma jornada em busca de conseguir o pão de cada dia, uma aventura penosa, as vezes consegue obter o suficiente, em outras nem tanto, e assim segue na labuta. Acho que a loucura de Augusto encontrou uma brecha para se instalar exatamente na interseção, naquela zona entre o totalmente inserido e o porra louca, o maluco beleza, que ainda carrega em si. O inserido dele permanece, pelo fato de ter conseguido manter um pequeno sítio num lugar legal. O fato de ter uma casa para chamar de sua, é de uma importância fundamental, principalmente para quem leva uma vida instável e insegura em tantos e variados aspectos. Talvez o sítio seja o pé, que o mantém materialmente inserido no sistema e na própria realidade factual, o que possibilita uma leve aparência de normalidade aos olhos dos outros. Isso me lembra o ditado: "que de fora todo mundo é normal"; ou daquele outro, já invertendo totalmente o sentido, que: "de perto ninguém é normal". E segundo diz um outro velho ditado de que "o uso do cachimbo faz a boca torta". Por ter que correr tanto atrás do sustento diário no aqui e agora, acaba não sobrando quase nenhum tempo a mais para o sonho, para as idealizações factíveis ou não, para um novo projeto de vida, para quem sabe encontrar um plano B alternativo. E a consequência por ter permanecido tanto tempo sem oportunidade de alcançar protagonismo mental, de poder dispor da mente para mais divagações, de poder ficar a imaginar coisas, que seria capaz de usar a mente como ferramenta de auxílio, para desenvolver e arquitetar planos, que melhore a própria vida, torná-la menos instável e insegura, com mais tempo para o prazer e a criatividade, para aproveitar as inúmeras oportunidades e chances, que a própria vida proporciona. Portanto, se não consegue ter essa vivência mental, toda essa experiência imaginária e simbólica, acaba por se tornar um jogador imediatista, já que praticamente não precisa mais da mente para realizar as suas tarefas. E aqui concluo,  abrindo um parêntese final para inserir uma fala, uma pequena declaração de Augusto em forma de desabafo, feita recentemente em off pelo próprio: "Ah! Me jogo de cabeça mesmo, e tudo bem! Vivo o presente, ou seja, vivo o momento do aqui e o do agora. Logo não preciso da mente para viver, a mente virou um acessório que posso usar ou não, e usar ao meu bel prazer, quando for conveniente. E então retorno aos meus impulsos cotidianos sejam eles quais forem, digestivos ou sexuais, são esses impulsos, que me comandam, que me governam, que me movem, e eu adoro que seja assim, acho ótimo, porque não gostaria nem um pouco de correr o risco de baixar o meu astral, se me pusesse a pensar sobre a vida. Sei que do mesmo jeito que fico num perrengue danado de vez em quando, tudo também pode mudar de uma hora para outra, como acontece quando pinta uma grana de um trabalho qualquer e eu não me faço de rogado e gasto tudo num belo jantar num japonês incrível. Acho ótimo e não me arrependo nem um pouco depois, não tem essa de arrependimento, não sinto culpa por nada, vivo o presente e ponto final."

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Estado versus Mercado

Em seu último livro: "A tolice da inteligência brasileira" da LeYa Editora, o sociólogo Jessé de Souza atual presidente do IPEA, indaga abismado (para não dizer indignado), porque a elite culta brasileira demoniza tanto o Estado brasileiro, que acusam de ter sido apropriado e corrompido ao longo do tempo pelas elites econômicas através do chamado patrimonialismo, e não dá o mesmo tratamento nem procede da mesma forma, quando se referem ao (deus) mercado. Ora, se são os mesmos atores e agentes econômicos, por que são corruptos apenas quando operam no Estado nacional e quase nunca se denuncia nada em relação a atuação dos mesmos agentes quando atuam no próprio mercado? Quem sabe agora com o andamento da operação Lava Jato, tudo isso venha a ser desmentido e se possa ser desmitificadas e reestudadas décadas de estudos sociais brasileiros, estudos de autores carimbados e consagrados ao longo de todos esses anos, que são verdadeiros cânones na academia e estudados ainda hoje nos cursos universitários, como é o caso segundo Jessé de Souza, de gente do peso de um Gilberto Freyre, Sérgio Buarque e Raymundo Faoro por exemplo, além de muitos outros. É claro, que não se pode dizer que tudo seja fruto apenas de um colonialismo cultural e intelectual de nossas principais cabeças teóricas, quando se importa as idéias dominantes de fora, sem adaptar a visão do colonizado às condições específicas do próprio ambiente cultural do colonizado, e não pela ótica exclusiva do colonizador, ou da maneira como somos vistos de fora. O que gera uma tremenda distorção de visão e perspectiva. Além disso tem toda uma necessidade de nossas principais mentes, de justificar e legitimar toda uma ordem(ou desordem) econômica, produtora de profundas desigualdades sociais, que herdamos do período escravocrata e que ainda permanece em larga escala na maior parte do país. Justificar e legitimar através do discurso ideológico que passa através de todo um corpo teórico pseudo científico, que muitas vezes reflete muito mais o senso comum do que o conhecimento científico da realidade. Com essas considerações fica evidente a falácia de se achar que o Mercado é a solução para tudo, e que portanto se tem mais é que reduzir o tamanho do Estado cada vez mais, o que é uma bandeira da ideologia do liberalismo econômico atual, o chamado neo-liberalismo que prega também a desregulação cada vez maior do capital financeiro, que foi o principal fator que inclusive levou o mundo à crise do capitalismo financeiro de 2008, crise essa que continua refletindo e repercutindo no mundo até agora. Fala-se de uma forma, que deixa a impressão que a partir do momento, que atendendo aos reclamos do mercado, se conseguir deixar quase tudo entregue aos caprichos do mercado, tudo será ótimo e não se terá mais corrupção. Nada mais falso e falacioso, é só olhar o que aconteceu por aqui durante a ocasião da privatização de nossas empresas estatais durante o governo de FHC nos anos noventa. Quem tem algum discernimento assistiu e compreendeu como se deu todo aquele processo de privatização ocorrido durante os dois governos de FHC, com toda a corrupção que rolou solta na venda de ativos públicos, inclusive com a cessão de bens públicos para certos amigos adquirirem aqueles bens com financiamentos também públicos via BNDES e por preços irrisórios. Bem, mas tudo isso é considerado hoje águas passadas, não é mais oportuno nem relevante se tocar nesse tipo de assunto para uma certa imprensa. E enquanto isso, se continua dando cada vez mais um VIVA ao deus Mercado.