domingo, 28 de abril de 2019

Sobre a demanda por autocrítica de Lula

Considero muito curiosa a tenaz demanda por autocrítica de Lula e do PT por parte de certos jornalistas, e as vezes, chego a me irritar diante desse tipo de pressão da mídia contra Lula. O que me faz indagar, o que leva uma pessoa a cobrar autocrítica de uma vítima da injustiça, e no entanto não cobrar nada dos seus algozes. Numa comparação um tanto exagerada, seria como espancar um pedestre, que acabou de sofrer um atropelamento lesivo na rua, e liberar o motorista atropelador. Mesmo depois da revelação de tantos documentos pelo Wikileaks, mostrando o envolvimento do Departamento de Justiça dos EUA, CIA, NSA, State Dept., etc. Do treinamento de tantos agentes públicos brasileiros e de outros países latino-americanos nos EUA, na preparação de um futuro Lawfare e guerra híbrida contra esses mesmos países. É sempre bom lembrar, que a estratégia agora mudou, nos anos 60 os agentes públicos, que recebiam treinamento nos EUA, como um pré-vestibular preparatório para futuros golpes de estado eram todos militares. Quem não se lembra da antiga Escola das Américas. Não é possível mais, que ainda se possa continuar agindo com tamanha ingenuidade em relação a certas questões geopolíticas, diante de tanta informação disponível. Será ingenuidade, burrice ou má-fé? O Brasil sofreu um ataque, que continua em curso, que através de parte do poder judiciário, ministério público e Congresso, teve uma presidente afastada sem crime de responsabilidade, teve quase todas as suas principais empreiteiras dizimadas. Edward Snowden revelou ao mundo em junho de 2013 num quarto de hotel em Hong Kong, a espionagem contra Dilma Roussef e contra a Petrobrás, e a partir daí, se viu todo o desdobramento, que essa espionagem causou ao país. Conforme Lula diz na entrevista dada ao El país na sexta 26/04, o golpe no Brasil não teria sido concluído sem a sua prisão. O objetivo do império sempre foi afastar o PT do poder, porque era o óbice contra o apetite deles pelo pré-sal brasileiro. Então para quê ficar na demanda por autocrítica de Lula ou do PT, quando os mesmos e o país, são vítimas do jogo político internacional, com a participação de setores internos, empresariais, midiáticos, políticos e judiciais evidentemente? É inacreditável assistir jornalistas pedindo autocrítica de Lula, como foi o caso da jornalista Mônica Bergamo na entrevista de sexta feira, com tanta coisa relevante a respeito do país, para ser perguntado. A demanda por autocrítica supõe atribuir ao acusado uma parcela de culpa na falsa acusação, de que é vítima e perseguido político, o que não deixa de ser uma ponta de maldade por parte de quem faz a pergunta. Imperdoável!

As ameaças contra o ensino de filosofia

O governo Bozzo ameaça acabar, de forma definitiva, com todos os cursos de graduação e licenciatura nas áreas de Filosofia e Ciências Sociais nas universidades públicas federais, justo no momento onde alguns personagens saindo das sombras da política, volta e meia, vem a público manifestar desapreço, e questionar sobre a importância de tais cursos. Sem querer ser paranoico, até parece uma coisa planejada. Alguns chegam a dizer, que esses cursos de Filosofia não servem para nada, não tem importância e, raciocinando pela lógica do mercado financeiro, não dão lucro para ninguém. Ora se é assim, que a filosofia não serve para nada, se não tem mais importância, então porque todos esses ataques e ameaças? Por que desejar por um fim, terminar, extinguir, acabar e destruir com os cursos de filosofia, e assim acabar com o ensino em definitivo? Se essas disciplinas sofrem tantos ataques é porque importam de alguma maneira, estão incomodando os poderosos de plantão, não é mesmo? Tornam-se, pelas suas especificidades e peculiaridades, uma espécie de arma adversa e do contra, como uma má consciência de algum pensamento único ou algum regime político sem pensamento, que tenta se impor pela força de mentiras, e está querendo se tornar hegemônico, ou quem sabe, na melhor da hipóteses, seja a velha luta de classes na teoria. Então, é claro e evidente, que o ensino de filosofia tem importância. O exercício da filosofia, proporcionada pelo seu ensino, ou seja, a prática do pensamento livre, sem medo e sem amarras; portanto, o exercício da reflexão, do por em questão situações dadas e fenômenos da realidade, acabam, como práticas, se tornando muito indesejáveis para certos governantes truculentos e autoritários. Governantes que não sabem e não querem jamais ter que lidar com o contraditório. Acontece, que não adianta impedir pela força quem professa determinada teoria filosófica, ou queimar certos livros, achando com isso, que agindo dessa forma, exterminarão por completo com uma teoria maldita e fora da ordem do momento político representado por algum tirano. Não adianta nada disso, porque não surtirá o menor efeito, como já foi visto inúmeras vezes na história. Certamente o surgimento de uma teoria filosófica, apenas espelha e expressa no plano teórico, uma visão cognitiva da própria realidade factual. Não é exterminando com o ensino de teorias e de seus tratados, ensaios e livros, que estará se livrando do problema, da pedrinha no calcanhar do déspota de plantão. Quando sabemos muito bem, que o problema, quando existente, encontra-se na própria realidade, que não se deseja mudar ou alterar, para continuar mantendo os mesmos privilégios seculares para poucos. E não se deseja mudar, porque a república ainda não é uma verdadeira 'res publica'.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Quem paga o pato?

Por mais incrível, que ainda possa parecer, existe por aí um tipo de apoiador de Bolsonaro, anti-petista até a medula, que ainda acredita que a corrupção foi inventada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), sobretudo pela sua ala lulista. Então para eles todo petista lulista, porque fazem questão de estabelecer essa distinção, pelo ódio que devotam ao Lula e a todo aquele que lhe é próximo ou simpatizante, tem má formação de caráter, pode cometer a qualquer momento algum delito, e que portanto, não são confiáveis. Tal foi a forma como esses apoiadores do Bozzo tiveram a cabeça feita pelos teóricos, ideólogos, articuladores e formadores de opinião da onda chamada de criminalização da política, onde todo político é ladrão, principalmente se for do PT. Um chavão similar àquele outro que diz: "bandido bom é bandido morto". Durante toda a campanha do golpe contra Dilma, e mesmo depois, durante o governo Temer, e até mesmo durante a última campanha política eleitoral, essa ladainha da demonização do PT e criminalização da política foi amplamente repetida e disseminada pelas redes sociais e grande mídia 'ad nauseum'. Além disso, alguns desses apoiadores do Coizo, não sentem o menor constrangimento de ainda ostentar nos para-brisas dos carros um adesivo pró-Bolsonaro, mesmo depois de quatro meses de seu líder estar a fazer um governo pífio, que afunda a cada dia, e afunda junto o país e seu povo, com o aumento exponencial do desemprego, o aumento no número dos moradores sem-teto, e outras mazelas mais. Os apoiadores do Bozzo são incapazes de qualquer autocrítica desse estapafúrdio apoio político para um líder incapaz, incompetente, que demonstra não ter a menor capacidade de estar à frente do governo de um país da dimensão do Brasil, e quem sabe nem mesmo do condomínio do prédio onde mora. Parece que nada disso importa para esse tipo de apoiador fanatizado, já que prefere tudo na vida menos o Lula, o PT ou qualquer projeto político do chamado campo popular. Consideram que tudo, que saia do campo político da direita brasileira, isto é, conservador nos costumes e liberal na economia, é comunismo. Nada para a gentalha, ou seja, nada para o povão, é o lema favorito deles. Costumam dizer, que já estavam fartos de ver tantos pobres nos aeroportos, a comer com a boca aberta e malvestidos. Portanto, em sua maioria, esses apoiadores fazem parte de uma galera de torcedores políticos, que não se movem para o centro político em nenhuma hipótese, estão com Bolsonaro e não abrem, e não adianta ninguém argumentar ou chamar para o debate de ideias, se recusam a ouvir. Não estão abertos para nenhum debate, diálogo, conversa ou colóquio. Quando pensei em falar algo sobre essa gente, fiquei matutando sobre como nomeá-los. Sei que poderia chama-los por vários nomes, como por exemplo, coxinhas, paneleiros, conservadores, reacionários, direitistas, ultradireitistas, sectário de direita, e até mesmo, fascistas, por que não? Quem sabe até chamá-los de nazistas. Nada disso surtiria o menor efeito, receberiam como xingamento, que na pior hipótese devolveriam em forma de insulto. Enfim, fazer o que?