segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A democracia está indo embora?

Dep. Paulo Teixeira

Quando li a manchete com a frase do deputado federal Paulo Teixeira: "Não cogitem candidatura que a PF pede busca e apreensão", me convenci mais ainda, que os golpistas estão indo com tudo ao ataque contra os direitos da maioria do povo brasileiro, eles não tem teoricamente muito tempo. Então, tal qual um trator turbinado, estão passando por cima do que ainda resta do estado, com força e muita velocidade. É claro, que não fazem o que fazem, sem ter as costas quente, como se costuma dizer na gíria, para ousarem tanto e escancararem tanto o desmonte do Estado brasileiro, como estão a fazer. Além da escandalosa e implacável perseguição contra o presidente Lula, contra o PT e também contra todas as suas principais lideranças. E, por outro lado, toda a população está assistindo, que os acusados do campo golpista, estão todos bem tranquilos, blindados e protegidos, pela mídia oligárquica, estão bastante confortáveis no papel de acusado ou denunciado por corrupção, a usufruir os bens adquiridos de forma duvidosa ou não, ninguém se mete com eles. O mesmo judiciário, que se faz de idiota, quando o assunto atinge alguém do campo político golpista, ou seja, atinge algum corrupto do golpe, vamos dizer assim, e não são poucos, tenho até um texto a respeito no blog: "meu corrupto é melhor que o seu". Contra o grupo político do chamado campo popular, a perseguição do judiciário é escancarada. Judiciário sempre convocado e utilizado visando atingir determinados fins políticos, portanto completamente fora de sua finalidade constitucional, se constituindo assim, numa forma sub-reptícia de atuação judicial, numa forma corrupta de agir, um desvio de função e de objetivo, poderiam, no mínimo, ser acusados de falta de ética profissional. O que a cada dia se caracteriza mais, a redução acelerada da democracia entre nós, cada vez mais esse nó democrático vai se esgarçando, desaparecendo. Tá quase uma ditadura na prática, na vida do dia a dia, não existe mais estado de direito, nem tampouco o contraditório nos principais veículos da mídia hegemônica, é o discurso único de apoio ao golpismo, no ataque que é feito contra o patrimônio público nacional, pela venda de tudo, a entrega de tudo que é nosso, e porrada na oposição o tempo todo, praticando uma radical intolerância contra o maior partido da oposição, o PT. Daqui a pouco, se ninguém fizer nada, não houver reação nenhuma, ninguém protestar mais, denunciar, corre-se o sério risco da volta da ditadura, uma ditadura de fato, com censura e tudo, o risco é grande, a democracia já está meio moribunda.
Para ler

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A condenação de dona Marisa


Deu água no barco

Os desembargadores e juízes de Porto Alegre no TRF-4, o mesmo tribunal que ratificou por 3X0, a condenação feita pelo juiz Sérgio Moro na primeira instância em Curitiba, que aumentou a condenação, condenou Lula sem materialidade comprovada do crime, como alguém ser condenado por homicídio, mesmo sem a presença do corpo da vítima. Os desembargadores e juízes de Porto Alegre, que condenaram Lula a mais de doze anos de prisão, donos e senhores do auxílio moradia, que, ao mesmo tempo que o pleiteiam, o aprovam em causa própria, dando-se benefícios, vantagens, gratificações, auxílios e outras regalias, que são verdadeiros privilégios, diante da situação de outras categorias do serviço público, mais privilégios para quem já é mais do que privilegiado, considerando o padrão de vida e renda dos demais brasileiros. Conselheiros e consultores da elite dominante, das oligarquias e da Casa Grande, continuam com a sanha obsessiva e persecutória contra a família Lula, seja a que preço for, comportam-se como se tivesse valendo quase tudo. O curioso, é que, tudo leva a crer, a intenção não é mais, nem poderia ser, apenas punitiva, ou seja, punição contra a pessoa do réu, com uma pena que provoque sofrimento no corpo do acusado, que deixe marcas, como os malefícios de uma desmoralização pública, por exemplo, poderiam trazer, tornando dona Marisa quase uma Geni. Joga pedra na Geni! O que, em hipótese alguma, pode  mais acontecer, porque a mulher está morta. O que querem então? Manchar a imagem, escrachar, esculachar,  esculhambar, enfim tripudiar em cima do cadáver de dona Marisa, e de tudo aquilo que estiver associado à memória dela. A condenação enquanto mensagem tem alvo e endereço certo, ou seja, o projeto político adversário, o projeto que esteve à frente do governo central até recentemente. Se esse for realmente o objetivo, como tudo leva a crer que sim, teoricamente o judiciário estará fugindo completamente da finalidade da punição judicial. Desse jeito, fica cada vez mais claro e caracterizado, o grau de politização do judiciário brasileiro. Como se contaminou e se sujou com a politicagem! Judiciário que não se confunde  jamais  com justiça, que pelo que tem vindo à tona até o momento, já se pode afirmar, sem medo de errar, ser uma instituição corrupta, um braço do golpe, elemento substancial na sustentação desse governo golpista criminoso, que tomou de assalto o poder de Estado. Apesar de todo o grau de terror, que falar disso suscita, provoca e revela, também tem o lado hilário da história. Os mentores desses juízes golpistas, quando tiveram a ideia de usar o judiciário, para atingir objetivos políticos espúrios, deliberadamente contando em legitimar procedimentos não democráticos, já que aparentemente estariam fazendo tudo dentro da lei. Jamais imaginaram, não deve ter passado pela cabeça dos mentores do golpe, que ainda poderiam se surpreender, não pensaram, que alguns juízes cooptados e aliciados  de vários países sul-americanos, como o nosso, fosse se desmoralizar tanto, de tal sorte, que poderiam vir adiante colocar em risco, e acabar arruinando por completo, todo o projeto neoliberal de poder. O rombo é grande e já ameaça fazer água, o povo começa a perceber.
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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Onde o Brasil de fato começou


Venho notando, com certa constância, que muita gente prefere enaltecer e valorizar mais os estados da região sul do Brasil, o que atribuo a várias razões e motivos, mas destaco em especial, a presença mais forte do colonizador europeu não português na região, como italianos, poloneses, alemães e outros, e também por ser uma região mais rica e próspera economicamente em relação ao restante do país de modo geral, quando se observa índices de desenvolvimento humano, etc. O que em parte revela, mostra de forma escancarada, a mentalidade de quem pensa dessa maneira, ou seja, não valorizar jamais o que é genuinamente brasileiro e nacional. Já estamos fartos de ver e observar esse tipo de manifestação e comportamento por parte de tantos brasileiros, que só valorizam o que vem de fora. De que “santo de casa não faz milagres!” De que o território brasileiro é maravilhoso, mas como Deus colocou aqui um povinho ordinário e chinfrim, não se consegue avançar jamais, de não ir para a frente nunca. Além de outras expressões do mesmo nível. Quanta bobagem! Por isso prefiro deixar ao critério dos especialistas, que os cientistas sociais encontrem a melhor explicação para o fenômeno. Enquanto isso, compartilho um pouco da história do país, disponibilizando o presente vídeo, que conta um pouco da história do centro histórico da antiga cidade de Paraíba do Norte, a terceira mais antiga do Brasil, por onde o nosso país de fato se iniciou. A ocupação do território teve início no que hoje conhecemos como nordeste, e que antes era denominado Norte. E teve início pelo norte, por várias motivos, mas principalmente, a se considerar, que a ocupação do território brasileiro nos primórdios da colonização, ocorreu numa época de enorme precariedade na mobilidade,  na locomoção e nos meios de transportes em geral. Por essa razão, a proximidade maior com a matriz europeia, com a coroa portuguesa, era levada muito em conta e consideração, por isso se priorizou inicialmente a ocupação pela região, que atendia melhor o quesito proximidade com a Europa. E aí o norte era imbatível. Norte porque a ideia de nordeste, só vai aparecer, bem mais recentemente, apenas a partir de 1910, portanto já no século vinte. Foi por essa razão, ou seja, a proximidade maior com a Europa, que cidades como Salvador, Recife e a atual João Pessoa, antiga Paraíba do Norte, que inicialmente recebeu o nome de Filipéia, para homenagear o rei Felipe II da Espanha, de quem havíamos nos tornado colônia com o desaparecimento do jovem rei português Dom Sebastião numa expedição ao Marrocos em 1580, ou de Frederica durante o período de ocupação holandesa da região no século XVII. A cidade já foi fundada como cidade, e não como vila, como era muito comum naquele tempo, e ocorreu no dia de Nossa Senhora da Neves, em 5 de agosto de 1585. Foram cidades que prosperaram muito no início da colonização, com o negócio do açúcar, que durou praticamente durante todo o período colonial até mais ou menos, o final do século XIX, quando entraram em decadência econômica e política. Hoje esbanjam história, e como têm história para contar, e ainda para ser pesquisada. Assistam ao vídeo, para conferir um pouco dessa história, que é parte de nossa história, da história de nosso país, uma história genuinamente brasileira, uma história sem sotaques ou estrangeirismos metido a besta. História de uma região onde o Brasil descobre a sua própria cara.


Xenofobia fruto maduro do elitismo

Não é difícil imaginar, que é mais fácil para os de baixo, para quem procede e teve a origem advinda dos campos mais humildes da hierarquia social, como é mais fácil conhecer, os terríveis efeitos e consequências dos males, que fazem certos preconceitos, males que deixam marcas, deixam traumas, que não se apagam, marcas indeléveis, que deixam feridas profundas na alma de todas as suas vítimas. Preconceitos que circulam na teia social, em grande medida frutos do elitismo de alguns, de uma gente que nasceu em berço esplêndido, podendo contar com vantagens sociais e privilégios, desde que nasceram. Contando com bens, serviços e oportunidades, que dão-lhes uma vantagem enorme vis-à-vis os de baixo, uma coisa desigual de privilégios, de tal modo, já naturalizados na cabeça de todos, que fica difícil perceber, que nem todos os outros habitantes da mesma cidade vivem nas mesmas condições de temperatura e pressão. Julgam os de baixo com a mesma fita métrica, que medem a si mesmos, como se estivessem olhando-se no espelho. O que deixa visível, como o privilegiado ainda não entendeu as diferenças de oportunidades entre um grupo e outro, o que escancara, deixa um enorme flanco aberto, para a entrada dos mais perversos preconceitos sociais estigmatizadores. Preconceitos terríveis, que quando ativados são verdadeiros obuses, devastadores contra suas vítimas, quase um atentado, um assassinato da cidadania da vítima, além de provocar profunda baixa autoestima, e de outros terríveis malefícios definitivos em suas vítimas. Nota-se que tais preconceitos sociais manifestados hoje em toda parte, e por todo lado, através de diferentes meios e veículos. Não surpreende mais encontra-lo, até mesmo da parte de gente, que teoricamente já deveriam tê-los superado há muito tempo, já que encontram-se no campo popular, da chamada esquerda política. Mas quando certos valores estão mais arraigados na mente, fica difícil se livrar deles sem algum esforço, mesmo sendo de esquerda, para quem vem dos estratos mais privilegiados da sociedade. Daí os julgamentos públicos manifestos,  que emergem vez ou outra, a condenar e acusar o povo brasileiro disso e daquilo, por várias razões e motivos, desde ser um povo passivo, de não ter reagido ainda contra os golpistas, não ter ido às ruas ainda como deveriam, até por não protestar mais, etc. Então no fundo, no fundo, estão a condenar o povo brasileiro, como um povo fraco e inferior, de ser um povo com complexo de vira-lata, como sempre fez e faz, o tempo todo, a pequena burguesia nacional mais conservadora e de direita. Questiono, em que medida, julgar e condenar o povo brasileiro, como tem sido feito, na prática irá ajudar ou trazer algum benefício, para esse mesmo povo, por sua vez, tão massacrado pela vida dura que foi condenado a levar, com poucas chances e oportunidades, quase a sina do escravo, sem saída, espoliado, explorado e condenado, ao longo de toda a história, por uma elite, que não se reconhece neles. Claro, que não ajuda em nada.

Qualquer forma de protesto vale a pena



Depois do show da escola de samba Paraíso do Tuiuti na passarela do samba domingo passado no Rio, que além do protesto político legítimo contra o escravismo, fez também um carnaval maravilhoso, com um desfile perfeito e empolgante, levando toda a audiência a cantar o samba junto com os componentes da escola, emocionando a todos, que assistiam o desfile através de outras mídias ao redor do mundo. Considerando o deserto midiático, que se tornou a mídia brasileira, quando o assunto é o interesse do povo e dos seus representantes políticos ou não, com toda a grande mídia em mãos dos interesses golpistas, o chamado campo popular ficou praticamente invisível aos olhos do grande público. A grande imprensa não informa ou notifica nada, que fuja da linha editorial previamente programada aliada aos golpistas e a sua narrativa conservadora e reacionária. Então não são apenas as mentiras divulgadas todos os dias, que incomodam, também as grandes omissões, aquilo que não é divulgado, falado, comentado ou criticado, para o bem ou para o mal, pelos principais veículos de mídia, incomodam muito mais. Porque nos sentimos lesados, burlados, impotentes, enganados e invisíveis. Contra a mentira se pode combater, escrever, protestar e denunciar a mentira divulgada, agora contra a omissão, como fazer? Nossas vozes não tem alcance, poderemos ser vistos como estranhos, bizarros e loucos, a pregar no deserto, falar de algo que ninguém sequer ouviu falar. Como tem acontecido tantas e tantas vezes nos últimos tempos, e só quem mora de fato no país nesse momento será capaz de dimensionar sobre o que estou falando.
Por outro lado nunca escondi o meu desconforto com o elitismo, não importa a sua coloração ideológica, tanto o da direita como o de esquerda. Só quem vive num país como o Brasil pode avaliar como incomoda esse elitismo na convivência diária entre os cidadãos, com todo o ranço da herança ainda muito forte do escravismo entre nós. Algumas mentes já tem arrumado na cabeça o ideal de país, de revolução, de cidadão ou de povo. Esquecem de que em história, não se tem a política que se deseja, muitas vezes precisa-se trabalhar com o possível, com o factível. Considerando as atuais condições da realidade nacional, onde toda a mídia é controlada pelos grupos conservadores e reacionários, aliados golpistas de primeira hora, mídia braço importante do golpe, responsável pela narrativa golpista, na sustentação de tantas mentiras, que distorce ou omite as verdades factuais, divulgando mentiras o tempo todo. Dessa forma, se os ares do carnaval ajudam, de alguma maneira, trazendo à tona informações relevantes, omitidas oficialmente por quem deveria divulga-las, que irão ajudar numa maior conscientização popular, é um alento que considero válido. Sei que para os puristas, elitistas e idealistas de esquerda, revolução não se faz com carnaval. Agora é preciso compreender, como se encontra o deserto da comunicação no país, todo em mãos inimigas do povo, então, se a possibilidade que se tem, é que os protestos e denúncias venham de forma carnavalizados. Não se pode perder a chance. Também tá valendo! Por que não? Por preconceitos?

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Um país irrelevante

Comperj Itaboraí abandonada

Passado mais de ano e meio do golpe contra o governo anterior, do golpe parlamentar-jurídico-midiático, golpe que continua em curso e à galope. Não é possível, que os apoiadores do golpe, aquela quantidade incrível de gente, que foi para as varandas bater panela contra o governo anterior, que foram às ruas vestidos de verde e amarelo, conduzidos e mobilizados pelas redes sociais e através das televisões abertas ou fechadas, conduzidos como manada de gado ou de outro bicho qualquer. Não é possível, que toda aquela gente ainda não tenha percebido o estrago, que o golpe fez e continua a fazer contra o país, contra a sua gente e sua soberania. Não é possível, que não tenham percebido nada ainda. Embora a grande imprensa não informe quase nada a respeito do desmonte do país, mas é tudo tão bandeira, e hoje com o recurso da internet, fica quase impossível a notícia não chegar na ponta, no cidadão comum. O grande problema, é que uma parcela considerável de brasileiros, ainda informa-se apenas com o que assiste no tele noticiário noturno. Já são tantos exemplos do que vem ocorrendo por todo o país, os casos são imensos, graves, trágicos e chocantes, estão por toda a parte. É claro, que em alguns lugares repercute mais que em outros, mas no geral, as condições de vida da população estão bem mais precárias e difíceis hoje, do que antes do golpe, é visível, só não vê quem não quer. As maiores vítimas continuam sendo os mesmos de sempre, já estou até cansando de ficar batendo nessa tecla, todo mundo sabe, embora existam alguns, que se fazem de moucos. Só no município de Itaboraí aqui perto, ou melhor nem tão perto assim, na verdade Itaboraí hoje já faz parte da região metropolitana da capital carioca, o chamado Grande Rio, mas como passo por lá quase toda semana em direção à Niterói, me chama mais atenção. Pois bem, só em Itaboraí, foram mais de trinta mil vagas de trabalho perdidas, grande parte delas se coloca na conta da Lava Jato, com a quase total paralisação do gigantesco canteiro de obras do Comperj. A Lava Jato atingiu em cheio a Petrobrás e a indústria da construção civil, as grandes empreiteiras nacionais. Para Itaboraí, que ainda é uma cidade pequena e pobre, uma cidade dormitório, que via com grande expectativa o empreendimento petrolífero, como a sua grande saída para o futuro, com geração de empregos e desenvolvimento, vários negócios já estavam em andamento por conta do Comperj. Foi completamente devastador o efeito das ações judiciárias da Lava Jato contra as empresas que operavam no município. A tragédia de Itaboraí é apenas uma diante de dezenas de outras espalhadas país afora, como a de Suape em Pernambuco por exemplo, no Rio Grande do Sul e em muitos outros lugares. Esse resultado devastador, que estou a narrar, na verdade é a consequência de uma guerra contra o país e contra o futuro de várias gerações de brasileiros, que vê de uma hora para a outra o seu futuro e de seus descendentes muito comprometido. Foi uma guerra econômica travada contra o país, que atingiu em cheio setores relevantes e importantes da economia nacional, como a indústria da construção civil, que foi completamente destroçada, e que agora anda sendo vendida a preço vil para empreiteiras chinesas. As grandes empreiteiras nacionais não operavam apenas no Brasil, as maiores já eram players bem cotados no plano internacional, principalmente no continente latino americano, algumas participavam de licitação no mercado norte americano com êxito, eram quase hegemônicas no continente africano, onde competiam ombro a ombro com as chinesas, e até no oriente médio. Como foi o caso do Iraque de Saddam Hussein, desde o final do anos 70, onde empresas como a Mendes Júnior operaram por lá, construindo a infraestrutura do país, fazendo estradas, pontes, viadutos, barragens, etc. E o mais cruel disso tudo, é que o ataque principal foi contra a nossa maior empresa, a Petrobrás, a joia da coroa, já que o alvo sempre foi o pré-sal. Quando a agência de espionagem norte americana NSA, descobriu através de grampos, escuta telefônica, etc, a cobrança de propina, o suborno, espécie de corrupção, que é feita através do pagamento de propina, para conseguir grandes obras, molhando a mão de autoridades e de agentes públicos locais, prática corriqueira de empreiteiras internacionais em toda parte. Foi como se tivessem descoberto a pólvora, foi o flanco vulnerável e frágil do país, que foi encontrado, pronto o golpe estava praticamente encaminhado. Só restava agora articular tudo de tal forma, para dar uma aparência legal ao golpe, contando com toda a camarilha dos aliados internos, que queriam porque queriam derrubar o governo anterior, a quem não conseguiam derrotar em quatro eleições gerais consecutivas. Como o objetivo e alvo principal sempre foi pré-sal, fatiá-lo e vendê-lo a qualquer preço, o projeto foi posto em andamento, assim que ocorreu, mais uma vez, a derrota do grupo representado em 2014 por Aécio Neves, que inclusive falou em impeachment, tão logo foi revelado o resultado das urnas, em suas primeiras entrevistas. Por isso a razão de tantas viagens do grupo liderado por José Serra e Aloysio Nunes à Washington, durante a preparação do golpe. Isso hoje não é mais segredo para ninguém, está tudo disponível na internet, não é teoria conspiratória, basta uma simples busca na net. O Brasil era o B dos Brics, tinha rumo, tinha alcançado certo poder, respeito, sendo protagonista na cena externa, como no caso do acordo nuclear do Irã, portanto no plano externo navegava de vento em popa, para ser um país cada vez maior do que jamais tinha sido antes, apesar do tamanho e de sua gente, uma população com mais de duzentos milhões. E não tinha sido ainda devido ao complexo de vira-lata de suas elites, que apesar de massacrar a população internamente, no plano internacional sempre foram muito subservientes, como ministros de estado tirando meias diante de autoridades da imigração em aeroportos estadunidenses, etc.
Internamente, o governo anterior seguia tentando corrigir desequilíbrios sociais de séculos de atraso, que os analistas mais críticos, consideram que o caminho escolhido tenha sido equivocado, por ter apostado mais no consumo. Pode ser. Mas como fazer diferente, para uma população carente de quase tudo? O governo deposto advoga, que a aposta no consumo, foi uma estratégia para melhor enfrentar a crise financeira de 2008, que andava a paralisar economias mais fortes. Houve erros certamente, mas falar agora é fácil, depois do leite derramado. No plano externo, o país estava indo bem, e foi também onde o país mais perdeu com o golpe, deu meia volta volver e nos encolhemos muito. E assim, voltamos a ser irrelevantes.


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Quase memória dos cinemas de João Pessoa


Infelizmente não tenho mais, como lembrar em minúcias de detalhes, o pouco que ainda insiste e consegue vir à tona, aflorar mente afora. Cinco anos já havia se passado desde que deixei João Pessoa pela primeira vez, estava de volta à terra natal, era começo do verão, não foi de imediato, porque precisei permanecer durante um mês no Recife, fora deixado pela mãe, enquanto preparava acomodação em João Pessoa, iríamos precisar ficar mais tempo por lá, um ano talvez, pois precisava consertar sua casa na parte alta do bairro Roger. Lembro que havia no ar uma campanha política rolando na cidade de Recife, tinha apenas 12 anos, ainda uma criança, mas o caminho que a vida havia me trazido, tinha me deixado mais atento com coisas, não muito comuns, a outros meninos da mesma idade. Como, por exemplo, frequentar barbearias da vizinhança, em busca de ler os jornais diários e revistas, que fosse possível encontrar, já sócio de biblioteca, e assim de posse de alguma informação, buscava entender o mundo, o que estava rolando, o mundo para mim era o lugar onde morava, a cidade e a ideia de país começava a se formar na cabeça, ia melhorando a cada dia, se ampliando com as leituras dos jornais. Diante disso, quando fiquei o mês de dezembro inteiro, do ano de 1961 no Recife, fiquei muito ligado no que ouvia, queria entender a razão daquele burburinho todo, o barulho que ecoava, tantos cartazes com fotos de tantos políticos, de estrelas protagonistas do evento, a disputa entre João Cleofas de um lado, a situação, e Miguel Arraes pelo campo adversário, o campo popular de centro-esquerda, não precisamente, mas aproximando-se do que entendemos hoje por esse conceito. Claro que nessa época não sabia nada disso, apenas tinha certa curiosidade por aquela campanha política, que estava à minha frente, quase todo mundo falava a respeito, fazia algum comentário, falava-se por todo canto. Também queria saber, queria incorporar e fazer parte daquilo, essa era a ilusão, que me atraía e reforçava ainda mais, aguçando a curiosidade sobre tudo aquilo. Tudo fluía enquanto aguardava o retorno da mãe, que em breve viria me buscar em definitivo. 
Chegando em João Pessoa, como as perspectivas de permanecer por um tempo maior foram logo se confirmando, dei uma sorte danada em conseguir uma bolsa para estudar num colégio considerado bom no centro da cidade, que hoje não existe mais, Colégio Lins de Vasconcelos, que ficava exatamente ao lado da velha igreja e cartão postal da cidade, o Convento de São Francisco. A porta principal de entrada do colégio ficava em frente ao cruzeiro, marco fundador da cidade de 1585, o marco ficava mais ou menos equidistante do conjunto arquitetônico tombado do convento, do Colégio Lins de Vasconcelos e do Colégio católico Pio XI. Nesse sítio histórico, lembro bem, no outro lado da praça ou largo, ficava o Colégio Pio XI, num prédio escuro, imponente e austero, era o caminho que fazia todo dia, tanto para chegar, como para voltar para casa, passava sempre em frente ao Pio XI. Desde o Rio, morador nessa época, de bairros do subúrbio carioca da linha da central do Brasil, já era acostumado a assistir sozinho sessões matinês nos cinemões
Cinema Rex

de bairro no início dos sessenta, e assim acabei me apaixonando por cinema, pelo ato de ir ao cinema, assistir não importava qual filme, ainda não sabia escolher. Tudo me encantava no cinema, desde o ar condicionado, os lanterninhas com seus flashes luminosos, as baleiras, até mesmo o desafio de tentar assistir filmes permitido somente aos meninos maiores, acima de 14 anos. Nessa passagem por João Pessoa não perdia a chance de ir ao cinema. Se no Rio curtia os filmes de Hércules e bangue-bangue, na capital paraibana tive oportunidade de conhecer outros tipos de filme, mais elaborados, tinha agora à minha disposição as melhores e principais salas de cinemas do centro da cidade. Dessa forma, tive o privilégio de assistir filmes no cinema Rex, que tinha um ar condicionado perfeito, conheci também o Plaza,
que ficava no Ponto Cem Réis, bem no centro, além de muitos outros, que não lembro mais do nome, mas certamente devo ter ido ao Municipal. Uma pena tudo isso ter acabado, inclusive na memória, o mundo também mudou muito de lá pra cá. Hoje sobrevive ainda apenas na memória de alguns, como vivência cultural, como memória afetiva portanto, ou em registros e documentos como o vídeo disponível e agora compartilhado. "C'est la vie!"




quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Devemos proteger malfeitores?

Quem me conhece sabe como venho me batendo a favor da democracia, que cada vez mais possa haver democracia em cada canto do planeta, em cada canto desse país, um país tão imenso, que se parece mesmo com um planeta. Contando com o espaço de um blog desde 2009, onde posto, de vez em quando, alguns textos, em grande parte textos políticos, em virtude da realidade conjuntural, em que estamos metidos até o pescoço. Quero e anseio por democracia cada vez mais, democracia nunca é demais, a demanda é enorme em toda parte. O grande problema é que, para haver mais democracia, é necessário equidade, equidade de direitos e oportunidades, sem equidade a coisa se complica, não tem como dar certo, ou pelo menos, reduz muito a chance da paz social ser bem sucedida. Fica muito complicado o ambiente democrático numa sociedade muito desigual, ou quando aparece uma chance de democracia, surge com muitas restrições. Portanto democracia supõe equidade. Por outro lado, sei que a palavra democracia, anda hoje muito desgastada e com péssima fama, até fala-se bastante a respeito, mas na prática não é efetivada, sobretudo em países tão desiguais como o nosso. Em países periféricos a democracia é quase um luxo, ao menor sinal de crise econômica, as elites e oligarquias locais impõem seu peso e domínio sobre a maioria da população, e volta-se à lei do mais forte, como agora por exemplo, apesar de toda a aparência democrática, como ocorreu também durante a ditadura militar. Pois bem, fiz esse breve preâmbulo, para introduzir a denúncia que pretendo fazer. Não é mais novidade, para aqueles que acompanham a atual conjuntura política nacional, o papel que vem desempenhando o Ministério Público Federal, e partes importantes do poder judiciário, inclusive atuando ativamente na campanha do golpe, que continua a galope, levando o país para fora do estado de direito, com tantas prisões preventivas e arbitrárias, conduções coercitivas, abusos cometidos contra simples acusados, o abandono da presunção de inocência até prova em contrário, irregularidades na indústria das delações e colaborações premiadas, com denúncias da cobrança de propinas em acordos de delação, tribunais de exceções, o abandono do juiz natural, enfim uma série de atos e práticas fora da lei, que lembram muito fatos similares da época da ditadura militar de 64, que não faz tanto tempo assim, e quem passou por aquilo não deseja mais. Assistir em nome da moralidade pública, em nome da luta contra a corrupção, que é uma cortina de fumaça, para se atingir objetivos políticos por outros meios, a volta aos tempos do arbítrio é uma temeridade, um risco muito grande, que não se deve correr, é preciso evitar, não se deve permitir. Então diante de uma (in)justiça parcial, seletiva, partidária e outros adjetivos, que se queira dar, que alguns até chamam de: “esse crime chamado justiça”. Quando Lula assumiu seu primeiro mandato em 2003, encontrou uma PF sucateada, agentes desmotivados, com salários defasados, que foram corrigidos acima da inflação, sei de casos, que os proventos foram dobrados, equipamentos de trabalho atualizados, e com o republicanismo do governo, foi dada autonomia operacional quase total. O mesmo aconteceu em relação ao MPF. Esses agentes públicos, procuradores, juízes de primeira instância, delegados e agentes da PF, e outros agentes públicos envolvidos no aparelho jurídico e policial, que Althusser gostava de chamar de aparelho repressivo de estado, adquiriram um certo grau de poder e autonomia, que nunca tiveram antes, tornaram-se um poder dentro do poder, sem dever satisfações a ninguém, nem obediência, incontroláveis, sem ouvidoria, completamente sem controle externo. A partir daí passaram a cometer as arbitrariedades, que mencionei acima, que são do conhecimento de todos. Diante desse quadro, é natural que a sociedade cobrasse dos seus representantes legais no Congresso Nacional uma saída, uma solução, porque do jeito que está não dá mais para continuar com os abusos cometidos, e o mais grave, com a cumplicidade da mídia corporativa, oligárquica e hegemônica, com os vazamentos transmitidos em horário nobre, presos acorrentados diante das câmeras de tevê, de forma sensacionalista e espetaculosa, e enquanto isso, outros condenados com regalias, a usufruir dos frutos dos desvios e roubos praticados, dois pesos e duas medidas escancarado. Perseguição política através do judiciário contra o ex-presidente Lula, com um tribunal de exceção em Curitiba, que terminou com a farsa montada no TRF-4 de Porto Alegre, um ilícito de nome estrangeiro, Lawfare, que o mundo inteiro percebeu e denunciou, salvo a grande imprensa nacional, que por ser cúmplice do esquema e do golpe, fez um silêncio eloquente. Com tudo isso acontecendo, uma amiga de Facebook teve ainda a coragem de me enviar ontem, através do Messenger, um pequeno vídeo, onde um determinado personagem, que não deu para identificar quem era, pedia, solicitava e implorava a todos os ouvintes, que fossem às redes sociais pressionar os congressistas à favor dos agentes públicos fora da lei, dos mesmos que vem cometendo tantas arbitrariedades contra a sociedade brasileira, ao arrepio da lei, sem controle externo, uma demanda da sociedade aos congressistas, para que mudem a situação com urgência. Como pode uma coisa dessa? É assim, que eles tem agido, contando com a cumplicidade de alguns cidadãos, que agem inocentemente ou de má-fé. Considero uma forma de obstrução de justiça, querer continuar a cometer abusos contra a população e permanecer impunes. Portanto, não se fazer nada contra os abusos e arbitrariedades, é deixar a população à mercê de criminosos. Por isso denuncio. Não aceitem colaborar com esses crápulas.