segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Insustentabilidade

Hoje tudo está aparentemente mais instável no mundo do que há três anos atrás, quando compartilhei a foto acima. Não sei porque, mas ainda alimentávamos o sonho, que mesmo depois de muita luta, poderíamos enfim comemorar direitos conquistados e assegurados. Veja o caso do Brasil, o projeto de país, que buscava maior inserção social dos mais carentes, para fazer cumprir os direitos e garantias asseguradas pela Constituição de 1988; saiu vitorioso nas urnas, mesmo com um resultado apertado. O lado perdedor não se conformou com o resultado, e começou a conspirar para virar a mesa, tentando ganhar no grito e no "tapetão", como se diz na gíria. O que levou a um conflito político, que contaminou a economia e levou o país a entrar numa crise geral de tamanho monumental, agravada é claro, pela conjuntura já desfavorável no contexto internacional. Veio o golpe com um impeachment sem crime de responsabilidade como reza a Constituição, e o governo golpista mudou todo o arcabouço do projeto vencedor nas urnas, assim da noite para o dia. O que levou vários amigos a desacreditar da democracia eleitoral. Nos EUA a vitória de Trump ameaça também por sua vez, uma série de conquistas asseguradas pelo governo anterior. Então é assim, o projeto vencedor nas urnas, ganha mas não leva, ou porque foi deposto por um golpe parlamentar, midiático e jurídico, ou porque o novo governo eleito não respeita conquistas legitimadas pelo governo anterior. Está tudo muito estranho, porque antes esse tipo de coisa era usada mais, quando se queria dá-la como exemplo de práticas muito comuns em certos países atrasados. É surpreendente que hoje possamos assistir tais procedimentos políticos acontecendo no império maior do norte em nosso continente americano. Tudo isso me faz lembrar uma frase famosa de Marx, que foi título de um livro de Marshall Berman publicado no Brasil nos anos 80: "Tudo que é sólido desmancha no ar". Vivemos tempos difíceis, nada mais está assegurado de uma vez por todas.