terça-feira, 28 de novembro de 2017

O jardim de dona Estrovenga

Dona estrovenga é uma velhota baixa e atarracada, não deve passar muito, se passar, de um metro e meio de altura, com uma idade em torno dos setenta anos, talvez um pouco mais ou um pouco menos, porque é sempre muito difícil precisar a idade de uma mulher. Não é gorda nem magra, dirige automóvel, não bebe nem fuma, tem uma pequena cadelinha, que lhe faz companhia, já que é muito solitária, quase não recebe visitas. Leva a vida, a maior parte do tempo, isolada e fechada dentro de casa, e o que faz para ocupar o tempo é um mistério, ler livros não pode mais, pois como sofre de mácula, não pode passar muito tempo com leituras prolongadas, com isso, os livros foram descartados completamente, mantém ainda uma assinatura de jornais, mais por hábito, pois gosta de fazer palavras cruzadas, uma mania que cultiva desde jovem, além disso, ler as resenhas de novelas da telinha, e mais uma ou outra coisa, que encontre no jornal, porque com a política não se ocupa mais, considera uma perda de tempo. Parece um pouco masculinizada, principalmente pela voz, quando a escuto falando, sem vê-la, só pelo tom da voz, já dá impressão de estar ouvindo um homem, tal é a gravidade do timbre, quase um baixo profundo, uma nota a mais ou a menos, facilitaria muito se quisesse ser dubladora, porque poderia perfeitamente dublar personagens masculinos. Mas não é só pela voz, que a deixa com aspecto de macho, acredito que como pertence a uma geração de mulheres, onde era mais do que necessário, esconder o máximo possível, qualquer dissonância da norma vigente, do padrão estabelecido, enrustiu tanto, que acabou alcançando, de forma involuntária, uma afetação além da conta, que não sei se percebe em si mesma. Na versão masculina do mesmo fenômeno, é mais ou menos, o que se costuma observar, em certos gays, que mesmo à distância, se costuma dizer: "lá vem um gay", por mais que ele queira esconder ou camuflar a sua orientação. Esse é um mistério, que guarda trancado a sete chaves, jamais abre ou fala a respeito, ou seja, não gosta de falar sobre a sua orientação sexual. Uma particularidade, que deve ser respeitada. Fica bastante irritada, quando percebe alguma insinuação ou desconfiança a respeito. Bem, voltando para o dia a dia da vida pública de dona Estrovenga, da vida que leva no condomínio, não preciso dizer, que não se dá com nenhum condômino, não fala com ninguém, nem o cumprimento social básico, do bom dia boa tarde, salvo com a síndica, sua cúmplice e confidente, a quem narra todas as intrigas, fofocas e mentiras, que inventa com a sua cabeça maluca e maldosa, estórias que tece na sua falta do que fazer, na vida vazia e ociosa, que leva. Dizem as más línguas, que o seu saco de maldades está quase transbordando. No trato com os empregados do condomínio, faz questão de ser sempre muito dura e autoritária, acha que só agindo dessa forma, eles irão respeitá-la, foi a própria, quando ainda me dava com ela, que me alertou uma vez, que estava sendo muito benevolente com a faxineira, que a qualquer momento, a empregada iria aprontar alguma. "Com essa gente tem que ser durona mesmo, senão não entendem", asseverou. Então, era assim que agia, de forma ríspida, dura, autoritária e arbitrária, falando sempre de cima pra baixo, com todos os empregados, do pedreiro ao jardineiro, tanto que nas redondezas, todos os que passaram pelo condomínio, e que estiveram sob suas ordens, não a suportam, todos têm ojeriza à sua pessoa, todos sem exceção. Tanto é assim, que um profissional, que conheci na vizinhança, desses homens, que prestam qualquer tipo de serviço, trabalha em várias áreas, é pau para toda obra, como se costuma dizer, uma espécie de quebra-galho, um faz-tudo, de bombeiro-hidráulico a jardinagem; nos meses mais frios, costumava comprar dele, lenha de lareira, telefonava e ele trazia, um ou dois feixes, em geral de eucalipto. Mas só consegui comprar poucas vezes, contou-me, que entrava no condomínio meio ressabiado, preocupado e receoso com a possibilidade de um encontro inesperado com dona Estrovenga, com quem tivera um stress sério tempos atrás, temia ouvir algum desaforo, uma provocação, e assim, perder a cabeça, não conseguir se controlar, e acabar fazendo uma coisa pior, porque a odiava profundamente. Nunca soube a razão de tanto ódio, embora desconfiasse e imaginasse, pelo que já conhecia da invocada senhora, e assim acabei perdendo um bom fornecedor de lenha. Todos costumavam dizer, quando queriam se referir à dona Estrovenga, que era muito sistemática. Dessa forma, era sempre muito difícil dona Estrovenga encontrar um jardineiro, que morasse por perto, pelas redondezas, quando conseguia encontrar algum, podia-se ter certeza, que vinha de longe ou de muito longe. Costuma dizer, que jardinagem, é o seu hobby favorito, mas o curioso, é que nunca a vi gastar seu tempo com qualquer jardineiro, por as mãos literalmente na terra, pelo menos, com os jardineiros que passaram por lá. O jardineiro chegava, ela o recebia, dizia o que precisava ser feito, dava as ordens, como se diz, e em seguida voltava para os seus aposentos e se enclausurava. O negócio dela é mandar, adora ter poder, ter alguém sob seu comando, para poder se sentir a tal. Se por acaso, tivesse nascido homem, certamente teria feito carreira, com muito gosto, na cavalaria do exército. Temperamental, irritadiça, de maus bofes e com mania de perseguição, está sempre achando que estão armando algum complô contra si, é muito difícil conviver com dona Estrovenga. Ultimamente descobri mais uma faceta na personalidade de dona Estrovenga, bisbilhotar, mas bisbilhota de forma enrustida, dissimulada, não assume jamais, gosta de ficar atrás de portas ou janelas, na espreita, tentando ouvir conversas, para se prevenir de futuros ataques de potenciais desafetos, que segundo ela, são muitos. Sua palavra favorita é "padrão", talvez por ter se submetido ao padrão  vigente da normalidade sexual dominante durante tanto tempo. Já a palavra que mais odeia, por motivos óbvios, é "capivara". Muito difícil e problemática é a vida de dona Estrovenga!

domingo, 26 de novembro de 2017

Quando pensei escrever uma carta





Prezada Administradora,

De início preciso mencionar o que motivou escrever essa carta, sem o que, jamais teria tomado a iniciativa de por alguma coisa no papel, e endereçar à vossa competência. Foi quando tomei conhecimento, que a vizinha de parede, unidade 102, havia sido repreendida através de uma notificação por escrito, ou seja, uma carta, coisa que já não escuto falar há tempos. O fato de alguém receber uma carta hoje, é tão inusitado, que me espantei assim que ouvi o relato. Hoje tudo é feito de outro modo, por outro meio, o meio digital, como o e-mail, redes sociais, por onde a maioria se comunica. Pois bem, a vizinha do 102 foi chamada às favas, por ter plantado uma roseira. Plantar uma roseira, onde não devia, foi considerado grave, sob a alegação que estava fora do padrão, tinha que retirar a roseira imediatamente, sem chance do contraditório, direito de defesa, sem poder alegar qualquer coisa, sobre porque plantou, etc., nada. De imediato aquilo tudo bateu rápido na cabeça: carta, escrito, roseira, fora do padrão. Não muito tempo depois indaguei-me, ora bolas! Estou com a parte do jardim anexo à minha unidade 101, a parte do jardim que vejo da janela, completamente abandonada, cheia de lixo, plantas mortas tombadas, mato e aranhas entrando pela janela, um horror! E até aqui não me mandaram nenhuma carta, será que é porque não notaram nada de anormal ainda? Não viram que aquele pedaço de jardim está um caos, e portanto fora do padrão do restante do jardim. Não é possível, que não tenham visto, talvez tenham visto, mas a intenção seja mesmo mantê-lo naquele estado. Porque, tem horas, que os olhos só veem o que o fígado quer. E nessa dancei, me tornei invisível, eu e o pedaço de jardim anexo. Mas como não viram? Se conseguiram perceber uma pequena muda de roseira, plantada perto da porta do 102? Que talvez só tenha sido descoberta, pelo local onde foi plantada, quem sabe se ela tivesse sido plantada no meu pedaço de jardim estivesse viva até hoje. Certamente teria mais chances lá, já que não olharam para o jardim do “povo do buraco” durante o ano inteiro. A pessoa que cuida e zela pelo jardim é a moradora da unidade 201, é quem recebe o jardineiro e ordena o que ele tem que fazer, distribui as tarefas do dia; em outras palavras, é quem dá as ordens ao homem do jardim. Se foi tão zelosa e eficaz com o jardim, a ponto de perceber a roseira plantada, se prestou tanta atenção e foi veloz suficiente, a ponto de tomar providências e solicitar à síndica, que chamasse atenção do 102. Por que largou então a parte do jardim, que me corresponde, abandonada durante tanto tempo? Durante o ano inteiro. Por que será? Continuando a refletir a respeito, questionei: então uma roseira é uma coisa indevida, fora do padrão, e uma parte do jardim completamente abandonado, feio, mato alto e cheio de lixo NÃO É? Tem algo errado aí, algo não tá batendo. Esse negócio de considerar uma muda de roseira plantada no jardim, como algo fora do padrão, não tem nenhum sentido, é uma desculpa esfarrapada, para outro nome que não têm coragem de confessar, a implicância. Condenaram à morte a pobre da roseira por pura implicância, porque não escondem, que não gostam nem um pouco, da moradora do 102, fazem questão de cultivar e manter um permanente clima de tensão e hostilidade, como se a intenção fosse transformar a vida de quem vive no 102 num inferno. Qualquer coisa é motivo para punição, perseguição e ameaças. Foi exatamente nesse momento, que pensei em escrever algo, para registrar, notificar e denunciar o fato, do abandono da parte do jardim, que me toca nesse latifúndio. Há uns três meses atrás comentei rapidamente, com a síndica, num encontro casual na área comum, no estacionamento, a respeito do fato, a convidei até a minha unidade, mostrei o estado do jardim, que ela prometeu tomar providência assim que fosse possível, mas de lá pra cá, até agora, nada foi feito, notificado, ou providenciado. Então uma roseira é considerado fora do padrão, e o abandono deliberado e proposital de parte do jardim não é? Proibiu de forma deliberada, como lhe é peculiar, a ida do jardineiro cuidar e limpar do espaço. Largar e abandonar, dessa forma, uma parte do jardim do condomínio, não devolvendo, com isso, a prestação do serviço de jardim, paga com parte do dinheiro, que o morador pagou pontualmente. Sem dúvida é uma conduta estranha, mas que vai ficando mais claro, as motivações que estão por trás da conduta lesiva, retaliação. Que comportamento é mais fora do padrão? Plantar uma roseira ou não devolver em forma de prestação do serviço de jardinagem, um serviço que já foi pago? E a conduta lesiva de não devolver o serviço de jardinagem já pago, é feita pela responsável pelo jardim, quando não devolve em serviços, aquilo que já foi devidamente pago. Não tenho dúvida em responder, que fora do padrão não é plantar uma roseira, fora do padrão é não cumprir o combinado, e deixar de cumprir o que foi acordado em assembleia. Fora do padrão é não saber distinguir o que é pessoal, daquilo que é eminentemente institucional. Fora do padrão é não ser capaz de separar, de forma clara, o limite entre o que é público ou coletivo, do que é privado ou particular. Fora do padrão é não cuidar devidamente de parte do jardim do condomínio, por motivos inconfessáveis. Fora do padrão é usar o serviço, ou o não serviço, de qualquer profissional contratado pelo condomínio, para retaliar ou prejudicar outro morador. Fora do padrão é a falta de ética, na conduta lesiva de alguns. Que coisa feia! Não a roseira, claro, mas esse tipo de conduta, por quem deveria zelar pelo jardim como um todo, e não apenas a parte do jardim, que consegue avistar da sua janela. Foi divagando a respeito, que comecei a escrever e cheguei até aqui. Cordiais saudações.






sábado, 25 de novembro de 2017

O Golpe continua em curso, não se encerrou com o impeachment


Para o deputado estadual Paulo Ramos, constituinte de 1988, a prisão de deputados e governadores, como ora em curso no estado do Rio de Janeiro, é completamente ilegal, porque infringe a Constituição. Uma afirmação feita com argumentos firmes e seguros, e acrescenta que o golpe, contra o povo e a sociedade brasileira, ainda está em curso. Ouçam, vejam e assistam ao vídeo, para conferir o conteúdo completo da entrevista feita pelo blogueiro Miguel do Rosário no site Cafezinho. Também não gosto do jogo político feito pela chamada grande mídia, que também é parte do golpe, que muitos preferem chamar: "meios de comunicação de massa", ou aparelho ideológico de Estado. Mídia um braço importante do golpe, um braço do golpe, que tenta, o tempo todo, contaminar a opinião pública, envenenar e instigar o público com conteúdos nocivos e favoráveis à prática do justiçamento, com linchamentos públicos midiáticos. Portanto, manipular a opinião pública, de forma suja e covarde, é desleal, é trapaça enganar a boa-fé do cidadão comum, porque não é ético. Afinal de contas, levar a população a fazer linchamentos públicos, convocá-los e instigá-los através dos meios de comunicação de massa, utilizados para manipular a opinião pública, numa espécie de psicologia de massa do fascismo, prática implementada, disseminada e amplamente utilizada pelo nazismo na Alemanha de Hitler a partir de 1933. De sorte que, manipular as massas dessa maneira, significa reforçar práticas usadas pelo fascismo no passado, legitimar e naturalizar essas práticas políticas como algo normal. Porque não se deve jamais julgar e condenar alguém, um acusado qualquer, movido apenas pela força e a pressão das ruas, pela turba enfurecida; pela massa, que por sua vez, foi suficientemente manipulada, para se chegar àquele estado de coisas, àquele resultado, massa que está sendo usada para legitimar uma ação pública sub-reptícia, e assim, se conseguir alcançar um objetivo político, como a criminalização e condenação de uma adversário político. Justiça, para valer, não se faz dessa forma, e quando se observa, agentes públicos, como  os membros do MP, PF e do judiciário, agindo fora da lei, descumprindo a Constituição, não se deve dar apoio em hipótese alguma. A grande mídia brasileira, verdadeiros oligopólios familiares midiáticos, não tem feito outra coisa, que não seja, estimular e dar o seu apoio, na exploração pública através de manchetes colossais de prisões preventivas, procedimentos policiais e judiciais ilegais, realizados contra determinadas personalidades do meio político e empresarial, feitos fora dos preceitos da lei, atos jamais questionados. Pelo contrário, a mídia faz a execração pública de alguém, não importa o que tenha feito, e carrega mais nas tintas dependendo do campo político do personagem. No início da Lava a Jato, o partido mais demonizado pela mídia era o partido dos trabalhadores, hoje já esculacham  também setores do PMDB, e até agora, nada contra o PSDB, o partido de Aecinho, o queridinho de uma certa mídia. Não é nada correto esse tipo de procedimento, o que só legitima uma ilegalidade, a ilegalidade de procedimentos policiais errados e da própria grande imprensa. Tudo terá que ser feito dentro da lei. Com uma justiça e um aparelho policial, que não cumprem o que manda a lei, não se pode ter segurança jurídica, abrindo com isso, gravíssimos precedentes, para abusos piores da legislação daqui por diante, que no senso comum se chama: golpe. Portanto, se deixar aberta a guarda, golpes piores contra a soberania popular e a cidadania, poderão chegar mais rápido do que se imagina, que atingirão a todos indiscriminadamente, será o golpe contra todo mundo, contra os amigos e também contra os adversários  políticos. Será o autoritarismo ditatorial se absolutizando. Por isso, é um erro político alimentar o clamor popular, acender a chama e apoiar linchamentos públicos, contra quem quer que seja. Hoje se apupa um personagem, que foi demonizado, desprezado e desmoralizado pela mídia, e amanhã estará chorando copiosamente, quando prenderem preventivamente, de forma brutal e arbitrária um ente familiar querido ou um líder político aliado. Saímos da barbárie em direção à civilização, onde ainda não chegamos, porque é um processo constante e contínuo, e pelo que se observa, ainda com muitos desvios e retrocessos pelo caminho. Precisamos estar sempre vigilantes e cobrar pela legalidade e pela existência de um estado de direito com força e pleno vigor, que será um bem de elevado valor, no esforço do caminhar em busca de um mundo mais civilizado. Não quero, e não gosto nem um pouco, quando me forçam a jogar pedra na Geni.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Os homens do presidente

Aumenta o índice de banditismo no governo golpista

As novas caras no ministério do governo golpista, deixa cada vez mais claro, o grau de banditismo existente entre seus quadros. Parece o índice da bolsa de valores, sobe e desce todo dia. Agora mesmo, nesse exato momento, o índice criminal do governo golpista está subindo alto. E como pode ser aferido esse índice? É só observar os nomes das novas aquisições do governo golpista. O novo ministro das cidades, por exemplo, o elemento chamado Alexandre Baldy, indicado pelo atual presidente da Câmara Rodrigo Maia, é unha e carne com um criminoso contumaz, vulgo Carlinhos Cachoeira, envolvido em várias e diversas falcatruas. Quanto ao novo ministro da Secretaria de Governo, o deputado por Mato Grosso do Sul, o Carlos Marun, que todo mundo conhece, é bom que se diga, e conhece não apenas em sua terra, porque sua fama já ultrapassou os limites de sua província natal. Marun apareceu e ganhou notoriedade, na primeira oportunidade que teve na vida, quando se agarrou como pode, como quem se agarra a um tronco podre carregado pela enxurrada, para não morrer afogado. Exatamente, como fez, quando aderiu de corpo e alma à defesa do deputado Eduardo Cunha em Brasília, que na ocasião era presidente da Câmara, e tinha contra si uma enxurrada de acusações por delitos praticados ao longo da vida, como corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, etc. Uma defesa, que levou às últimas conseqüências, uma defesa a qualquer preço, tipo defesa de afogado, que poderia, até mesmo, tê-lo levado ao cadafalso. Depois da prisão de Cunha, seu famoso chefe, e com a celebridade alcançada à custa de Cunha, tornou-se então o maior defensor da terra, do golpista-mor Michel Temer, que com o golpe, havia se tornado presidente da república. Daí por diante, Marun passou a se bater em defesa de Temer, em incansáveis contendas políticas com deputados adversários da oposição, em constantes bate-bocas no plenário do Congresso, debates e brigas que acabaram vazando para a imprensa. Pelo visto adora defender criminosos de alto escalão. Além do episódio Marun, no ministério do governo golpista, ainda restam dois futuros condenados consideráveis, um deles é o Moreira, com extensa folha corrida em investigações policiais, e também um tal de Padilha.

Para concluir, termino lembrando, que foi o próprio Sarney, agora imagine os senhores, o Sarney ainda dando as cartas, e demonstrando ainda ter prestígio nessa república. Foi Sarney, portanto, o grande pistolão, que indicou o nome do novo Delegado Geral da Polícia Federal, o Sr. Fernando Segovia. Isso mesmo! Aquele personagem, que em sua posse, para espanto geral da nação, afirmou que uma mala só, mesmo contendo 500 mil reais, não prova nada contra o presidente ladrão, seria preciso encontrar provas mais robustas para incriminar Temer. Quantas malas seria preciso para incriminar o presidente? Por enquanto ele ainda não respondeu. Inacreditável!

domingo, 19 de novembro de 2017

Qual o efeito da Lava Jato na sua vida?

É verdade, que a Lava Jato hoje, não atinge mais, apenas o Partido dos Trabalhadores, como nos primeiros anos. Há mais de um ano, que as delações a fizeram chegar na alta cúpula do grupo denominado “PMDB da Câmara”, comandado durante muitos anos por Eduardo Cunha, mas à boca pequena, sempre se disse, que o verdadeiro chefe fosse mesmo Michel Temer. As críticas mais relevantes contra a Lava Jato, não estão no mérito das acusações contra os suspeitos, mas nas práticas arbitrárias, e até mesmo fascistas, por parte de seus condutores, juízes, procuradores ou agentes da PF, na forma como conduzem, apuram e investigam. Que apresenta várias irregularidades, completamente fora da lei. Por outro lado, tem sido muito cruel para a sociedade, o impacto econômico trazido pela Lava Jato. O Preço pago tem sido muito alto. Porque com a criminalização das empreiteiras nacionais, contra a pessoa jurídica, com bloqueio de bens, impedindo-as de pegar novos financiamentos, etc. Tudo isso, foi como uma pena capital decretada contra um ramo de negócio empresarial, dos mais bem sucedidos da história brasileira, pelo menos desde os anos oitenta, quando a Mendes Junior, por exemplo, ganhou várias licitações no Iraque, antes da guerra Irã/Iraque. As empresas de construção acusadas pela Lava Jato, bloqueadas e sem dinheiro para capital de giro, foram forçadas a paralisar dezenas de canteiros de obras pelo país afora, e até no exterior. Com isso chegaram ao fim centenas de milhares de postos de trabalho. Fala-se hoje em milhões, que ficaram sem emprego. De forma que, o impacto foi tremendo, só em relação à queda do PIB, o impacto da Lava Jato sozinha foi responsável por uma queda de 4%. A pergunta que não quer calar: a quem interessava tamanho desmantelamento, destruição quase total de um ramo empresarial nacional tão importante, como o das empresas de construção civil? As concorrentes estrangeiras, evidentemente. Portanto, está muito claro, que a Lava a Jato, não é só jurídica e policial, também cumpre um relevante papel político, é um instrumento usado para atender e atingir determinados objetivos políticos.

O juiz Sérgio Moro conseguiu finalmente, cumprir uma de suas mais "nobres" missões, ou seja, provocar o maior estrago possível nas grandes construtoras nacionais, e em consequência favorecer, claro, as empreiteiras norte americanas, e ultimamente até as chinesas. Com isso conseguiu também dizimar a indústria naval nacional, que depende principalmente das encomendas da maior empresa brasileira, a Petrobrás, principal alvo tanto dos espiões ianques como do juiz de Curitiba. O que me faz indagar: "como é que pode um negócio desse?" Sem resposta e completamente pasmo com o rumo dos acontecimentos, acesso uma rede social, e assisto gente enaltecendo os feitos e atos do juiz Moro, como se esse personagem fosse uma espécie de novo herói nacional. A outra missão de Moro, que todo mundo conhece, de tanto assistir ao telejornal noturno preferido, é a perseguição constante e continuada contra o presidente Lula, criminalizando  a maneira de fazer política do velho líder sindical. Com isso querem condená-lo, e em seguida encarcerá-lo definitivamente, impossibilitando-o de participar da vida pública nacional, o que seria um verdadeiro assassinato político do líder operário. Missão que segue em andamento apesar dos pesares. Acho-a, portanto, mais difícil e complicada de ser bem sucedida e dar os resultados esperados, primeiro devido às arbitrariedades cometidas, praticadas e denunciadas pela defesa de Lula, que mais tarde, certamente poderão ser levadas em consideração numa corte superior. E, para concluir, sobretudo agora, que o nefasto juiz, começa a trocar os pés pelas mãos, ou seja, quando a equipe sob seu comando, começa a cometer erros, equívocos e ilícitos, um atrás do outro, e erros graves, como pedir propina a possíveis delatores, como pode ser visto no depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran.

Assuntos conexos:

sábado, 18 de novembro de 2017

Entrevista com o almirante Othon


Não deixem de assistir a entrevista com o almirante Othon. Porque todo mundo precisa saber o que anda acontecendo com essa república, e porque também essas coisas não são jamais exibidas em nossas tevês, por razões óbvias e evidentes, são escondidas do grande público. Como divulgar, se os grandes meios também são parte do golpe? Para dar uma pequena prova do conteúdo da entrevista, cito uma breve fala do almirante Othon no depoimento exibido, quando diz: "É muito difícil viver num sistema, onde um camarada (procurador) diz (que você fez) uma coisa e aquilo vira verdade". Em outras palavras, significa que, do jeito, que o sistema foi montado, para operar de forma autoritária e arbitrária, muitas vezes, uma mentira proferida pela autoridade de plantão, se transforma em verdade. Uma mentira vira verdade? Muitas vezes uma acusação vazia e sem provas, como muitas que partem de delatores ou procuradores, como temos assistido e acompanhado o tempo todo na Lava Jato. "Vamos deixar de fora, por hora, a opinião e se ater ao fato", diz o almirante em outro momento da entrevista. Então nenhuma das garantias constitucionais asseguradas ao acusado estão sendo respeitadas por esses agentes públicos, agentes da lei, que juraram em seus códigos de ética profissional, cumprir o que reza a Constituição. Agentes que não cumprem a lei, que a desrespeitam em suas condutas, como, por exemplo, não respeitar o direito à presunção de inocência, de quem ainda não é réu, porque ainda não foi julgado e sentenciado. O acusado, preso preventivamente, outra anomalia jurídica praticada, ilícita na maioria das vezes, não pode fazer nada, fica completamente à mercê de carrascos mentirosos, truculentos e cruéis, a fazer todo tipo de ameaça e chantagem contra o acusado, até mesmo ameaçar familiares, chantagear, bloquear bens, etc. É possível conduzir um processo dentro da lei? Claro que é, se o conduz em desrespeito à lei, está agindo fora da lei, então é um fora da lei, como outro qualquer, embora continue envergando o paletó e gravata de procurador federal ou a toga de juiz. E dessa forma, perdeu totalmente a legitimidade para prosseguir na condução do processo, precisa ser afastado do caso o quanto antes, porque o contaminou completamente com as arbitrariedades e ilegalidades praticadas.

Assista ao vídeo da entrevista aqui.

Será que o jogo está virando?

Será que o jogo está virando mesmo? Porque tem aumentado muito o número de baixas nas hostes golpistas. Temos assistido praticamente toda semana, algum personagem protagonista do golpe, instrumento ou veículo utilizado pelos golpistas, caindo um a um, de podre, mostrando a cara feia que possui e ninguém ainda tinha percebido ou prestado atenção. Um desses casos é o do elemento Aécio Neves, o homem do aeroporto construído com dinheiro público na fazenda de um familiar, de um helicóptero recheado com meia tonelada de cocaína pura no Espírito Santo, do “empréstimo” de dois milhões de reais tomado a Joesley Batista, gravado em vídeo, e amplamente exibido em horário nobre na televisão, com vários pacotes e malas de dinheiro, recebidos por um primo do senador. De conversas gravadas, por ordem judicial, de telefonemas nada republicanos com altas figuras da república, como foi com o ministro do STF Gilmar Mendes. Além de muito mais, como os 51 milhões de reais encontrados no apartamento de Geddel Vieira Lima, em Salvador, Bahia. De sorte, que após todos esses episódios, todos amplamente divulgados, tudo leva a crer, que agora Aécio Neves acabou, pode-se dizer que esse personagem já era, pelo menos do ponto de vista eleitoral, o personagem "senador" no mínimo saiu bastante avariado. Portanto, por tudo aquilo que foi mostrado, exibido e visto pela audiência, Aécio Neves não passa de um bandido, é bandido mesmo, só que não um reles bandido, é bandido de gravata e capital, e se comporta como tal, tanto na maneira de agir, como na forma de proceder. Um bandido que sai por aí dando carteirada de senador da república. Então o cargo de senador é um artifício, um álibi, para o deixar imune e livre de sanções, e assim, continuar a praticar crimes. Utilizando-se para isso, do chamado foro privilegiado, que é facultado a todo senador da república, portanto mais uma ilegalidade de Aécio, que subverte e distorce completamente o objetivo daquele instrumento, que foi criado com outra finalidade. Soa bastante verossímil e verdadeiro, portanto, o bandido vivido e encarnado por Aécio, que apareceu nos meios de comunicação de massa nos últimos tempos. Um primor de papel, muito melhor do que o de senador. É melhor Aécio vestir logo a toga de bandido, porque o senadorzinho dele já era, não convence mais, ninguém acredita mais naquele personagem, não engana mais a ninguém, nem mesmo se  trocar de texto, ou o roteiro completo. Não há mais salvação, foi totalmente desmascarado, infelizmente ainda não temos como saber se morreu politicamente de forma definitiva. Fala-se, que sairá candidato a deputado federal por Minas Gerais nas próximas eleições gerais em 2018, mas é difícil prever o resultado, pode ser que até consiga ser eleito. Pois se até Collor de Melo voltou ao Congresso, após cumprir o período de afastamento, imposto pela cassação do mandato de presidente. Mas voltou como? Collor hoje é praticamente um cadáver ambulante, sem a menor expressão, poucos são os políticos de mais expressão, que querem o nome associado ao dele.
E para piorar a situação do lado golpista, foi a vez do grupo Globo, das Organizações Globo, uma holding de mídia, praticamente um monopólio de mídia, ficar extremamente em evidência por motivos negativos. Primeiro, com o caso de racismo praticado por William Waack, um importante âncora, que foi defenestrado simbolicamente, ao ser afastado dos programas, que comandava na emissora do Jardim Botânico carioca. E finalmente, agora acaba de vir à tona toda essa sujeira da Globo, pagando propina a autoridades internacionais, para ter exclusividade na transmissão de jogos de futebol. O problema todo com essa gente, é que eles costumam atuar em bandos, em quadrilhas, em gangues, gangues de poderosos endinheirados, utilizando-se da ética dos mafiosos, que não confiam nem na própria sombra. É outra lógica. São perigosíssimos. Que se destruam!

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Defender racistas também é racismo





Tem sido visto ultimamente certa solidariedade, por parte de gente, que tem voz ativa no mercado, gente que faz parte da grande mídia, repórter ou jornalista, além de alguns artistas, todos tentando minimizar o fato, alguns até mesmo tentando desqualificar o episódio, imaginem dizem outros, todos enfim a passar pano quente na declaração racista do jornalista William Waack, um dos porta-vozes do golpe. Além disso, circula rumores, dele ter sido recrutado pela CIA nos anos oitenta, quando foi correspondente na Alemanha. Portanto, para ser elegante, reafirmo que não tenho nenhum apreço por essa figura. E se já não tinha apreço por outros motivos e razões, antes de saber que era racista, agora ficou mais difícil. Vejo gente elogiando-o por ser um homem de cultura. E daí cara pálida? Não importa a cultura de um homem, mas o que esse homem faz com essa cultura. E que bem William Waack dá à sociedade? Talvez dê à sua classe, ou àqueles a quem presta serviço. Não é com a participação em programas de tevê, como, por exemplo, as exibições monocórdicas da ladainha neoliberal sem JAMAIS incluir o contraditório, que fazia uma vez por semana na Globonews no programa "Painel". Uma mesa-redonda com Waack apresentando, discutia-se um determinado tema combinado com três convidados, todos do mesmo campo político, com a mesma ideologia. Dentre os temas debatidos sem a presença do contraditório, discutia-se incansavelmente, a queda da presidente Dilma. Trabalharam muito pela desestabilização do governo, para enfraquecê-lo cada vez mais, e tornar mais fácil o processo de impeachment, já encaminhado por Eduardo Cunha na Câmara dos deputados. Para tal desafio discutiam as pautas bombas, para arruinar o governo, a política do quanto pior melhor. De forma que era aquela arena, o local perfeito e adequado, para se discutir abertamente, e de todas as formas, o que melhor fazer para derrubar o governo Dilma. Era no programa Painel, onde William Waack se sentia uma espécie de paladino e baluarte do golpe, onde fazia intenso proselitismo favorável ao mercado financeiro e ao golpe, jactava-se da posição que exercia, e pavoneava-se de forma inacreditável. Seu proselitismo ideológico foi nefasto para o país. Está colhendo hoje o que plantou. Quem o defende por motivações ideológicas, por estar alinhado com as suas posições políticas, presta um desserviço à democracia, porque não se deve dar atenuantes ao racismo. Nada o justifica. É condenável sob todos os aspectos pela Constituição, que considera o racismo, crime imprescritível e inafiançável. É claro, que a partir de agora, uma plêiade de personagens do mesmo naipe, sectários adeptos da ideologia política de direita, racista e antipopular, virão em seu auxílio, solidarizando-se com o acusado, a utilizar todo tipo de artifício, visando desqualificar a acusação por crime de racismo. Quem sabe aparece um advogado iluminado, que costuma advogar causas perdidas, venha em seu auxílio, e transforme a acusação de crime de racismo, em crime por injúria racial, com pena bem mais branda e leve. Tem sido assim de forma recorrente, há bastante tempo, sempre que alguém do andar de cima, é levado à justiça acusado de racismo.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Fundamentalismo contra fundamentalismo

No vídeo disponibilizado e com link no final do texto, pode-se apreciar imagens da maravilhosa arquitetura iraniana, de tempos imemoriais, como o tempo do rei Dario ou mesmo de Ciro, em diversos e diferentes prédios públicos de lugares e cidades do interior do país, prédios religiosos ou laicos, como termas sensacionais e outros. Mas especificamente no vídeo do mochileiro curitibano André Minatowicz,  é exibido alguns exemplos da bela arquitetura da cidade de Kashan,

que quase nunca a maioria de nós tem acesso. Porque o Irã, a antiga Pérsia, uma civilização com mais de cinco mil anos, até outro dia era e continua sendo considerado um país pária, pela principal potência militar do planeta, a potência que dá as cartas no jogo político internacional. E dessa forma nenhum lado positivo do país  pode ser mostrado, exibido, divulgado ou publicado pelas poderosas agências noticiosas ocidentais. Pelo contrário, passaram, todas em uníssono, a acusar o Irã, utilizando-se de uma linguagem fundamentalista, assim como foi usado contra o Iraque, outra cultura do oriente médio, que acabou sendo completamente destruída, através de uma invasão em 2003, numa guerra absurda com pretextos mentirosos, como por exemplo, a de que o Iraque possuía um arsenal de armas de destruição em massa, como armas químicas ou biológicas. E a absurda acusação de que ambos fizessem parte de uma coisa esdrúxula denominada "Eixo do Mal". É inacreditável! Pensar que já tínhamos entrado no século XXI, e de repente ouvir expressões do século XVII ou talvez até d’antes. É impressionante e revoltante. Notem que o Irã vem sendo continuamente demonizado há quase quatro décadas, por grande parte da imprensa ocidental. Acontece que, como dizem as más línguas, grande parte da imprensa ocidental e suas agências correspondentes, está em mãos de grupos sionistas radicais, gente que condena outros Estados por serem Estados religiosos e não laicos, porque o laicismo é o modelo ideal, quase um dever ser, para qualquer Estado que se preze no mundo ocidental. Mas, por outro lado, não  escrevem um linha sequer sobre a situação de Israel ser  um Estado judeu, logo religioso e não laico. Então para esses escribas sionistas picaretas, é tolerável a existência de um Estado religioso, desde que a religião dominante seja o judaísmo sionista, qualquer outro caso não. Repetindo: o Estado de Israel pode ser religioso e não laico, as outras nações do mundo com outras religiões não. A ordem é que toda vez que ocorrer esse fenômeno em algum canto do planeta, em algum país, deverá ser maciça e violentamente demonizado, atacado e depois destruído. Esse é o caso hoje do Irã, como ontem foi o caso do Iraque de Sadam, principalmente depois que o Irã se livrou do Xá Reza Pahlavi, por ocasião da revolução islâmica em 1979, tendo portanto se tornado fundamentalista demais, para o gosto ocidental. Acontece que assiste-se a mesma imprensa ocidental pagar o mico, de fazer um ataque de narrativas contra o Irã, e realizar esse ataque através de outra narrativa fundamentalista, só que agora cristã. Atenção! O país que tem evangélicos fundamentalistas no poder, como se vê hoje em tantos lugares do mundo ocidental, sobretudo nos EUA, não tem moral para cobrar laicidade dos outros. Esse é o caso do Brasil atual, onde tele pastores pentecostais infestam as redes de tevês abertas menores, a oferecer todo tipo de cura milagreira em troca de dinheiro depositado em contas dos principais bancos. E também a querer fazer de suas pautas religiosas a pauta do país, como aconteceu durante essa semana no Congresso Nacional com a bancada da bíblia aprovando um projeto de lei com regras mais duras e severas restrições ao direito de aborto, proibido até mesmo o aborto em caso de estupro. Num total retrocesso. Portanto, quem possui representantes políticos fundamentalistas religiosos desse naipe, não pode ficar a atirar pedras contra quem quer que seja. Cada um tem o fundamentalismo que merece? Será?



Vídeo conexo: VIAGEM IRÃ 2017 - KASHAN

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O que está por trás da proibição do show de Caetano

Os golpistas usaram e abusaram do poder midiático, durante o período que trabalharam em prol da derrubada do governo Dilma. Tudo começou em 2013, quando a tevê Globo colocou como prioridade em sua pauta, a convocação da presença dos militantes coxinhas nas ruas. A mídia foi importante, quando foi usada como instrumento para desmantelar, desmanchar e desfazer, através da propaganda, de um marketing profissional  quase perfeito, tudo aquilo que fosse considerado bom ou positivo no governo do PT. Segundo as lideranças das oposições era preciso fazer um trabalho de desconstrução eficaz e de primeira, que a meu juízo foi mais desqualificação do que qualquer outra coisa, mas enfim preferiram chamar de desconstrução, que fosse feita com urgência, pois queriam ganhar as próximas eleições gerais a se realizar no ano seguinte, em 2014. Pois muito bem, trabalharam diuturnamente contra a imagem da presidente, criminalizaram determinadas maneiras de fazer política adotadas pelo ex-presidente Lula, de tal forma, que um governo que era até bem pouco tempo atrás, muito bem avaliado, começou a despencar ladeira abaixo em se tratando de avaliação pública, computados através das principais agências de pesquisas, algumas pertencentes a grandes grupos de mídia. Mas o mais irônico e curioso, é que apesar de toda a campanha negativa, demolidora, destrutiva e contrária à imagem da presidente Dilma, ela conseguiu se reeleger, num resultado apertado, é verdade, mas venceu. E logo em seguida, mal fechadas as urnas, e o resultado final divulgado, o candidato perdedor, veio a público levantar suspeitas sobre a lisura do pleito, falou até em impeachment, tudo isso muito antes da presidente assumir o novo mandato. Portanto era visível o papel que cumpria nesse processo as principais emissoras de tevê, além das principais revistas semanais, das principais emissoras de rádio, e de todos os principais jornais impressos do país. Quanto ao relevante papel ocupado pela mídia, da sua importância no resultado final do golpe, não resta a menor sombra de dúvida. Então é ponto pacífico, o fato da mídia ter sido um instrumento atuante e relevante para derrubar a presidente. O outro instrumento usado à exaustão como arma política, usado com o objetivo de desestabilizar o governo anterior, foi o judiciário. Isso desde o episódio do mensalão, iniciado em 2005 e 2006, ainda durante o primeiro mandato de Lula, e que durou até o julgamento final, quando o relator da AP 470, ministro Joaquim Barbosa condenou José Dirceu à severa pena de prisão, baseado apenas na teoria do domínio do fato, uma esdrúxula teoria alemã, criada no pós-guerra para condenar criminosos nazistas, e aqui foi apresentada como novidade para condenar adversários políticos sem prova nenhuma. É bom não esquecer, que outros agentes políticos de outros partidos, que também praticaram os mesmos atos, como o ex-governador de Minas Eduardo Azeredo do PSDB, que na mesma ocasião ou até um pouco antes, não foram atingidos, e quando o foram, responderam na primeira instância, fora portanto do STF onde fora julgado o mensalão do PT. Mas mesmo assim, Lula conseguiu se reeleger, derrotando no segundo turno o candidato do PSDB. Digo isso para mostrar, como a mídia e o judiciário tem sido usados como instrumentos, e como arma política para tentar desqualificar, desestabilizar e finalmente conseguir derrubar governos do campo popular, governos que não interessam ao mercado financeiro, campo popular também conhecido como o da esquerda política em geral, que no caso do PT, trata-se de um partido mais de centro-esquerda. Tanto tentaram, que acabaram por conseguir o objetivo maior, tirar do poder um governo popular e bem avaliado, através de um golpe parlamentar, governo que já vinha sendo erodido com o auxílio daqueles dois instrumentos, que apontei atrás, ou seja, a grande mídia e o judiciário. Já vimos como essa gente, que patrocinou o golpe de Estado, dá importância a esses dois instrumentos, a esses dois aparelhos de Estado, para usar a linguagem do filósofo franco-argelino Louis Althusser, a mídia sendo mais um aparelho ideológico de Estado, enquanto o jurídico faça parte mais do aparelho repressivo de Estado. Para concluir, o caso em questão, a respeito da proibição, que impediu a realização do show de Caetano Veloso num acampamento do MTST em São Bernardo do Campo, no ABC, grande São Paulo. O que é que não se queria? Não se queria que fosse dada publicidade a um evento de moradores sem teto. E o que a presença de um artista como Caetano proporcionaria ao evento? Mais publicidade, evidentemente. Então o que se decidiu fazer para evitar tamanha repercussão ao evento? Claro, proibir o show através da justiça. Pronto, dessa forma o evento ficaria  invisível, porque a mídia, como fez com a caravana de Lula, não diria uma palavra a respeito, e estava liquidada a fatura. Já se o show de um artista internacional e conhecido como Caetano fosse realizado, seria impossível não se falar a respeito, e o show permanecer oculto. E novamente aqueles dois instrumentos políticos relevantes desses novos tempos foram mais uma vez utilizados com eficiência, apesar de um protestinho aqui e outro acolá, mas nada que pusesse em risco os objetivos claros e evidentes que se queria atingir.