domingo, 22 de março de 2020

Não se deve descartar fantasias


Quando se banaliza o sexo, o deixa com as espinhas à mostra, a ponto de ter sua anatomia mais íntima, como porta de entrada, para o jogo erótico e amoroso. Então não tem fantasia, que resista, impossível. Além disso, não deixa campo imaginário, para a construção de outras. É uma terra arrasada para a criação de fantasias, árida e ácida, como no deserto, nada mais sensível e sutil terá chance de crescer ali. Para parecer mais real, e trazer para o campo do vivido mais palpável, estou pensando nos “sites” de pegação/paquera disponíveis na internet, e em sua exagerada demanda por “nudes”, a consequente troca e intercâmbio deles entre seus milhões de usuários, onde alguns comportamentos são moldados e pré-moldados de acordo com a duração de uso do aplicativo pelo usuário. Tudo se reduz na qualidade, perde substância no próprio desejo, quase como no caso dos viciados em pornografia, aquela coisa mecânica de a cada dia dar um pouco de recompensa ao corpo/cérebro, uma suculenta fatia de torta, uma taça de sorvete, um pouco de pornografia na telinha do celular, ou algo semelhante. E em seguida você conseguirá ter uma relativa boa noite de sono, até amanhã! O mecanismo, em linhas gerais, é mais ou menos esse. E a fantasia foi para o caralho literalmente. Se pode ter sexo sem fantasia? Claro, que sim. Mas a que preço, e qualidade? Dito isso, é bom esclarecer antes de concluir, que aqui não vai nenhum juízo de valor contra os aplicativos de pegação de modo geral. E sim o uso, que é feito deles, por alguns de seus milhões de usuários.