domingo, 3 de abril de 2016

O predomínio de apenas uma versão




Não lembro ter visto antes, um canal de tevê discutindo o papel de outro canal de tevê, se não é inédito, é algo inusitado em nosso país. Vejam, para conferir, talvez valha a pena, o vídeo do programa VerTV da TV Brasil na internet, sobre o papel da tevê Globo nesse momento golpista, que estamos vivendo e assistindo diariamente. Uma mídia familiar, que mesmo sendo beneficiária de uma concessão pública, que passa de pai para filho como herança, na cara de pau, essa mesma concessão pública, como se fosse um patrimônio familiar, depois de se tornar um monopólio midiático poderosíssimo, o maior do país, algo inédito no mundo. E faz isso tudo, porque os instrumentos reguladores existentes são muito antigos e inadequados. Pelo fato de não ter sido possível até agora, encontrar o apoio suficiente no Congresso, para aprovar e implantar uma regulação midiática, que regulasse inclusive os negócios cruzados de uma mesma empresa de mídia, algo similar ao que acontece nos EUA e em países importantes. Aqui como nada é regulado, a cartelização e o monopólio se consolidou de forma criminosa. O mais grave é ver, como a imprensa trabalha com informação e opinião para o grande público, para a imensa maioria do povo brasileiro, para a massa. Torna-se, dessa forma, um grande risco para a democracia brasileira, quando toma partido de forma tão escancarada. Estamos a assistir o desenrolar de uma peça política, muito parecida com uma farsa, que se constitui no papel que está jogando a grande mídia, embora cada agente midiático tenha o seu respectivo papel, tamanho e relevância específica. No caso das Organizações Globo, cada canal pago ou aberto, tem os seus objetivos políticos ao estabelecer  o seu público alvo. Mas o que se observa, e que chama atenção de forma marcante, é o partidarismo da emissora a favor dos aliados de sempre da direita, tanto políticos como empresariais, o tempo quase todo da pauta de programação. Uma ausência total do contraditório. Na defesa e divulgação de uma narrativa do contra o governo de plantão, como sendo a única verdadeira, para convencimento de toda a massa de espectadores. O que é uma coisa extremamente perigosa, já que o discurso do contra praticamente se tornou uma lavagem cerebral contra a população de modo geral, e dessa forma, uma terrível ameaça à democracia. Tem sido dito em algumas análises, que dependendo do público alvo, a estratégia muda na abordagem, no tom mais ou menos crítico. Por exemplo, é conhecido que no Jornal Nacional das 20:30 hs, cujo objetivo é atingir grandes massas, onde a média de escolaridade é mais baixa, e por mirar um público maior, o resultado jornalístico é diferente e mais leve do que é apresentado na Globonews. Canal pago, que se dirige a um público mais restrito e instruído, mais rico e bem menor, quase uma bolha, é lugar de uma contundência crítica contra o governo de proporções gigantescas. O mesmo fenômeno acontece com o jornal impresso o Globo, que hoje conta com um número de leitores bem inferior, ao que já teve no passado, e que nem se compara com o público da tevê aberta, por isso no jornal os ataques contra o governo são violentíssimos. As formas de realizar a narrativa do contra varia, mas o conteúdo é sempre o mesmo, sempre com o objetivo de tornar hegemônica apenas uma versão da realidade política. E como é feito tudo isso? São as táticas e estratégias mercadológicas, que se enriquecem com aspectos políticos e ideológicos. Primeiro eles não mencionam em nenhum momento o movimento de 1964, esquecem e negligenciam totalmente a história, como se não houvesse a menor conexão entre uma coisa e outra, nada que acontece hoje tem nenhuma correspondência, conexão ou relação com o passado, como se o passado fosse irrelevante ou inexistente, o passado não conta. É o que acontece, na negligência deliberada, com a campanha do “mar de lama” feita por Carlos Lacerda e pela imprensa contra Getúlio Vargas em 1954, e novamente em 1964 contra Jango. Fatos, que para essa mídia tendenciosa, é como se nunca tivessem existidos. Algo estranho e deliberado, contar com outros instrumentos e elementos, que dê outro tempero em sua narrativa discursiva demonizadora, e assim reforçar a criminalização do grupo político, ora no poder, alvo principal e absoluto dos ataques. É como se dissessem: "esqueçam o passado de uma vez por todas". O jogo político é praticado usando a régua do jogo sujo, pegando pesado, de "se colar colou", já que não têm nada a perder. Procura-se construir e divulgar uma narrativa do contra, buscando ser a versão mais verdadeira dos fatos, e através da completa distorção dos fatos, procuram fazer os ataques com narrativas, cada vez mais demonizante e criminalizante, visando enfraquecer gradativamente o alvo, fazê-lo sangrar como já diz alguns veículos, para derrubá-lo não importa como, tanto através de um impeachment na Câmara dos Deputados, ou cassação da chapa vencedora em 2014 no Superior Tribunal Eleitoral, no processo de revisão do termo de posse. Qualquer coisa é válida para se atingir o objetivo, derrubar o governo através de um golpe no judiciário, com o mais amplo apoio possível da grande mídia monopolista, que já tem a hegemonia da opinião pública brasileira. E a verdade se revela, pela forma como alguns jornalistas, que não se dobram, estão sendo demitidos. Jornalistas que vivem, de forma ambígua e esquizofrênica, já que em seus blogs particulares mostram uma posição, que não podem jamais compatibilizar com a postura imposta nos tele-jornais que apresentam. Tudo para fazer cumprir a estratégia de manter coerente o discurso do contra, manter uma narrativa única diante do quadro conjuntural nacional. Quem não está cumprindo o papel no roteiro do contra a contento, de acordo com script deve ser afastado ou eliminado com a peça ainda em andamento.
http://tvbrasil.ebc.com.br/vertv/episodio/crise-politica-em-debate
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http://tvbrasil.ebc.com.br/vertv/post/a-medicao-de-resultados-sobre-a-cobertura-politica-feita-pela-midia#media-youtube-1
http://tvbrasil.ebc.com.br/vertv/post/a-luta-pela-democratizacao-da-midia-no-brasil#media-youtube-1
     

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