terça-feira, 19 de abril de 2016

Não precisa entender




Claro que não precisa entender de política, para perceber a farsa que foi a votação nominal de domingo passado no Congresso Nacional, a favor do impeachment da presidente da República. Onde só faltou um deputado da Bahia dizer, que era a favor do impeachment, em homenagem ao cuscuz de Mainha, segundo o humorista José Simão. Dezenas de outros deputados, que na hora de decidir o futuro do país, votou contra a presidente em nome da mulher e dos filhos. Outro pela nação bíblica de Canaã. A grande maioria dos deputados com um nível intelectual pré-ginasiano, falava de tudo, menos qual a razão que o estava levando a tomar uma decisão como aquela, de afastar a mandatária do país, que é o quinto país do mundo em extensão territorial e o oitavo em população, com mais de duzentos milhões de pessoas. Todo mundo sabe, já é ponto pacífico, que o nível do Congresso é baixo, mas nada como assistir ao vivo e a cores, a que ponto chegou o nível dos nossos congressistas, uma calamidade pública. Foi um choque e uma vergonha ao mesmo tempo. Pirante. Termos o nosso futuro entregue a gente tão desqualificada. Alguma coisa não bate bem, tem algo errado, não pode ser, indagam-se incrédulos diversos leitores/eleitores mais instruídos.
Não precisa entender de política, para perceber toda a tramoia conspiratória do vice-presidente, aliás figura nefasta sob todos os aspectos consideráveis.
Não precisa entender de política e nem ter posição político ideológica, para perceber que o partido derrotado não aceitou o resultado das urnas, não aceitou perder, desde que veio à tona o resultado final da apuração. E desde então, não faz outra coisa, que não seja: conspirar, criar dificuldades, pautas bombas, apresentar óbices e transtornos políticos à atual presidente.
Primeiro ato foi apoiar a eleição para presidente da Câmara de um bandido contumaz como Eduardo Cunha e toda a sua camarilha de neófitos. Quase cem deputados novos, que só conseguiram se eleger auxiliados pelo dinheiro sujo, fruto dos acharques, extorsões e ameaças de Cunha contra empresários e outros endinheirados da república. Uma montanha de bilhões de reais, que ajudou a financiar a campanha política de dezenas de lobistas, que do dia para a noite, tornaram-se políticos de carteirinha e cartilha, e sobretudo paus-mandados de Cunha, prontos a cometer qualquer ilegalidade em prol do mentor mor.
Não precisa entender de política, para perceber o papel jogado pela grande mídia nessa crise. Crise aliás criada, em grande parte, com o relevante papel jogado pela própria mídia oligárquica, familiar e monopolista. A forma como explora certas notícias contra o governo. A maneira como conseguiu criar uma narrativa do contra, tornando-a hegemônica, através da repetição de mentiras tantas vezes repetidas, que colaram na opinião pública como se verdades fossem.
Não precisa entender de política, para perceber e ver, que essa história da Fiesp, um colegiado de empresários bem sucedidos do estado mais rico, dizer que não quer pagar o pato, é outra grande mentira. Que quem, na verdade, sempre pagou o pato, foram os trabalhadores e parte da classe média assalariada do país. Mais uma farsa portanto.
Não precisa entender de política, para perceber, que o juiz Sérgio Moro, que se notabilizou com a campanha da operação Lava Jato da Polícia Federal. DESVIRTUOU totalmente os objetivos da operação que comanda, ao fazer o uso político da operação, quando negociou e revelou escutas telefônicas de conversa da presidente, para a maior rede de tevê do país. Tentando com isso, desestabilizar e criar um clima de comoção contra o governo. Levar o país ao caos político e incendiar as massas.
Além de tudo, que foi arrolado acima, não precisa entender de política, para saber que existem inúmeras outras razões claras e evidentes de todo o movimento golpista comandado por corruptos contumazes e notórios da república, travestidos de conspiradores.
Enfim, não precisa entender de política, para perceber e entender nada do que foi dito acima, porque está tudo tão claro, visível e à mostra.

2 comentários:

  1. Muito lúcido, Ciro. O juiz tentou "desestabilizar e criar um clima de comoção contra o governo. Levar o país ao caos político e incendiar as massas.", conforme você diz. Mas queriam prender o Lula exatamente porque iria "incendiar as massas" (eram essas palavras ou similares) segundo eles. Curioso - mas não surpreendente - vindo da parte de quem vem.

    ResponderExcluir
  2. É isso aí Ciro! Não é preciso se entender de política para se sentir que o país está sendo tomado por quadrilhas de bandidos. O diabo mente porque não tem nada mesmo a oferecer...

    ResponderExcluir