terça-feira, 24 de outubro de 2017

Justiçamentos na ordem do dia

Não quero entrar no mérito se o ex-governador Sérgio Cabral é culpado ou inocente, há elementos para que o seja, mas o ponto não é esse. É preciso apontar como funciona e está sendo conduzida a atual operação lava a jato, nesse sentido o vídeo da audiência de Sérgio Cabral diante do juiz Marcelo Bretas é um exemplo eloquente. A audiência deixa bem claro, a existência de elementos extrajudiciais mais do que suficientes na condução do processo. Assistam ao vídeo e vejam se essa é a melhor maneira de se portar um juiz, que deixa fortes indícios de haver outras motivações inconfessáveis por trás de tudo, e que acabou por punir um réu, apenas por ter ousado um pouco mais em sua estratégia de defesa. Aliás, só fui saber da punição hoje, punido com a transferência para  um presídio federal de segurança máxima em outro estado, porque o vídeo já havia assistido ontem. E o que tem me chamado atenção ultimamente nos julgamentos da lava a jato, agora públicos ou publicizados posteriormente, é a total desconsideração pelas peças da defesa, completamente ignoradas quando não vistas pelo juiz de plantão, nesse caso o Bretas, mas poderia ser Sérgio Moro, como uma ameaça ao magistrado, e em consequência vem mais punição. Estamos caminhando em direção ao Estado de exceção, ou já chegamos nele? Onde juízes costumam operar e conduzir justiçamentos. Ao concordar, dar apoio através das redes sociais, enfim legitimar hoje tais justiçamentos contra quem não gostamos, poderá ensejar amanhã o mesmo justiçamento contra um de nós, é bom jamais esquecer disso, os fascismos todos ao longo da história não tão distantes assim, estão todos por aí mesmo para mostrar como tudo isso funciona. Portanto não podemos compactuar com esse tipo de ação fora da lei, afinal de contas nos disseram e a Constituição de 88 confirma, que vivemos num Estado de direito. É preciso denunciar esses delitos praticados pelo judiciário ultimamente, sobretudo na operação lava a jato. Essa coisa de expor um suspeito apenas por indícios, ainda sem nenhuma prova confirmada, à total execração pública através de vazamentos seletivos para um determinado veículo de mídia, isso é criminoso, é a lógica do bandido, e não deveria ser a lógica da justiça. Sem falar nos aprisionamentos arbitrários, feitos de maneira coercitiva e sempre procurando ter a forte presença da mídia, de forma intencional, para causar impacto midiático de forma espetaculosa, realizados por parte de agentes do Ministério Público e da PF. Da mesma forma, quando um magistrado não se comporta mais como tal, bate boca com o réu de dedo em riste, faz ameaças em forte tom emocional, que só não perde o controle porque está no comando, é o juiz. E também não se comporta como tal, quando deixa de se manifestar apenas nos autos. Com isso, corre-se o risco da perda da cidadania, da quebra do Estado de direito, perda de regalias e garantias constitucionais, enfim da entrada no autoritarismo, ou seja, o fim da cidadania.  Alguns desses juízes viraram estrelas pop, "sex symbol", herói nacional ou celebridades extemporâneas. O sucesso pessoal é mais estimulante do que uma droga ilícita. Estão a toda hora buscando aparecer nas tevês abertas ou fechadas, para entrevistas, dar palpites sobre política, e até para opinar sobre algo sub judice, como se tem visto ultimamente. Já observei esse tipo de comportamento até mesmo em ministros do STF, como o Sr. Gilmar Mendes por exemplo, que é useiro e vezeiro disso. Sou absolutamente contra justiçamentos não importa quem seja o réu. Tudo isso me faz lembrar de um velho ditado popular, que dizia: "aquilo que a gente não quer para a gente, não oferece ao outro". É bom ficar ligado!