terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Arrebatamento



Medo de quê? Do ridículo? Da rejeição? Que não goste de mim? Bobagem! O que importa agora tudo isso? Censurar o desejo? Será loucura? Como me permitir ficar ainda tão perturbado com a tua presença? Será a tua beleza imponderável? Aliás, quanta beleza meu deus! É tudo tão absurdamente lindo! Sorriso, voz, jeito de falar e de ser, como se veste, ou melhor seria como se despe? Como é possível ainda existir uma criatura capaz de provocar tamanha agitação d'alma? Tamanha ebulição do ser! É claro, que nada é deliberado, pensado, armado. Simplesmente acontece, surge assim espantosamente e me desarma/desmonta/espanta e me faz desabar literalmente. Fiquei absolutamente a mercê. Estava tão passado, que quase me machuquei ao fechar a porta, era como se a cabeça não estivesse no comando das ações, agia no automático, quase que por impulso. O curioso nessas horas, é que sabemos perfeitamente do que precisamos fazer, para não agir no atropelo, mas o meu eu não estava ali no comando das ações. Só mesmo os anos de vida não me deixaram bandeirar. Dissimulei e engoli a saliva da perturbação. Agi conforme o figurino da sociabilidade educada, infelizmente. Embora não acredite mais que alguém não perceba quando provoca tamanho arrebatamento no outro. É uma linguagem cifrada, quase um código, tem os olhares, que se percebe, ainda bem! Como é bom, quando recebemos um sinal qualquer de aprovação, de reconhecimento, de um olhar cúmplice, mesmo sem o verbo do dizer. Ora viva! Agradamos!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Porque o mundo parou de crescer

Com a recente notícia divulgada, que apenas UM por cento da população economicamente ativa mundial é dona de 50% de toda a riqueza do planeta. E apesar dos ideólogos do capitalismo financeiro afirmarem o contrário, acho que não precisa ser economista para perceber, que a consequência lógica dessa concentração da renda em tão poucas mãos, além de levar ao aumento da desigualdade no mundo rico e desenvolvido, LEVA também, por sua vez, as economias dos países à recessão. Porque, com a enorme e crescente concentração da renda em poucas mãos, diminui o número dos potenciais consumidores, e em consequência, diminui a produção, já que não tem mais tantos consumidores em condições de comprar como havia antes. Em seguida surge o desemprego, e o arrocho salarial, para quem permanece no mercado de trabalho. Para quem conseguiu manter-se empregado, com o receio de perder o posto, passa a aceitar condições impostas pelos patrões, agora bem mais draconianas que antes. Diminui a ação efetiva dos sindicatos, agora postos sob suspeita, e os seus principais líderes espionados pelos órgãos de segurança do Estado, atualmente em mãos de forças políticas pro-mercado. Quem lê essa rápida resenha, vai achar que estou falando de uma ditadura exótica do terceiro mundo; pelo contrário, essa situação está em andamento nos países mais desenvolvidos do mundo ocidental, como os Estados Unidos e a Inglaterra, que desde os anos oitenta do século XX, resolveram adotar a liberalização do capitalismo financeiro, afrouxando ou acabando com os instrumentos de estado para regular a especulação financeira, e assim, reduziram ou levaram a quase zero, a taxação sobre heranças e grandes fortunas, achando com isso, que iriam alavancar a economia mundial. De lá pra cá, só se tem visto é uma sucessão de crises nas economias dos países ricos, uma atrás da outra, que culminou em 2008, na pior de todas, alguns afirmam, só inferior à crise de 1929. Apesar de tudo, os ideólogos do neoliberalismo não se dão por vencidos ou convencidos, tornam-se cada vez mais radicais e ortodoxos em suas análises da situação. E como são governo em algumas economias importantes do mundo, não mudam a forma de pensar, e para sair da crise causada pelas políticas propostas pelos próprios, prescrevem o remédio amargo da austeridade. Como está ocorrendo na Europa, em diferentes países, levando ao desespero do desemprego, à redução no valor das aposentadorias e pensões, e dos salários. Conseguindo com isso, trazer imensas massas de volta à pobreza.
Por outro lado, em 2002 o nosso país, através do voto, decidiu seguir outro caminho, quando elegeu Lula. É claro, que a mudança não foi imediata, porque a pressão do mercado financeiro foi enorme, foi necessário se fazer muita concessão ao mercado. Apesar de tudo, com uma política de emprego e renda implantada com sucesso, e mais a valorização do salário mínimo,  fez por onde elevar o aumento do consumo das famílias mais pobres da sociedade, e assim, se conseguiu retirar da exclusão e da indigência um grande contingente da população, fala-se em dezenas de milhões. Com isso, de lá pra cá, o nosso país andou na contramão da ordem mundial, diferente do movimento, do assim chamado, mundo rico e desenvolvido, e dessa forma pudemos passar pela imensa crise econômico financeira mundial, sem desemprego em massa e arrocho salarial, como ainda ocorre em alguns países da Europa, como é o caso da Espanha, Grécia e Portugal por exemplo. Em época de crise, conseguir manter o emprego e a renda é fundamental para qualquer criatura, é o básico. Portanto para espanto de todos, eis que surge um candidato nessa campanha eleitoral, que através do seu ideólogo mor, que foi presidente do Banco Central no segundo mandato de FHC, o economista Armínio Fraga, que quer porque quer levar a economia do país de volta ao neoliberalismo. A propósito de Armínio Fraga, sabemos que ele trabalhou e continua a trabalhar, para esses 1% mais ricos da população economicamente ativa mundial, ele inclusive por ter dupla cidadania, foi cogitado em certa ocasião, teve o nome lembrado para trabalhar no governo americano. Um verdadeiro lacaio do capitalismo financeiro internacional, trabalha com afinco para essa gente lucrar cada vez mais, como foi o caso de George Soros, a quem ajudou a tornar mais rico do que já é. Não consigo entender o que leva gente de boa-fé, desejar através do voto, fazer um personagem com esse curriculum, voltar a cuidar da economia dos brasileiros. Que risco e perigo o país corre. Não seria colocar uma raposa tomando conta do galinheiro?






terça-feira, 30 de setembro de 2014

Os rentistas não desistem nunca

Não demonizo jamais aqueles que, por essa ou aquela razão, conseguiram amealhar algum dinheiro, e hoje podem viver quase ou exclusivamente do rendimento desse dinheiro, seja no rendimento de aluguéis ou o rendimento de aplicações financeiras no mercado de capitais, bolsa de valores ou outras aplicações, seja qual for. Cada um vive como pode e quer. Agora também é preciso compreender, que a lógica política desse pessoal que vive de rendas, não é o mesmo daqueles que vivem exclusivamente de salários ou proventos de aposentadoria. Principalmente hoje em dia, numa época pós crise financeira de 2008 nos EUA, que depois se estendeu para a Europa, de onde não saiu até agora, pode-se ter certeza quase absoluta dessa diferença e dessa lógica. Costuma-se denominar hoje em dia esse pessoal que vive de rendimentos do mercado de capitais de RENTISTAS, então vamos chama-los também dessa mesma forma: RENTISTAS. Esse pessoal, visando aumentar os lucros cada vez mais em suas aplicações, procuram a orientação de gestores de finanças sofisticados no mercado financeiro, visando otimizar os rendimentos, e dessa forma diversificam as aplicações em diferentes papéis e ativos financeiros, com mais ou com menos riscos, de acordo com o perfil do aplicador, e assim eles tocam o seu dia a dia e a sua vida, de acordo com os interesses imediatos, ou seja: procurar cada vez mais atingir o máximo de rendimento possível com o capital financeiro amealhado e os rendimentos sempre crescentes. Todos sabem, que os rentistas num país como o Brasil, não chegam a um por cento da população economicamente ativa, portanto eles constituem uma minoria mínima, do ponto de vista quantitativo. Muito embora, por terem muito mais dinheiro do que o restante da população assalariada, são muito mais influentes também, e por essa razão causem um barulho midiático enorme. Não é difícil reconhecer, que há uma enorme distância, entre os interesses e necessidades de um grupo e outro. É natural, que os objetivos de uns não sejam os mesmos dos outros, ou seja os objetivos dos rentistas são diferentes dos interesses dos que aguardam o seu salário no final do mês. E essas diferenças são marcantes nas idéias, nos valores, no gosto estético, na culinária, mas principalmente na política. Uns são mais ricos e influentes, embora minoritários, e os outros, os assalariados, a maioria da população, apenas se submetem. Ambos os grupos vivem sob o mesmo regime político, ou seja o regime democrático sujeito a mudança periódica de governo através do voto. O que não pode acontecer, é um grupo pequeno apesar de influente, usando de todo tipo de tática e estratégia, querer impor o seu gosto político e ideológico, visando atender e atingir apenas os seus interesses particulares, impor portanto seu gosto para a maioria da população. Nada mais ideológico, ou seja quando torno um interesse meramente particular, que beneficia apenas uma minoria, em algo universal, isto é: para todos. É dessa forma que o rentismo está agindo na atual campanha política dessas eleições gerais no país, isto é, estão tentando levar para a maioria da população, a crença de que uma narrativa conservadora, que vai beneficiar menos de UM por cento da população, será bom para todo mundo. Que falácia! Será que eles ainda acham que vão conseguir convencer a todos com essa mentira picareta. Tenha dó!

 

domingo, 28 de setembro de 2014

A mentira tem pernas curtas

Tenho ultimamente me indagado com frequência do porquê do insucesso da mídia hegemônica em sua campanha de massa contra a presidente da república. Por que será que essa campanha não está surtindo o efeito esperado e desejado? Tem se falado muito no conceito de desconstrução, que de Derrida mesmo não tem nada, pelo menos no que tenha observado até agora. Talvez pensem que desconstruir é simplesmente desqualificar o adversário durante um período de tempo, e tudo bem. Sabemos desde o último Heiddeger, que a linguagem está muito longe de continuar a ser puramente representacional, portanto o dado/fenômeno pode ser expresso de muitas e várias maneiras diferentes, de forma que por mais que se fale jamais se esgota o dado. Logo não adianta eu daqui da minha poltrona negar um dado da realidade, seja política, social, econômica ou artística, e dessa maneira achar que desconstruí alguma coisa, que todos daqui por diante irão aceitar apenas a minha versão dos fatos. Talvez as coisas ainda acontecessem dessa forma no século XIX ou nas primeiras décadas do século XX. Na grande maioria da crítica realizada pelos opositores da presidente, tanto a feita por políticos, como a da mídia oligopolista, é nítida no teor delas um tom a mais nas tintas, há sempre um certo exagero, que tende perigosamente em direção à mentira. Quando essa cantilena crítica permanece na mesma toada durante muito tempo, como é o caso agora, leva os leitores à fadiga e ao descrédito daqueles formadores de opinião, salvo quem já foi convertido àquele credo. Daí o pouco ou quase nenhum impacto desses ataques junto à opinião pública e aos milhões de eleitores pelo país afora, como mostram as últimas pesquisas eleitorais. É claro, que se costuma desqualificar também os eleitores, dizendo que são analfabetos funcionais, que não entendem nada, que são compostos de massas ignorantes dos rincões dos sertões do nordeste e do norte do país, falam de curral eleitoral e de massas completamente dependente do bolsa família, a fim de justificar porque eles não estão respondendo aquela critica massiva veiculada. Também não é mais evidente, que aquilo que é dito e escrito nas crônicas de articulistas opositores nos jornais, revistas e na televisão, seja factível. Os eleitores não acreditam mais nessa ladainha crítica, completamente inadequada entre o discurso e a realidade factual. Em alguns desses articulistas de oposição é nítido um tom de ódio, o exagero nas análises e nas pinceladas, de forma que fica difícil catalogar o estilo como surrealista, abstrato ou expressionista. Alguns chegam a ser patéticos. Distorcem os fatos e as falas da presidente ao seu bel prazer. Agora mesmo no encontro de chefes de estado na abertura das atividades da ONU, elas distorceram de tal forma a fala da presidente em suas análises, que realmente não consegui levar a sério quase nada do que encontrei na imprensa a esse respeito. O editorial de um grande jornal chegou a afirmar que a presidente propôs o diálogo com os terroristas do Estado Islâmico, distorcendo dessa maneira completamente a fala da chefe de estado. Diante desse quadro, talvez já esteja batendo um certo desespero, até mesmo quem sabe um descontrole emocional em alguns desses formadores de opinião, já que eles não conseguem entender como é que eles batem tanto na presidente e ela não cai nas pesquisas de opinião. Por isso estão cada vez mais raivosos e rancorosos com a opinião pública, que eles não estão conseguindo atingir e manipular como gostariam. Alguns chegam até mesmo a atacar agora o próprio regime democrático, pois só um regime democrático, que supõe o voto e a escolha através do voto pelo gosto da maioria, que desmerece a opinião dos mais sabidos, que são segundo os próprios, os articulistas de oposição. Tem gente falando até em ditadura da maioria. Tudo isso é muito cansativo para quem ler jornal e encontra esse conteúdo de ódio todos os dias, não é provável que essa estratégia equivocada da oposição midiática vá diminuir tão cedo, principalmente agora nessa época pré-eleitoral, eles são infatigáveis, eles não desistem, mesmo que percam mais uma vez as eleições. A nossa mídia dominante é muito conservadora e reacionária, salvo aqueles jornalistas e escritores mais independentes, que não precisam mais se submeterem às cartilhas dos patrões, mas esses infelizmente são poucos.    

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A onda pessimista




Tem sido visto com frequência, nessa época de copa do mundo, alguns comentários de certos brasileiros, que com muito custo tem se rendido à euforia da Copa. Que está difícil para eles entrar no clima da Copa, porque querem um país melhor, e por essa razão fica difícil torcer pelo Brasil. Na verdade eles foram, como muitos outros brasileiros, contaminados pela onda de pessimismo, que assola o país inteiro patrocinada pelos meios de comunicação dominantes e pelos políticos de oposição em ano eleitoral. Quem disse que querer um país melhor significa torcer contra o país e mergulhar no pessimismo? Os analistas de plantão tentando compreender o fenômeno, dizem tratar-se de comportamento de manada, burrice ou até mesmo desonestidade intelectual. Por que será que desejar o melhor para o país, significa que não possamos reconhecer o mérito daquilo que já melhorou? Ou que está a caminho de melhorar, como é o caso das obras de infraestrutura, que como sabemos demoram mesmo em qualquer lugar do mundo, é o caso por exemplo do VLT carioca, além de muitas outras pelo país afora. Aliás essa onda pessimista lembra muito o lacerdismo dos anos 50 e 60 do século passado, um udenismo que só sabia fazer a política do quanto pior melhor, da desqualificação constante do adversário político, nada que o oponente fizesse ou propusesse era aceito. Como grande parte das propostas de políticas públicas da UDN eram antipopulares, e para não perder votos, eles se valiam a maior parte do tempo, da tática da desqualificação de quem estivesse no governo. Fizeram isso com Getúlio Vargas, com a chamada campanha de difamação e do mar de lama de Carlos Lacerda diariamente nos jornais e no rádio, que eram os veículos de mídia mais importantes na época. Fizeram uma pressão monstruosa contra o velho, com ameaças de todo tipo, inclusive de golpe de Estado. E que acabou levando o velho Vargas ao suicídio em agosto de 1954. Agora, o que é curioso nessa história, é que para os adversários políticos do governo atual, usar uma estratégia política da desqualificação do adversário o tempo todo, como deu certo e funcionou em 1954, continuem a fazer a mesma coisa hoje, em plena segunda década do século XXI. Talvez eles continuem a acreditar naquela máxima nazista, de que uma mentira repetida à exaustão, torna-se automaticamente verdade.