terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Arrebatamento



Medo de quê? Do ridículo? Da rejeição? Que não goste de mim? Bobagem! O que importa agora tudo isso? Censurar o desejo? Será loucura? Como me permitir ficar ainda tão perturbado com a tua presença? Será a tua beleza imponderável? Aliás, quanta beleza meu deus! É tudo tão absurdamente lindo! Sorriso, voz, jeito de falar e de ser, como se veste, ou melhor seria como se despe? Como é possível ainda existir uma criatura capaz de provocar tamanha agitação d'alma? Tamanha ebulição do ser! É claro, que nada é deliberado, pensado, armado. Simplesmente acontece, surge assim espantosamente e me desarma/desmonta/espanta e me faz desabar literalmente. Fiquei absolutamente a mercê. Estava tão passado, que quase me machuquei ao fechar a porta, era como se a cabeça não estivesse no comando das ações, agia no automático, quase que por impulso. O curioso nessas horas, é que sabemos perfeitamente do que precisamos fazer, para não agir no atropelo, mas o meu eu não estava ali no comando das ações. Só mesmo os anos de vida não me deixaram bandeirar. Dissimulei e engoli a saliva da perturbação. Agi conforme o figurino da sociabilidade educada, infelizmente. Embora não acredite mais que alguém não perceba quando provoca tamanho arrebatamento no outro. É uma linguagem cifrada, quase um código, tem os olhares, que se percebe, ainda bem! Como é bom, quando recebemos um sinal qualquer de aprovação, de reconhecimento, de um olhar cúmplice, mesmo sem o verbo do dizer. Ora viva! Agradamos!