Em geral uma mente mais simples, é mais fácil ser levada a acreditar na primeira hipótese, como razão de ser de um fenômeno qualquer. As coisas acontecem, mesmo que aparentemente apresentem uma causa mais determinante para a sua efetividade, tem também uma série de outros fatores ou causas como origem, causas menores evidentemente, mas que também tem influência no episódio, no acontecido. Por não está habituada a exigir mais da sua própria mente em voos mais ousados, uma mente mais simples acredita de cara na primeira causa, que lhe dão como razão de ser e pronto. Não acostumou o cérebro ao exercício diário de questionar aquilo que recebe e observa no mundo cotidiano, aceita quase tudo como verdadeiro, não sabe o que é ceticismo, não duvida de nada, e por acreditar em quase tudo, acabou tornando-se um crente, não no sentido restrito da palavra, mas no sentido lato, aquele que acredita. Tudo isso, a ponto dos mais maliciosos, considera-los ingênuos, ou naîves para os mais intelectualizados. Uma mente em tal estado, torna-se muito mais vulnerável aos aproveitadores, seja que aproveitador for, desde um político de plantão até mesmo um pastor picareta de ocasião, os chamados falsos profetas. Tornam-se vítimas enganadas e manipuladas com muita facilidade, quase uma massa de manobra, uma manada. Em tudo que ali se planta, floresce, cresce e esparrama-se para tudo que é lado, até mesmo um preconceitozinho qualquer. Hoje isso, amanhã planta-se aquilo, e assim vai se espalhando a plantação dos preconceitos, que vai cultivando e a proliferar terra a dentro, no afã de querer logo ser safra a ser colhida, para entrar no mercado. É triste constatar essa situação, mas tem sido assim, que as coisas têm se passado ultimamente. A gente mais simples tem sido manipulada, por grupos mal intencionados, seja de que interesse for, esse ou aquele, como campo fértil propenso a espalhar e reforçar determinados preconceitos, ali planta-se o veneno, que floresce e prospera, e em seguida faz um mal danado, não só ao alvo a ser atingido, mas ao próprio hospedeiro eventual do preconceito, que em vez de estar a aproveitar a vida da melhor maneira possível, está a perder tempo perseguindo membros de grupos discriminados e atacados pelos setores mais conservadores da sociedade. Estão portanto a serviço de, sem ter noção nenhuma do fato, sem consciência. Tem sido observado ultimamente, não apenas em terras sul-americanas, certos grupos de interesses na busca por legitimar algumas práticas antipopulares, utilizando-se dessa ferramenta de manipulação de massa, e depois do serviço feito e realizado, é feita uma pesquisa tipo ibope, algo plebiscitário, para justificar e legitimar algo, que de outro modo desagradaria em massa. É o chamado mau uso do vocábulo democracia. Portanto, é bom estar ligado.
Na forma de Crônicas e ensaios, abordo assuntos da Política e da Filosofia, e alguma invenção nos contos.
sexta-feira, 22 de julho de 2016
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Absolvição ou demonização? Eis a questão
Fico triste
as vezes, quando ouço ou vejo um jovem ainda nos seus vinte e poucos anos, se pôr a
demonizar gays, maconha, o aborto ou seja lá o que for. Está havendo um
retrocesso conservador no país, depois de um relativo rápido avanço nos últimos
quinze anos. É visível como a narrativa evangélica, e toda a sua ladainha, tem
servido para alavancar a candidatura de pseudo-pastores, pseudo porque em sua
grande maioria jamais estudaram teologia, não têm preparo intelectual nenhum. Pois
bem, muitos desses picaretas estão hoje deputados federais, caíram de
paraquedas na Câmara dos Deputados em Brasília, no Congresso Nacional, viraram
congressistas da noite para o dia. É fato também, que já existia uma bancada
evangélica no Congresso, mas não passava de uma minoria, que era até certo
ponto, bastante folclorizada pela imprensa da época. Hoje em dia não, eles são
quase hegemônicos, mas não estão sós nessa cruzada conservadora que assola o país
ultimamente, contagiando e contaminando a tudo e a todos, tem as bancadas de todos
os bês da República, é ‘b’ isso, ‘b’ aquilo, tem boi, bíblia, bala, banca, e
vai por aí a fora. A pauta dessa gente é a pior possível, em termos da redução
de direitos, e o pior, de direitos já conquistados e assegurados pela Carta
Magna, que é a Constituição Federal de 1988. Portanto a agenda dessa gente é só
retrocesso na questão de direitos civis e cidadania das populações
minoritárias, sujeitas a preconceitos e bullying. Não se dando por satisfeitos
nessa perseguição, agora querem por que querem a total criminalização contra
todos os movimentos de emancipação e libertação da camisa de força dos adeptos
da chamada normalidade padrão, de um sistema social injusto, excludente,
favorável apenas aos senhores e ao status quo. Agora o alvo dos ataques tem
sido com frequência os gays e todas os grupos organizados, que lutam por mais
direitos, como é o caso do movimento de libertação do mundo homo afetivo ou
outros do movimento LGBT, que hoje são não só apenas demonizados em discursos
inflamados, francos e abertos na Câmara de Deputados, com a tevê pública
transmitindo ao vivo para todo o país, jogando toda a população contra tal
grupo perseguido, mas sobretudo criminalizado. O que é terrível, porque é como se
estivéssemos voltando aos anos sessenta do século passado. E o grupo LGBT não
foi escolhido por acaso, como se fosse num sorteio maldito, não, é algo
deliberado, porque significativo e simbólico, os gays representam tudo, que
desejam reprimir com a bíblia deles, nada de gente feliz, bem transada e
resolvida sexualmente, quanto mais se reprimir a sexualidade de todo mundo,
melhor será feito o controle social, econômico e político. Viver dentro de
religião, qualquer uma que seja, é sempre viver em manada, como se cordeiro
fosse, sob a tutela dos pastores, não pode jamais ousar jogar água fora da
banheira, tem que andar na linha, não pode isso, não pode aquilo. Pura
repressão. Todo mundo faz apenas o que reza a cartilha do pastor de almas de
plantão. Portanto, escreveu não leu o pau comeu. É verdade, não é mole não.
E
os gays ameaçam com o seu comportamento desviante, fora da norma e do padrão
vigente e estabelecido, apesar de muitos de seus membros, além de
gays serem também cidadãos sérios, completamente inseridos socialmente, criativos,
produtivos, inteligentes, sociáveis e estáveis emocionalmente. Não importa,
anátema em todos eles, dizem certos setores contrários a aceitação e tolerância
ao desviante, que veem como transgressores, com condenação absoluta aos
infernos no dia do juízo final. Quando disse no início, que fico triste quando
presencio e sou testemunha de certos comportamentos demonizantes contra grupos
minoritários, dói o coração, porque sinto que esse conservadorismo está
chegando na ponta, no sujeito simples, no pai de família, que toma uma cervejinha
no bar da esquina, e repassa, replica o preconceito disseminado pela mídia. Uma pena
que isso esteja acontecendo em nosso país, um país ainda com um déficit de
cidadania clamoroso, que precisa mais do que os outros avançar ainda muito
mais, em busca de conquistar e ampliar mais direitos civis para todos,
incluindo mais e não o contrário, todos os demais grupos minoritários e
discriminados da sociedade.
terça-feira, 12 de julho de 2016
Savoir faire
É difícil entender como se dá certos processos na vida do dia a dia, como se constitui, como é a sua maturação, a sua “démarche” como gostam de dizer os franceses. Há momentos em que procura-se fazer a coisa certa, e não se consegue obter o resultado esperado, e em outros acontece exatamente o contrário. Como na vida vive-se entre erros e acertos sempre, é melhor e mais seguro não apostar todas as fichas só no imponderável, é mais seguro e prudente procurar se preparar da melhor forma possível, criar as condições ideais para buscar alcançar determinado objetivo, mesmo que não tenhamos o sucesso esperado. Não tem importância, quando o sucesso não pinta, deixa-se para uma segunda vez, para a próxima chance. Também não temos nenhum controle, quando as chances aparecem, as chamadas “oportunidades”, que poderão ser bem aproveitadas ou não. É verdade, que alguns indivíduos têm aquilo que os experts chamam de senso de oportunidade, os mais hábeis quase não perdem uma chance, é o caso de alguns craques de futebol diante do gol. Como não tenho como saber de imediato, a razão porque acontece determinada coisa, criei uma estratégia, que por enquanto tem dado certo, adio a solução da equação e atribuo toda a responsabilidade pelo episódio à força misteriosa, àquilo que chamo de magia. Por enquanto tem dado certo, e quando não encontro uma explicação razoável para algo inusitado, não esperado nem desejado, que tenha acontecido, e que ainda não consiga ter acesso a compreensão e entendimento do fenômeno, chamo de magia. Nesse caso jogo um monte de coisas inexplicadas no mesmo balaio, jogo quase tudo, muita coisa, desde pequenas manifestações de vida não programadas e portanto inusitadas, o desdobramento de algo muito longe do esperado, mas que acontece, surge de repente, aparece na sua frente, como se tivesse caído de paraquedas, de bandeja. Não tinha pensado naquilo, não havia programado nem desejado, e mesmo assim aconteceu. À primeira vista não sabemos porque, não temos como saber a respeito de muita coisa que acontece. Afinal de contas, precisamos algumas vezes, pelo menos, ter a honestidade em reconhecer, que não podemos saber tudo, é impossível, não tem como.
Assinar:
Postagens (Atom)