terça-feira, 5 de abril de 2016

Resistimos ao golpe fatal?





O artigo: "Lava jato quer tirar Brasil do BRICS e CELAC" de Beto Almeida. 

É um excelente artigo, com uma visão macro de um campo mais amplo possível da realidade internacional, o das relações entre os países, da relação de cada país com seus pares e com outros nem tanto. Com potências muito mais fortes em todos os sentidos, principalmente militarmente, e que já deu provas mais do que o suficiente de sua capacidade em várias partes do planeta. Como vimos no Iraque em 2003 e recentemente na Líbia, a Síria foi uma tentativa não muito bem sucedida, frustrada, embora não tenham desistido completamente dela. A Ucrânia continua dividida. A Rússia sofrendo um bloqueio econômico com vários impedimentos comerciais diante do mundo rico. É uma visão na órbita de assuntos ligados à geopolítica, mas que também tem uma ligação bem estreita, várias conexões com tudo o que está acontecendo hoje em dia internamente no país. Muitas conexões. Porque está tudo ligado, e não poderia ser diferente, na verdade ignoramos mais do que sabemos fazer a leitura correta das conexões entre os fenômenos narrativos, nesse ponto o instrumental filosófico auxilia e ajuda um pouco destrinchar e revelar o que está por trás, nos bastidores, fazendo pressão sem aparecer, sem mostrar claramente envolvimento material. Finalmente a inteligência brasileira está abandonando a corrente da fragmentação do discurso e do pensamento, que foi hegemônica entre nós até recentemente, e que não interessa nem um pouco aos nossos interesses. Não trabalha a nosso favor, pelo contrário, atenta contra esses interesses, contra as empresas nacionais, onde o jogo da competição continua sujo, desleal e invisível, embora vejamos os seus efeitos materializados na piora dos negócios das empresas nacionais, além da sofisticada espionagem desigual invisível. Donde a importância de uma visão macro da conjuntura ser fundamental, para se poder criar as condições políticas necessárias para enfrentar e superar as dificuldades. É bom estar alerta, porque a potência matriz do liberalismo econômico quer levar tudo, ganhar todos os mercados, com apetite e ganância feroz. Uma fome por ganhos e vantagens incomensurável. Como diz um trecho do artigo que copiei: "Vale contar uma história de como, em 1980, a Odebrecht perdeu uma concorrência no Chile de Pinochet. Recém eleito, Ronald Reagan, telefonou diretamente a Pinochet para interferir numa licitação para uma obra de infraestrutura no país andino, para que ela não fosse vencida pela Odebrecht e sim por uma empresa dos EUA, tal como ocorreu. Reagan prometeu a Pinochet que desativaria a campanha de direitos humanos que o Presidente Carter vinha fazendo contra a sanguinária ditadura chilena." Enfim, a força da grana fala mais alto, quer dizer a força do império, disposto a impor as suas empresas em todos os mercados, ocupar todos os espaços pela lógica do lucro, não importam os meios. A Odebrecht vem sendo a pedra na chuteira das empreiteiras norte-americanas, pelo menos, pelo que diz o artigo desde 1980, portanto prejudicá-la agora no plano interno, em sua capacidade de trabalho e de investimento, impedindo que empregue mais trabalhadores brasileiros, etc., como está fazendo a operação Lava-jato do juiz Moro. Não seria também atender os objetivos e interesses dos negócios de adversários muito mais fortes, amparados por governos de potências imperiais, que não querem pôr a perder um milímetro que seja do seu poderio e dominação, sobretudo no campo econômico? Novamente a lógica do lucro dominando tudo. Querem enfraquecer nossas empresas e nossa economia não importam os meios. Se o que está atrapalhando, que continua criando problemas, para as suas empresas multinacionais, e que ainda por cima, recebem o apoio do governo local para se fortalecer, incluindo financiamento de bancos públicos brasileiros. O remédio é espionagem em cima. Se o problema permanece. Qual é o problema? Se um determinado governo está criando problemas. Espiona-se o governo e as suas empresas protegidas, por um longo período, por alguns anos, até que uma estratégia seja preparada meticulosamente, que possa produzir os resultados desejados com eficácia e eficiência. Em seguida inicia-se os movimentos de conspiração para valer, incluindo o aliciamento e a cooptação de agentes públicos, agentes de estado, como juízes e outros. Em seguida, cuida-se do aparelho ideológico da informação, do sistema de comunicação de massa do país, com a criação de uma narrativa única padrão, fácil de transmitir para as massas, e para a classe média em particular através dos jornais e da tevê paga. Para pôr em andamento o movimento de derrubada do regime político ou governo, que está impedindo os seus negócios. Se o problema é o governo, derruba-se o governo, não importa quem seja. Se tem alta popularidade, trabalha-se a mídia, elabora-se uma nova narrativa, e impõe-se a divulgação daquela lorota através dos meios de comunicação. Trabalha-se o processo de desconstrução da imagem e de traços favoráveis ao governo de plantão, para reverter tudo absolutamente ao contrário, desgastá-lo até o limite máximo perante a opinião pública, através do processo de desqualificação, desmoralização e demonização radical de massa. Pronto, o golpe está pronto, só falta dá-lo. Por tudo que passou ao longo da história o Brasil não deveria mais cair nesse tipo de tramoia, conto do vigário, porque está tudo muito nítido e claro. Primeiro espiona-se, depois prepara e finalmente dá o golpe fatal. Acho que já chega, não é mesmo? Golpe desse tipo, já caímos em 1964. Já está de bom tamanho. Mais do que suficiente. Não vamos mais passar por isso.


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