Dizem que o amadurecimento não tem prazo de validade, não tem fim, não tem limite. Tem gente, que surpreendentemente decide parar, estaciona em um determinado degrau da vida, os anos prosseguem, não tem jeito, e ela fica por ali, numa boa. Os mesmos velhos hábitos e rotinas, como se, mesmo sabendo, que o tempo não para, não para ela, que não tem regras a cumprir e respeitar. Respeitar limites.
Então para numa
estação particular, onde não está desconfortável, gosta do estilo de vida, que
enfim encontrou, se considera muito bem, está curtindo o que está
rolando. Bacana. Subitamente, uma mudança repentina, e problemas começam a rondar o ambiente, porque os
anos estão passando velozes. Os probleminhas vão aparecendo aqui e ali, seja na
saúde, na insegurança com as mudanças, sutis ainda, seja na aparência física, mudanças que estão vindo à luz, e que
ela eleva a vigésima potência, exagera.
O que vai produzindo insegurança com a
aparência de forma exagerada, sem necessidade. A isso vai se somando uma série
de pequenos problemas, que vão se acumulando, e em consequência vai alterando o seu estado de humor. Está evitando sair. Com a morte de Eva, perdeu
sua única parceira de boteco, entrou em seguida num certo luto com a perda da amiga, depois mergulhou num ostracismo total. É de casa para o trabalho, do trabalho
para casa, as vezes um ou outro almoço, ou jantar fora, quase sempre sozinha, só muito raramente, com um amigo qualquer, e em seguida volta correndo para o aconchego do lar, como precisasse se proteger dos humanos, se proteger
da megalópole, fugir de todos, escapar.
Volta para a sua zona de conforto, para casa, para o computador, um pouco de tevê, um chocolate quente antes de
dormir. Amanhã terá compromissos inadiáveis, acaba de pensar nisso, e assim vai tocando a vida. Mas diz
que está doida para namorar, só não sabe como providenciar, esqueceu, está
destreinada, sobretudo agora, que está fora da pista há anos, saeculorum. Não que não passe pela cabeça um dia sair, criar coragem para encarar uma saída
noturna, um boteco, sabe que precisa encontrar ânimo, ainda não sabe como nem
onde, mas gostaria de pagar o preço. Quando será? Não sabe por enquanto, mas
diz acreditar, que qualquer hora dessa sai, pelo menos que saia a ideia. De
posse da ideia, diz: “vou construir minha historinha, a minha narrativa
particular, mesmo que pareça uma fábula, será importante tê-la na cabeça, para
poder enfrentar as ruas de cabeça erguida, saber olhar, ver e enxergar, saber o que quero." Coisa que ainda não
conseguiu e precisa conquistar.
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