quinta-feira, 28 de abril de 2016

Ela queria minha atenção




Dizem que o amadurecimento não tem prazo de validade, não tem fim, não tem limite. Tem gente, que surpreendentemente decide parar, estaciona em um determinado degrau da vida, os anos prosseguem, não tem jeito, e ela fica por ali, numa boa. Os mesmos velhos hábitos e rotinas, como se, mesmo sabendo, que o tempo não para, não para ela, que não tem regras a cumprir e respeitar. Respeitar limites.

Então para numa estação particular, onde não está desconfortável, gosta do estilo de vida, que enfim encontrou, se considera muito bem, está curtindo o que está rolando. Bacana. Subitamente, uma mudança repentina, e problemas começam a rondar o ambiente, porque os anos estão passando velozes. Os probleminhas vão aparecendo aqui e ali, seja na saúde, na insegurança com as mudanças, sutis ainda, seja na aparência física, mudanças que estão vindo à luz, e que ela eleva a vigésima potência, exagera.
O que vai produzindo insegurança com a aparência de forma exagerada, sem necessidade. A isso vai se somando uma série de pequenos problemas, que vão se acumulando, e em consequência vai alterando o seu estado de humor. Está evitando sair. Com a morte de Eva, perdeu sua única parceira de boteco, entrou em seguida num certo luto com a perda da amiga, depois mergulhou num ostracismo total. É de casa para o trabalho, do trabalho para casa, as vezes um ou outro almoço, ou jantar fora, quase sempre sozinha, só muito raramente, com um amigo qualquer, e em seguida volta correndo para o aconchego do lar, como precisasse se proteger dos humanos, se proteger da megalópole, fugir de todos, escapar.
Volta para a sua zona de conforto, para casa, para o computador, um pouco de tevê, um chocolate quente antes de dormir. Amanhã terá compromissos inadiáveis, acaba de pensar nisso, e assim vai tocando a vida. Mas diz que está doida para namorar, só não sabe como providenciar, esqueceu, está destreinada, sobretudo agora, que está fora da pista há anos, saeculorum. Não que não passe pela cabeça um dia sair, criar coragem para encarar uma saída noturna, um boteco, sabe que precisa encontrar ânimo, ainda não sabe como nem onde, mas gostaria de pagar o preço. Quando será? Não sabe por enquanto, mas diz acreditar, que qualquer hora dessa sai, pelo menos que saia a ideia. De posse da ideia, diz: “vou construir minha historinha, a minha narrativa particular, mesmo que pareça uma fábula, será importante tê-la na cabeça, para poder enfrentar as ruas de cabeça erguida, saber olhar, ver e enxergar, saber o que quero." Coisa que ainda não conseguiu e precisa conquistar.

    

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