sexta-feira, 15 de abril de 2016

Sem medo de errar 2


Evitando tornar o tamanho do texto anterior maior do que acabou ficando, omiti outra influência fundamental, uma influência importante, quase a gota d’água para a mudança de postura, e que contribuiu de forma relevante, para perder o medo de publicar. Foi o encontro com alguns membros da nova onda em voga, a dos “fashion filósofos”, que aliás, tentei retratar em outro post com link disponibilizado no final desse texto. É que, a se acreditar naquilo que defendem ardentemente, mas antes  de tudo, devo e preciso dizer, que esse não é o meu caso. Não acredito nesse tipo de filosofia, ponto, embora sejam inegáveis as manifestações do comportamento de manada na população, sobretudo na relação público/leitor e os "mass midia", fenômeno relevante, que eles tentam entender e abordar. Os adeptos da corrente em voga da chamada “fashion philophy”, ou seja, o sujeito adepto e fã de carteirinha das novidades e das tendências top. De questões como: "Quais são as últimas novidades?" Ou de: "Essa é a questão principal? Ou daquele: "O que está rolando? E aonde?" Uma espécie de investigador do conhecimento, que está mais para caçador de vanguarda, do que para pesquisador. Por intermédio de alguns deles fui alertado, com uma espécie de toque, uma leve e sutil advertência, cuja intenção era me oferecer algo, que me ajudasse a escapar do "anacronismo". Será que buscavam me curar? “Veja, é preciso ter um certo cuidado com esse negócio da VERDADE", disse um deles. "A noção de verdade está totalmente por fora hoje”, afirmou outro e em seguida já emendou: "não existe verdade!". Me contive o quanto pude, mesmo não sendo especialista em epistemologia e lógica. Me contive, porque sei, que negar a existência da verdade com a veemência proferida, era uma contradição nos termos, pois a ser verdade aquela negação da verdade, dizer “que não existe verdade” também seria falsa e não verdadeira, pois se não existe verdade, tampouco poderá ser verdadeiro os discursos que tratam do assunto. Mesmo se tivessem posto a ressalva: “salvo o que estou afirmando agora”. A questão ficaria sem solução, cairia-se num impasse, num beco sem saída. Da mesma forma que tratou da verdade, em seguida passou a atacar a realidade, afirmando que tampouco existe "realidade" a considerar objetivamente. Que era ingenuidade continuar acreditando na noção de "realidade", no sentido de que existe algo lá e você aqui, em mundos paralelos. Que "realidade" só passa a significar alguma coisa, quando mediada por alguma consciência. Sem isso é pura fabulação. Portanto, “o que existe para valer, é a minha realidade, a sua e a dele”, me asseverou um outro do grupo com veemência. E continuou com convicção, que “não existe realidade, que tenha existência objetiva e apareça da mesma forma para todas as consciências”. E finalizando, concluiu com mais convicção ainda: “existem tantas realidades, quanto o total de cabeças capazes de elaborar realidades variadas e mutantes, mas não apenas pelo critério aritmético, e sim pelo logarítmico". Não sei se é impressão, mas acho que dessa forma, e por muito menos, cai-se num relativismo absoluto. Preferi não contra argumentar, apenas balancei a cabeça concordando, como se estivesse a dizer, que estava me esforçando para tentar alcançar o difícil raciocínio deles. Bem, diante de tudo, me indaguei, que importa os meus erros? Se é tudo tão efêmero e passageiro, nada mais é importante, se é e não se é, quase ao mesmo tempo, nesses tempos super velozes de nossos dias. Então, como dizia, a se acreditar nessa filosofia relativista, e que tem por narrativa, não ter narrativa grande, longa e sistemática. Que flerta o tempo todo com aporias e contradições. Tudo se quebra, se parte e se fragmenta o tempo todo. Nada permanece. Pronto, tudo isso foi a narrativa perfeita, que estava precisando, que viesse fortalecer, dar coragem suficiente, para poder me expor mais sem tanto receio, que ajudasse a dar a cara à tapa, sem medo de errar e de cometer falhas, e sem me levar mais tão a sério. Repetindo, o que teclei atrás, o que não significa aderir, em hipótese alguma, nem acreditar uma vírgula sequer, nesse tipo de narrativa, sou avesso a esse tipo de novidade meio antiga. Serviu apenas como o empurrão, que estava aguardando e precisando, e só. Qual o problema cometer alguns erros?

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