segunda-feira, 28 de março de 2016

A noite de autógrafo





Para quem não foi, eis uma chance de assistir a noite de autógrafo do livro "O quarto Poder" do jornalista Paulo Henrique Amorim, realizada em Nova Friburgo, em 17 de março de 2016. Um raro tipo de peça política, um evento político grandioso e completo, um verdadeiro espetáculo, e para concluir a definição, realizado num teatro. Apesar de todas dificuldades trazidas pela crise e engendradas por aqueles que buscam o CAOS através da política. Essa crise possibilita também a chance de assistir e ouvir coisas, como o recado político de PHA, e não apenas o dele, porque ouvimos também opiniões de outras cabeças, como é o caso de Guilherme Estrella, apresentado por PHA como o descobridor do pré-sal. Nem tudo deu certo ou funcionou a contento, como a espera na fila para entrar na sala da conferência, porque foi surpreendente a presença de tanta gente, quase mil pessoas no evento, a fila ficou enorme, muita gente não conseguiu entrar e teve que voltar da porta. Houve também um episódio lamentável, já esperava passar por isso, foi a presença de um bando de baderneiros, uns dez gatos pingados fantasiados de milícia fascista, gritando palavras de ordem e slogans da "direita golpista", com bandeiras do Brasil e cartazes contra o governo, insultando quem estava na fila, mas foram completamente ignorados. O evento também possibilitou a chance de ver e rever amigos, gente com quem hoje em dia se fala mais virtualmente ou por telefone do que ao vivo e a cores. Portanto ver e rever gente, gente que a gente gosta, que dá prazer encontrar, e trocar figurinhas, incluídas as figurinhas políticas, por que não? É muito bom. Foi ótimo, adorei e depois saímos para jantar. Realmente um evento raro em Nova Friburgo. Foi um momento bom, em meio a toda essa experiência vivencial da atual situação política do país, que muitas vezes gera angústias e separa amigos afins, amigos da vida toda, de anos, que só se afastam por radicalizar a busca pela hegemonia no discurso do contra, só por isso. Uma pena, lamentável.  Aliás considero uma tolice, engajar-se na tarefa de hegemonizar, enquanto cidadão individual, um determinado discurso político coletivo. Um discurso coletivo, um verdadeiro pacote pronto, com conteúdo determinado em forma de roteiro, com começo, meio e fim; recebido via internet ou através de outras mídias, dominantes ou não. Isso deveria ser tarefa do partido político, cada partido com seu credo político e a sua luta correspondente. Agora o cidadão individual não é obrigado a pensar da mesma forma que outro, qualquer outro, sob ameaça e a chantagem do rompimento de relações. Porque isso é coação, e coação não é verossímil com o regime democrático. Não é legítimo querer me convencer na pressão e no grito a respeito de qualquer coisa. Não é uma prática boa e saudável para a convivência. É uma tática fascista, e como tal precisa ser desmascarada e denunciada aos quatro cantos. Para concluir, aqueles que desejarem assistir aos outros dois vídeos de continuação do evento, estão disponibilizados no mesmo site deste.

sexta-feira, 25 de março de 2016

O nível do Congresso



Dilma Rousseff e os seus adversários do Congresso Nacional. Agora entendi porque eles têm tanta raiva dela. Se tornou consenso, que o atual congresso eleito nas eleições gerais de 2014, é o pior de todos os tempos. Nível intelectual e moral dos deputados o pior possível, é um tal de bancada disso e bancada daquilo, são aquelas gangues do agronegócio, ou bancada ruralista liderada no senado por Ronaldo Caiado. As vezes dá a impressão que os antigos lobistas do Congresso se tornaram todos congressistas. Se reinventaram? Ou continuam lobistas na pele de deputado? A célebre e famosa bancada BBB: boi, bíblia e bala. Além dos ruralistas do gado, tem a bancada evangélica do Marco Feliciano, lembram dele? E a bancada da bala, que em sua grande maioria são ex-policiais da força pública de SP, que se tornaram políticos, e o restante da bancada da bala, representam os interesses da indústria de armas. Durante a ditadura militar havia um ex-policial, que ficou célebre pela truculência, era a cara da direita, Deputado Federal por São Paulo ERASMO DIAS, que foi membro da repressão política no estado. Como é o caso agora do ex-comandante da ROTA Paulo Telhada(PSDB-SP), que é um radical de direita extremada, defende as ações da PM, contra qualquer acusação ou denúncia de abusos praticada por policiais. Coloca-se como se fosse advogado de defesa da PM-SP no Congresso, para quem bandido bom é bandido morto. Tudo dito abertamente e de forma escancarada. A primeira vez que assisti na TV Câmara, não acreditei no que estava ouvindo, fiquei chocado com a violência verbal, mas existem outros do mesmo nível ou pior. Só estão lá, infelizmente, postos pelo voto de milhares de eleitores brasileiros, que acharam por bem escolher homens desse naipe como seus representantes legais, sem falar na força da grana angariada junto ao setor econômico financeiro para as campanhas eleitorais, então os empresários financiadores têm também a sua parcela de responsabilidade. Conta-se nos bastidores vários motivos para o ódio dos políticos do PMDB contra Dilma. Todo mundo sabe que faz parte do DNA do PMDB, ser fisiológico e estar atrelado ao poder, embora o partido jamais tenha eleito um presidente, sempre esteve agarrado ao poder, aliando-se a presidentes de diferentes tendências e cor ideológica. A presidente depois de eleita em 2010 com o apoio deles, e sabendo dessa fama do partido, decidiu acabar com a chamada "porteira fechada", que era o mecanismo de ministros nomeados ter amplos poderes para nomear quem quisesse para todos os cargos da pasta. A partir de então, o partido indicava um nome para o ministério "X", mas seria uma espécie de rainha da Inglaterra, não teria poderes para muita coisa, todos os postos subordinados da pasta ficariam sob a responsabilidade da presidente. Tá bem, vocês me indicaram o nome de um safado, eu nomeio sem problemas, mas ele não vai mandar em tudo, será apenas mais um ministro, vai fazer as declarações protocolares necessárias em nome da pasta que representa, e falar com a imprensa quando preciso. Nada de excessivo protagonismo desnecessário, que só faz barulho midiático. Com isso o clima em Brasília começou a ficar ruim, Dilma era acusada de ser uma tecnocrata sem nenhuma habilidade política para lidar com os usos e costumes dos políticos. Pois muito bem, durante todo o primeiro mandato da presidente, ela praticamente governou com medidas provisórias, o Congresso era só delongas, e perdeu o bonde da história, produziu muito pouco do ponto de vista legislativo. O segundo mandato, estamos a assistir os passos, elegeram com o apoio da oposição para a presidência da Câmara o Deputado Eduardo Cunha, de ficha policial por demais conhecida. E desde os primeiros dias, os deputados liderados por Cunha, não fazem outra coisa que não seja: criar dificuldades, problemas, óbices, pautas bombas, ameaças, chantagem etc. Gente que se instalou no comando do aparelho político de Estado, do legislativo portanto, como se estivesse governando a máfia napolitana. É tudo o que a gente tem assistido do começo de 2015 até agora. Antes o país seguia o seu rumo através das medidas provisórias da presidente, e agora que o Congresso só pensa no Impeachment, semi paralisou o país e o foco principal, o objetivo maior é o caos. Salvo raríssimas exceções esses políticos não pensam nem um pouco no país, em lutar por um país melhor, não, nada disso, pensam só em suas carreiras individuais, nos votos a conquistar, em como fazer para angariar mais apoio político, financiamento, etc. Estamos a assistir como estão negociando as mudanças de partido, a "mobilidade partidária" novo eufemismo na praça dos três poderes, e as justificativas para tal. Para ajudar a governar são completamente inoperantes, agora para atrapalhar são muito eficazes, estamos assistindo tudo ao vivo e a cores. Como não faziam quase nada na outra legislatura, eram inoperantes, quase não serviam para nada. Agora, na nova legislatura, atacam a presidente o tempo todo por outras motivações, é verdade. Mas não custa nada, brincar um pouco e acreditar na charge ilustrativa do artigo, que diz: "Ou tiramos ela ou seremos extintos". Faz sentido.

O QUE A DIREITA PRECISA ESCONDER?


Certos setores da direita político ideológica não gostam nem um pouco da distinção entre esquerda e direita, preferem considerar em público, que a distinção entre esquerda e direita não existe mais no mundo de hoje, que não tem mais importância nem relevância alguma. E qualquer discussão que se tenha com esses elementos, em geral não leva a lugar nem a conclusão alguma. Porque os adeptos dessa posição radicalizam o discurso negativista de tal forma, aprofundam a negação ao extremo, que a discussão não evolui, trava, se imobiliza e acaba vazia e sem conteúdo. Depois matutando a respeito, e quase sem querer, surgiu uma luz sobre a razão do negativismo radical. É claro, que hoje em dia, muitos já conseguiram desfazer o enrustimento direitista, superaram o medo de ser acusado de direitista, de receber a pecha de ser de direita, como se uma mancha os tivesses atingido em cheio. E assim conseguiram sair do armário político ideológico de forma definitiva, alguns deles se revelando até fascistas, botam as caras à mostra e assumem às claras ser de direita sem problemas. Mas voltando aos outros, àqueles que negam a existência da polaridade esquerda e direita, ocorreu-me que esses deveriam ter razões muito fortes, para ainda precisar ficar batendo na tecla da negação, em ficar negando sempre, e uma negação com veemência. Por que? E o que precisam tanto esconder? Camuflar, ocultar e escamotear? Algo similar ao que ocorreu durante a segunda grande guerra na Europa, onde alguns judeus, por temor da deportação e a suposta morte em seguida, muitos deles mentiam ou escondiam o credo ou a origem deliberadamente, para escapar a um destino pior. Não é o caso agora com os nossos direitistas envergonhados, alguns daqueles que ainda precisam negar o credo direitista hoje em dia, justificam a necessidade de continuar negando, dando como razão e argumento, que não se consideram mais de direita, porque aquela visão da direita política existente no século passado não existe mais no século atual. Como se o tempo por si só, fosse capaz o suficiente, de virar páginas de conflitos sociais seculares jamais solucionados. Diante de tudo que foi apresentado, a indagação que precisa ser feita, é que deve haver motivos muito fortes, motivos inconfessáveis, para a necessidade desse ocultamento infindo. Pois se precisam esconder tanto, que ainda são adeptos e partidários de doutrinas conservadoras e reacionárias, que dominam a pauta da direita política de hoje e de ontem, é porque precisam ocultar de todas as formas, que são também outras coisas incluídas no cardápio da direita ao longo de todo o tempo, tanto ontem como hoje, e que continuam ainda vigorando no mundo de hoje, que são muito vergonhosas e provocam enorme embaraço, quando divulgadas ou assumidas. Daí a imensa necessidade em "esconder o racismo" por exemplo; em camuflar em público a homofobia de mil caras, que sentem e manifestam privadamente; em escamotear a xenofobia contra nativos de outras regiões do país; em esconder que praticam intolerância religiosa contra cultos afros, e que incentivam perseguições contra os adeptos de outros credos minoritários; em precisar ainda ocultar do grande público todo o preconceito contra os mais pobres, e contra qualquer forma de diferença. Enfim poderia ficar aqui a ocupar todo o tempo possível e imaginável, a arrolar todos os traços e peculiaridades ideológicas, que possuem as evidentes digitais da direita política e também fascista, que forma o caráter e pauta o comportamento dos seus membros confessos ou não, mas prefiro parar por aqui.
assuntos relacionados:
http://cirotextos.blogspot.com.br/2010/11/direita-nao-existe-mais-sera.html
A foto acima exibida trata-se de manifestação de militantes de direita no dia 13-03-2016 na cidade de São Paulo, onde simulam a cena do enforcamento do ex-presidente Lula da Silva e da atual presidente Dilma Rousseff.

UM FILME MUITO IMPORTANTE POLITICAMENTE




O ano é 1961, temendo que uma nova revolução cubana voltasse a acontecer em mais algum país latino americano e tendo tomado conhecimento da existência do deputado Francisco Julião e sua luta pela criação das ligas camponesas no estado de Pernambuco. A CIA enviou uma equipe de TV, para realização de um documentário sobre o que se passava naquele momento em Pernambuco. Há indícios de que a própria diretora do filme: "Helen Rogers" recebia remuneração como agente da CIA. O filme é falado em língua inglesa naturalmente, mas no link postado nos comentários há uma relação das legendas em português. A miséria vivida pelos trabalhadores rurais exibida na película é de cortar coração, mas explica de forma enviesada o que levou logo depois ao golpe de 1964 e a consequente ditadura militar de direita que durou 21 anos. Porque as nossas classes dirigentes da época, tal como hoje em dia, não queriam avanço social nenhum, e assim como hoje denunciavam haver corrupção no governo central, mais como uma espécie de cortina de fumaça, porque os reais objetivos eram outros. E quais eram esses objetivos? Era derrubar o governo Jango através de um golpe de Estado, utilizando para isso as forças armadas nacionais. E também impedir o avanço social e mais direitos civis para os mais pobres da sociedade, impedir portanto MAIS CIDADANIA. Não queriam as reformas de base, que Jango prometera implementar no comício de 13 de março de 1964 realizado na Central do Brasil no Rio de Janeiro, que apregoaram em manchetes garrafais da imprensa aliada, que Jango estava levando o Brasil para o comunismo. Hoje qualquer menção que se faça a respeito das denúncias feitas por Edward Snowden, sobre a ingerência do serviço de informação dos EUA (NSA) nos assuntos internos dos países da América Latina; é rechaçado pela direita política de imediato, com acusações do tipo, que tudo não passa de ilusão e teoria da conspiração. Assistam ao pequeno documentário, e depois cheguem às suas próprias conclusões, se havia interferência americana em nossos assuntos, ou não. Além de tudo, todo o vazamento feito pelo Wikileaks, já é assunto superado, após o próprio Departamento de Estado americano liberar toneladas de documentos secretos, que confirmaram as suspeitas reveladas nos vazamentos. Então tudo isso hoje já é ponto pacífico. Muito embora as consequências de toda a espionagem estadunidense sejam muito severas para o nosso país, gerando crises internas, o travamento de nossa economia e instabilidades de toda sorte, infelizmente.
http://jornalggn.com.br/blog/urariano-mota/descoberto-o-filme-que-o-brasil-nao-podia-ver-por-urariano-mota
PS.: Na fota exibida a figura de paletó escuro no centro da foto é o líder da Ligas Camponesas, já falecido, Francisco Julião.


quinta-feira, 24 de março de 2016

Sectários e dogmáticos


Tenho ouvido queixas de amigos de classe média, que mencionam uma mudança brusca no comportamento de amigos contrários ao atual governo, quando esses notam que os amigos favoráveis ao governo não mudarão de posição, que não há nenhuma chance de pensar igual. E é um comportamento muito revelador por outro lado. Apesar de contrariar as reais intenções de não querer revelar nada nunca. E como esse comportamento é movido por sentimentos, é quase impossível, que não se manifeste. Como se sabe, tudo que se manifesta, aparece, emerge, vem à tona, e tudo que aparece é fenômeno, e os fenômenos não apenas aparecem, como também costumam se revelar em suas aparições, é da natureza da aparição. E como se materializa essas manifestações fenomênicas? É muito curioso, porque nota-se de forma repentina, de uma hora para a outra, uma súbita alteração na qualidade da relação. A relação afetiva, que antes existia, toda a cordialidade, a cumplicidade e simpatia recíproca que rolava, desaparece quase em sua totalidade assim de repente, deixa de existir, não acontece mais. É verdade que vez ou outra, ainda se encontram na rua meio que por acaso, quer dizer se esbarram, porque encontro mesmo para valer, pelo que tudo indica não rolará mais. Antigos grandes amigos de boa ou ótima convivência passam a se evitar, de uma hora para a outra, como tivessem se tornado estranhos sem mais nem menos. Tudo se avoluma, cresce, quando se estendem também às redes sociais essa atitude comportamental, nenhum “like” mais é dado em nada do outro, nem tampouco comentário algum em coisas compartilhadas, o oposto do que era antes, contam em tom queixoso os meus amigos, como se estivessem surpresos com aquela situação incompreensível. E que nas raras oportunidades em que se esbarram, quase nenhum diálogo mais rola, embora não seja tempo o empecilho impeditivo, pois já aconteceu de permanecerem juntos por até uns trinta minutos ou mais. É como se houvesse um clima ruim e tenso no ar entre ambos nesses encontros casuais. Fala-se muito nessas raras ocasiões, mas é como se fosse um diálogo de surdos, cada qual em seu monólogo, com a sua verdade particular. É notável, que os amigos cooptados pela mídia para odiar o governo atual, que mudaram o comportamento em relação aos velhos amigos, que aderiram à direita política, NÃO QUEREM DIÁLOGO ALGUM. Deixam isso bem claro logo de cara. Postam-se como se fossem os donos da verdade, e quem não aceita pensar da mesma maneira deve estar "equivocado", ou por fora, não merece o respeito, nem é considerado mais amigo. Demonstram profundo desapontamento ao perceber que alguém próximo continua a apoiar “esse governo corrupto”, repete meu amigo lamentando sem entender o porquê. "Como é que pode?" Indagam-se decepcionados os coxinhas, quando se dão conta da impossibilidade em convertê-los para a cartilha do contra. Tem um detalhe nessa história toda, que me chama atenção, o fato dessa mensagem se manifestar da mesma forma em praticamente todos eles, o discurso ideológico repetido pelos coxinhas parece algo decorado de uma cartilha, é um discurso coletivo de intolerância, que contaminou a todos de forma massiva, é o mesmo discurso de sempre e os mesmos chavões padronizados. Logo a origem, a fonte deve ser a mesma. E por último, alguns estão se valendo agora de uma pesquisa que vazou de origem desconhecida, que revela haver 68% de apoio ao impeachment. O que já é suficiente, para o meu amigo se sentir um lixo ainda maior, sob um certo olhar arrogante. 

O jeito de ser democrata



Viver sob o regime democrático não é fácil, em primeiro lugar, porque não existe nenhuma democracia concluída, pronta e acabada, é um regime por fazer e construir, tijolo a tijolo, de aperfeiçoamento contínuo e permanente. Quem disser o contrário, certamente estará querendo ludibriar. É bom sempre ter ao alcance as palavras do Leviatã de Thomas Hobbes, de que “o homem é o lobo do homem”, para nas horas mais difíceis encontrar forças para buscar compreender aquele momento e poder ultrapassá-lo com sabedoria. Em segundo lugar não é fácil também, porque nem sempre aquele projeto político do qual se é partidário, foi escolhido pela maioria, é o projeto vencedor do momento, ou hegemônico. Quando um grupo político perde uma eleição, seus eleitores se sentem derrotados e são lançados de imediato na oposição. Quem viveu sob a ditadura militar brasileira, um longo período de 21 anos, que parecia nunca ter fim, SABE muito bem o que é ser oposição, sabe como é duro viver sob o autoritarismo e sem a menor chance do contraditório, com aquela “democracia” de fachada, para inglês ver, um eterno jogo de faz de conta. Alguém poderá dizer que ser oposição durante um regime democrático é muito diferente do que diante de um regime autoritário e ditatorial. Claro que é, não tenha dúvida, mas só o menciono, para mostrar a dimensão do gosto amargo de vivenciá-lo, trata-se do exagero de ser oposição, apenas para chamar a atenção do leitor. Então, como estava dizendo, ser oposição não é fácil, todo mundo concorda com isso. Bem, deixando de lado os partidários dos regimes de força e ditatoriais, os democratas ou todo aquele que gosta, prefere e luta, para viver em regime democrático, sob as regras de uma constituição, que assegura uma série de direitos e deveres para todos os seus cidadãos, em que todos são iguais perante as leis. É preciso antes de tudo, dizer que nem todo mundo é democrata do mesmo jeito. Uns são mais afetados, tocados e sensibilizados por questões morais, quando ouve que alguma coisa errada foi cometida por uma autoridade, fica indignado, com razão claro, levanta da poltrona ameaçando ir para a rua protestar contra. Outros já ficam mais indignados contra a injustiça social, a desigualdade e a miséria de muitos, que os afeta a ponto deles também desejarem ir para a rua em manifestação contra aqueles disparates sociais, pressionar para que seja encontrada soluções. E assim, o eleitor contribuinte poderá ser mais afetado por isso ou por aquilo, é legítimo que assim seja. Agora se formos estabelecer uma escala de prioridades, aquilo que é mais essencial numa democracia, o que é mais urgente que seja atendido, porque é da essência da democracia. É lógico que é a desigualdade. Porque se considerarmos que a democracia se caracteriza como o governo de IGUAIS, qualquer desigualdade existente irá corromper e corroer os valores democráticos daquela sociedade. Portanto, urge tentar reduzir o tamanho da desigualdade o quanto antes, é a prioridade das prioridades. E o grupo político que sinaliza estar a caminho disso, acaba se caracterizando como mais democrático consequentemente. Por outro lado, há quem indique uma certa escala de valores para essa ou aquela ação, que ajuda a sinalizar as prioridades a serem escolhidas no futuro imediato. Por exemplo, o eleitor que só se levanta da poltrona movido, ou afetado por questões de natureza morais, por sentimentos, do isso pode ou isso não pode, ou “que absurdo!”, ou de outro: “ah, como estou chocada!”. Na verdade não é a maneira mais nobre de ser afetado pela coisa pública, os sentimentos são legítimos e verdadeiros, mas não deveria ser o motor principal a nos fazer levantar da poltrona. Mais nobre é usar a mente com inteligência, refletir e pensar, em busca de que seja encontrada soluções, emergenciais ou não, para reduzir o tamanho da desigualdade, da distância social entre uns e outros, porque só assim estaremos no caminho de ser uma DEMOCRACIA para valer com mais cidadania para todos, e não apenas para alguns. 

quarta-feira, 23 de março de 2016

Breves comentários 2


1 - Devo dizer nesse breve comentário, que esse curta de 1943 de Walt Disney, com o mundo em plena guerra, tinha como referência clara a Alemanha de Hitler. MAS também poderia se fazer conexão com os dias de hoje, com o papel de uma mídia golpista, etc. Ou então afirmar de forma cínica que: "qualquer semelhança com fatos ou personagens dos dias de hoje É mera coincidência". https://www.youtube.com/watch?v=AILy4KHBIEE&feature=share

2 - Volto a compartilhar o texto abaixo escrito em 2010 em forma de carta, pela atualidade do assunto, já que os atores são praticamente os mesmos, e a luta política se acirrou muito nos últimos tempos. Com apenas uma diferença relevante daquele tempo para os dias de hoje, é que naquela época a democracia não estava correndo os mesmos riscos de hoje.

3 - É a tropa de choque do golpe, os combatentes da direita golpista da linha de frente, PAULINHO MANDADO, EDUARDO CUNHA, ALOYSIO NUNES, AGRIPINO MAIA e diversos outros; que recebem apoio moral e pecuniário de toda a gente, inclusive de gente que conheci se dizendo democrata de carteirinha, e pelo que assisto hoje era tudo só da boca pra fora. Espero ver mais tarde, depois de passada essa tempestade toda, se essa gente vai se redimir e se desculpar, afinal de contas eles deram apoio a um GOLPE DE ESTADO de forma escancarada, e um golpe escroto, diga-se de passagem. UMA VERGONHA!
4 - Muito interessante, uma aula de história dada de uma forma gostosa, e fica muito claro, como se usa a corrupção para acusar adversário de forma seletiva, com dois pesos e duas medidas. Sempre foi assim no Brasil, pelo menos no período visto no artigo, de Vargas nos anos 50, Juscelino que veio logo a seguir, e que fez, fundou e transferiu a capital do Rio para Brasília tudo no mesmo mandato. Em seguida com João Goulart, que eles conseguiram derrubar através de golpe em 64 e permaneceram no poder até 85. Acho que nem preciso dizer que durante o período ditatorial nada disso podia ser usado devido a censura, ele menciona o caso da morte suspeita de um embaixador brasileiro no Paraguai, que disse num jantar, que pretendia contar num livro, que estava escrevendo sobre a corrupção nas obras da Usina de Itaipu. E finalmente com Lula do mensalão e agora com Dilma Rousseff, mas desses ele não fala muito, só subtende-se a conexão clara de toda a lógica, do modus operandi da direita. Bom texto.
Tem a ver com tudo aquilo que compartilhei aqui hoje, o falso moralismo dos arautos da anticorrupção, onde parece que são todos puros e vestais, diante de um mar de lama, lembram desse lema(?), que o Lacerda usou em 1954 contra Getúlio, pois é ele está de volta com outros nomes. A lógica é a mesma, mas como sabemos através da história e pela experiência, que isso é tudo cortina de fumaça, uma espécie de biombo para esconder as verdadeiras INTENÇÕES E INTERESSES, só serve para dar um reforço na aparência de normalidade e justificativa, para poder quebrar a legalidade das normas constitucionais e DAR O GOLPE.
5 – A PROPÓSITO DE GILMAR MENDES
É por isso que digo, que essa coisa de ficar apontando os corruptos apenas no PT, além de ser desonesto, é hipócrita e ridículo. Quem faz isso não está falando sério e não se incomoda com corrupção coisa nenhuma, porque quando se trata dos corruptos do lado deles, é um SILENCIO absoluto, uma conivência cretina, e todos eles continuam fazendo uma tremenda vista grossa, não enxergam nada e permanecem com aquele olhar bovino indefinido. Por isso que digo que não perco o meu tempo, não discuto nem respeito os cretinos hipócritas, que continuam usando a bandeira da corrupção como arma política. Quanto a essa figuraça da foto abaixo: "Esse cara é uma pemba, não tem o menor perfil de ministro da suprema corte, escolhido por FHC é cria dos tucanos e de toda a laia. Boquirroto, como só ele, adora quando vê uma câmera, pois adora aparecer na mídia e nos noticiários de tevê". http://noticiasparana.com/protetor-de-corruptos/

6 - OS MEUS ALIADOS SÃO MELHORES?

Que moral tem uma certa classe média, de em meio a toda a crise política protagonizada pelas principais lideranças da oposição e apoiada por eles, DE APONTAR O DEDO contra quem apoia o governo, seja quem for, com a acusação de CORRUPTO, QUANDO essa mesma classe média apoia de forma incondicional o maior bandido e criminoso da república: Eduardo Cunha? Transformando-o quase em herói nacional, levando faixas e cartazes para as suas passeatas golpistas o apoiando deliberadamente. A bandeira da corrupção é uma farsa, um grande engodo. Conta outra para eu rir, porque essa já tá muito gasta. Isso parece aquela piadinha de que: "Ah, o meu corrupto é melhor do que o seu". TÁ BOA SANTA!!!
7 - O golpe contra as instituições brasileiras, ensaiado atualmente pelos golpistas, entreguistas, vendilhões do país a interesses escusos de toda sorte, da malta antidemocrática, conservadora, reacionária, fascista, intolerante, violenta, agressiva, homofóbica, estúpida, enfim todo o rebotalho daquilo que existe de pior e ruim em nossa sociedade, que deixam as suas cloacas contaminadas pelo ódio e pela sujeira de todo o tipo, para disseminá-lo indiscriminadamente por toda a parte, JÁ COMEÇAM A COLHER RESULTADOS adversos PELA REAÇÃO INTERNACIONAL A TODA ESSA SANHA GOLPISTA E ANTI-DEMOCRÁTICA, com a declaração da chanceler argentina ontem.

segunda-feira, 21 de março de 2016

PORQUE NÃO RESPEITO OS CONSPIRADORES






Não consigo, nem fazendo o maior esforço do mundo, respeitar quem escolhe botar o futuro e o destino de milhões de crianças brasileiras a mercê de potência estrangeira; não respeito aqueles que por não gostar do protagonismo do país no cenário internacional na formação dos BRICS, passou a conspirar contra os interesses do país e a favor de potência hegemônica; não respeito quem conspira contra o destino e o futuro de milhões de brasileiros associando-se a agentes do serviço de informação e espionagem dos EUA; não respeito quem conspira para derrubar uma presidente legitimamente eleita por 54 milhões de brasileiros, que não querem ter os seus votos cassados sem mais nem menos; não respeito quem conspira abertamente todos os dias na imprensa contra os interesses do país; não respeito aqueles que vem pra tevê afirmar que o país não tem mais condições de continuar sustentando o amparo social aos mais pobres; não respeito gente que estava acostumada a ser subserviente a tais potências, onde até pouco tempo atrás embaixadores e chanceleres da república se humilhavam, abaixavam a cabeça, tiravam até as meias diante de autoridades da imigração americana, além de todo o salamaleque subalterno. Conspiram contra o estado de direito, conquistado a duras penas, após 21 anos de lutas, sofrendo prisões arbitrárias e injustas, torturas e até mortes nas masmorras da ditadura militar de direita, APENAS porque não estão de acordo com um governo, que num período curto de dez anos gerou quase 19 milhões de empregos. Que aumentou o salário mínimo acima da inflação do período em mais 70%. Que retirou da miséria absoluta dezenas de milhões de brasileiros. Que quitou a famosa dívida externa brasileira com o FMI, e hoje tem superávit de mais de dez bilhões de dólares. Que conseguiu acumular em dólares americanos uma reserva de mais de 370 bilhões. Que dobrou a produção de alimentos a ponto de hoje ser considerado uma verdadeira potência agrícola, e ocupar os primeiros lugares tanto na produção como na exportação de várias commodities agrícolas. Que saiu de uma exportação perto de 60 bilhões de USDL para algo ao redor dos 200 bilhões. Que construiu milhões de casas populares. Que criou dezenas de políticas públicas para amenizar e minimizar as agruras por que passa cidadãos das classes subalternas, como por exemplo: Fiés, Prouni, Luz para todos, Ciência sem fronteira, Mais médicos, minha casa minha vida, entre muitos outros mais. Quem viaja com frequência de avião, sabe como aumentou de forma colossal o número de passageiros, de perto de 30 milhões para mais de 120 milhões de passageiros por ano. Não quero dizer que tudo foi uma maravilha, houve erros já confessados, poderia se ter feito mais e com mais eficiência na gestão até mesmo aquilo já realizado. Costumo dizer que os governos do lulupetismo estão sendo demonizados muito mais pelos acertos do que pelos erros. CERTAMENTE. Agora sabotar a vida de todos os brasileiros, jogar os brasileiros nessa dificuldade que estamos a passar na economia, por causa do método de fazer política jogando o país no caos, rumo ao abismo, do quanto pior melhor, das pautas bombas postas por um presidente da câmara criminoso, que só foi eleito presidente com a missão específica de melar, obstaculizar, criar óbices, atrapalhar o governo, e finalmente trabalhar pelo impeachment, aliás como fizeram em 2006, elegendo Severino Cavalcanti, porque queriam cassar o Lula. E para concluir, ainda ter a cara de pau de oferecer em troca, para substituir o atual governo, dar como recompensa, a volta de um país colonizado, menor, subalterno e apequenado, como estão a dizer a toda a hora em seus programas comprados, golpistas e entreguistas da tevê paga. NÃO, definitivamente NÃO. Como a presidente Dilma disse que não confiava num delator, eu afirmo com veemência que não confio nem respeito um CONSPIRADOR seja que conspirador for.

Breves comentários sobre a conjuntura política




1 – Pelo senso comum já virou quase um truísmo considerar a política como uma coisa suja. É verdade, se envolver com a coisa da política corre-se o risco de ficar fedorento. Porque a política fede a excremento, sangue, tem o cheiro da morte e outras coisas piores. Como escreveu Maquiavel em seu ‘O Príncipe’, não existe ética nem pode existir ética na política. Agora, tem hora que não dá para não se envolver com a coisa política, nem falo da paixão político partidária, porque como gostava de dizer em sala de aula um velho professor: “aqueles que dizem não gostar de se envolver com a política, a política se encarrega de se envolver com eles”. Portanto não tem jeito, tem hora que é preciso opinar, escrever algo, discutir com um amigo chegado e finalmente dar o seu voto quando tem eleições. É o nosso papel mínimo enquanto cidadão. Bem, dito isso, como uma breve introdução, passo a seguir a acrescentar algumas pequenas notas, que andei recentemente postando no Facebook, em geral a título de introduzir algum artigo que estava compartilhando com os amigos.
2 - ALÉM DE GOLPISTA TAMBÉM ENTREGUISTA
Tem muito inocente útil achando que está fazendo a coisa certa, sem perceber que apenas está sendo utilizado como instrumento de agentes muito bem treinados em Belgrado ou Israel, estão evitando agora enviar direto para os States para o devido treinamento, fica muito na pinta. O objetivo é levar o país para o caos total, porque assim fica mais fácil depois, manipularem o governo desejado. Será que você quer realmente levar toda a sua sociedade ao caos total e completo? Faça essa pergunta para si mesmo de verdade. Se forem bem sucedidos o risco da formação do Brics termina, é a lógica do império. E você o que acha de tudo isso? Quer dizer que além de GOLPISTA agora também se tornou um ENTREGUISTA, ou seja, aquele que entrega o futuro e os interesses do país e de toda a sua gente, todo o seu povo, para servir aos interesses de uma nação estrangeira, que não deseja nem um pouco que o nosso país siga tendo autonomia e um destino próprio.
3 - É incrível, como em história, os fatos se repetem, e as pessoas não percebem, acabam por cometer os mesmos erros e equívocos, e depois vão chorar lágrimas e lamentar. É bom ficar ligado! Acorda gente! Sou brasileiro, e não quero ver o meu país ir ao reboque de interesses escusos, ter o seu futuro e a sua autonomia SABOTADAS. Parceria com o império SIM, mas sempre com autonomia e altivez, no rumo firme de uma nação que quer o melhor para todos os seus filhos, como diz o hino nacional.
4 - O autor do artigo, muito bem escrito por sinal, traça um paralelo entre o papel de estado de agentes públicos, como é o caso do poder judiciário na Alemanha de Hitler. Onde perder um pouquinho de garantias legais e constitucionais para os cidadãos individuais, não era nada de mais, o que valia mais era o interesse maior do país, e que acabou dando no que deu, como vimos todos. Segundo o autor esse não seria um bom caminho para o nosso país.
5 - A Globonews continua a sua campanha sem trégua pelo golpe, ontem a noite mais uma edição do programa Painel, ancorado pelo agente duplo William Waack. Sempre com três comentaristas confabulando os possíveis desdobramentos da crise até a efetivação do golpe fatal contra o país e as suas instituições. Um total e completa conspiração contra o país, as suas instituições e o seu povo. Se isso fosse na China seria a forca na certa. Uma guerra declarada contra o governo do país legitimamente eleito, como é que pode, assim na cara de pau. Se alguém falar alguma coisa contra, eles alegam o direito à "liberdade de expressão", mas liberdade para destruir o país, não pode. O governo precisa reagir a tudo isso, denunciar esses programas abertamente conspiratórios. Um absurdo. Isso não existe em nenhum regime democrático do mundo ocidental. Inacreditável e INACEITÁVEL. Aliás está cheio de jornalistas brasileiros fazendo bico em serviços de informação norte-americanos e de espionagem, agora exatamente o que fazem é segredo não revelado, agora mesmo vazou mais um nome, um jornalista da Folha: Fernando Rodrigues. Vender por alguns trocados os interesses do país e de sua gente, seu povo, para uma nação estrangeira, colocando assim em risco a segurança nacional, deveria ser considerado crime hediondo, inafiançável, crime de lesa pátria, que atenta contra a segurança nacional. E no entanto alguns desses cidadãos continuam por aí, atuando livremente, conspirando e espionando, e ainda posando no papel de grandes figuras midiáticas e/ou outras, há o rumor de que até agentes públicos de Estado também foram cooptados.

6 - Tem que denunciar mesmo esses hipócritas, gente do tipo de FHC que se coloca em suas palestras no exterior como um defensor da democracia, e internamente e de forma cabotina é um intransigente defensor do GOLPE.
7 - O artigo torna-se mais interessante, quando expõe, põe a nu, a estrutura do sistema político nacional, de como se mantém, se reproduz e se financiam os 28 partidos políticos brasileiros. De forma tal, que é impossível depois de ler o texto, continuar achando que foi o PT quem inventou a corrupção, já escutei até que corrupção e PT eram sinônimos. Caso ainda exista alguém que se recuse: 'abandonar tal crença', só resta avaliar que no mínimo trata-se da mais pura MÁ-FÉ, isto é: DESONESTIDADE mesmo, para falar em português claro. Alguns mais sofisticados, afirmam que a noção de má-fé do passado, sobretudo da obra sartriana, teria evoluído, para algo mais geral, que afeta muita gente ao mesmo tempo, algo similar a noção de espírito do tempo do idealismo alemão, e se manifesta na forma de CINISMO COLETIVO contagiante, como um vírus midiático que contamina os incautos e desavisados, que cola na mente. E de forma similar a época do surgimento da AIDS, ainda não foi descoberto nenhum tratamento eficaz para o transtorno, não tem pílulas nem cura. Com isso, limpa um pouco a barra dos afetados pelo transtorno na questão da responsabilidade.
8 - Todos os golpistas e conspiradores contra a democracia continuam num frenesi intenso, principalmente os agentes midiáticos segundo afirma o jornalista americano Glenn Greenwald durante a entrevista. A busca do golpe já vem sendo armada desde 2013. E nós que víamos celebrando não só a conquista, mas também a consolidação do regime democrático em nosso país, estamos vendo que não é bem assim que a banda toca, e isso é extensivo para toda a América Latina, onde as elites só respeitam a Lei quando estão no comando do poder político. Eles não se conformam em ser oposição, querem levar na mão grande através de golpes, e se por acaso não conseguem, se antes se valiam das forças armadas, a novidade agora é o golpe através do judiciário com a ajuda da grande imprensa, como fizeram no Paraguai recentemente. Só achava que pelas dimensões continentais e do tamanho de sua população, fôssemos escapar dessa sina, tão comum pela América Latina afora.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Um certo olhar



Um certo olhar

Assistindo um documentário sobre a biografia de Bob Dylan, observei o ator, que fazia o músico, dizer numa fala do roteiro: "quando se tem amor e sexo envolvido, fica muito difícil saber porque, e como, as coisas acontecem". Resolvi que seria bom antecipar a volta para casa, fazer o check-out do hotel mais cedo, encerrar a conta e entregar a chave do quarto antes do previsto, contrariando a intenção inicialmente prevista de almoçar com umas amigas antes do retorno definitivo. Ao entrar no saguão principal do hotel vindo do quarto, já com as bagagens e a chave na mão, dei de cara com Tiago sentado no sofá da sala de espera. Encontrei o seu olhar enquanto me movimentava para entregar a chave na recepção, e não foi nada bom o que vi. Um olhar feio, cheio de maldades e ondas ruins. É muito difícil descrever esse tipo de impressão, pois envolve uma série de sentimentos complexos, num campo das relações humanas bem particular, que é quando verdadeiramente se chega o mais próximo possível do outro, independente de que haja correspondência ou não no mesmo nível e na mesma direção. Na hora passei batido, apenas registrei o olhar negativo e segui em frente, e logo avistei as amigas sentadas um pouco mais adiante em volta de uma mesa ainda do café da manhã.

Ao sentar-me, servi-me de um bom copo de suco de laranja e me pus a falar e conversar, uma conversa que precisava fazer "tête à tête", na busca de compreender e saber como se deu a morte de um amigo comum recentemente, o que só havia feito até então por telefone, e aquela era uma boa e rara oportunidade. Durante a conversa, confesso que permaneci meio dividido, aquele olhar enviesado não me saía da cabeça, sentia que precisava terminar a conversa e partir, botar o pé literalmente na estrada. Coisa que interferiu o tempo todo no bate papo. Agora, depois de tudo que se deu, posso reforçar a convicção com segurança, que havia uma dose de ódio muito forte naquele olhar. Mas só depois de algum tempo e com o desdobramento posterior, é que posso realmente me dar conta da força expressiva daquele olhar, no sentido de que era uma coisa mais voltada para o lado negativo, o lado mau. Todos os nomes que existem para tal sentimento, dentre os quais: raiva, ódio, rancor, mágoa, ressentimento, etc., em diferentes tonalidades e matizes era o único recurso que tinha em mente, o recurso linguístico, precisava nomear aquele olhar, e dessa forma fazia um esforço tremendo em busca de entender o que estava rolando, saber porquê. Embora houvesse um detalhe curioso nessa história e nesse olhar, foi descobrir que o corpo não acompanhava o olhar, não estava em sintonia com ele. É muito louco poder dizer, que nesse caso o corpo contava muito pouco, ou quase nada. Por outro lado, sabemos que a dicotomia entre um estado de espírito e outro, isto é, entre amor e ódio seja ilusória, porque não se deixa um sentimento e entra em outro assim de estalo, de supetão, como quem muda de veículo no transporte público. Entre um sentimento e outro há toda uma zona grande de diferenciação, com pequenos e sutis graus de diferença tanto numa como na outra direção, sentido e rumo. Mas naquela hora, sentado no sofá, não lembro mais se assistia tevê ou não, passar pelo saguão e encontrar um olhar com toda aquela carga negativa, foi terrível, muito embora na hora tenha conseguido me manter firme e controlar bem a situação. Outro ponto marcante nesse episódio foi descobrir o quanto nosso agir, as escolhas e tomadas de decisão imediatas, não são deliberadamente conscientes e racionais, de onde deriva muitos arrependimentos futuros por conta de súbitas e intempestivas ações. Quem sabe uma pesquisa futura feita com afinco, venha revelar: o quanto de mitificação da realidade existe nessas súbitas tomadas de decisão e escolhas. É possível algum autocontrole? É claro que algum nível de controle é possível. Agora isso vai depender de uma série de fatores, como por exemplo, idade, sexo, orientação, nível econômico e educacional, além de escala de valores, etc., e até mesmo o momento, que se está a passar, e toda conjuntura vigente. Como costumamos flutuar entre momentos de euforia e depressão em variados graus, essa volatilidade emocional e afetiva também influi e afeta o nível de consciência das escolhas e decisões tomadas. O que pode levar muitas vezes, se tomar as decisões mais estapafúrdias possíveis. Posso garantir que fica muito prejudicada a nossa capacidade de pensar e refletir nessas horas. Ainda não consegui descobrir, nem sei por que cargas d’água, aquilo tudo que passou naquela manhã, não ajudou a acender a luz amarela de advertência, restou apenas um breve registro na memória para uma análise posterior, só isso e apenas isso. A ponto de não ser suficiente nem para determinar as minhas tomadas de decisões seguintes, nem ao menos fui capaz de me tornar mais prudente dali em diante, mais vigilante e diligente. Pelo contrário, me mantive praticamente do mesmo jeito, que vinha me mantendo até ali, não relaxei totalmente e nem tampouco fiquei tenso. Apenas tomei a decisão, que era hora de voltar, entrei no carro em direção à Nova Friburgo sentido Rio das Ostras, com a determinação que precisava economizar um pouco de gasolina e cortar caminho, reduzindo a quilometragem da viagem de volta, evitando um grande trecho da BR-101, entre o trevo de Macaé e Rio Dourado, onde tem um intenso tráfego de grandes carretas e em consequência muito risco de acidente.




sábado, 12 de março de 2016

Crenças políticas e interesses de uma certa imprensa

Escolher que notícia, imagem ou fato merece ter mais ou menos visibilidade, maior tempo de exposição, e o tipo de exploração, que será feita, nos veículos de comunicação de massa, isto é, nos principais jornais, revistas, emissoras de rádio, canais de tevê aberta ou paga, e até na internet. Escolha que é feita por gente de carne e osso, gente como a gente, só que envolvidos e engajados em outros interesses, preferências políticas, que pode ter o rabo preso com alguém, ou que deve favores a A ou B, ou que seja mais liberal na economia, enfim gente que tem uma ideologia. E portanto quando explora a divulgação de um fato, carrega nas tintas, ou prefere dar destaque maior a uma determinada notícia ou fato em detrimento de outra, está a fazer política e essencialmente movida por ideologia, por uma crença ideológica não importa qual. Mesmo não querendo fulanizar, é impossível não lembrar o papel que cumpriu as Organizações Globo em sua relação carnal com a ditadura militar de direita de 1964. Nascida um ano após o golpe, a Globo é filha primogênita da ditadura, ou o autêntico filho, como alguns gostam de falar. Cresceu, fortaleceu-se, criou massa muscular e enriqueceu, sob os auspícios da ditadura militar de 64, de quem acabou se tornando uma grande aliada política e ideológica. Quando indagamos hoje: “em que mãos estão os nossos maiores veículos de mídia?”. A resposta joga de imediato um foco de luz sobre o ideário dessa gente, suas crenças políticas e valores. Quem apoiou a ditadura militar de extrema direita, que nos governou de 64 a 85 do século passado, apoiou tanto que acabou por se tornar uma espécie de porta voz oficial do regime militar. Que se recusou a noticiar e mostrar todo o movimento pelas "Diretas já" em 1984, como se fosse um fato invisível para os olhos do homens da Globo. E nos anos pós ditadura trabalhou intensamente e com afinco pela derrota de Lula e a favor de Collor em 1989, e também por toda grade televisiva e suas pautas que exibe em seus principais veículos. Ninguém tem dúvida da posição político-ideológica dos principais dirigentes da Organização, é tudo muito claro e quase transparente, mesmo que essas posições não sejam jamais explicitadas oficialmente. Eles não precisam vir a público afirmar se são isso ou aquilo. A prática política dessa gente, suas escolhas mostram, exibem e deixam claras as suas posições. Tudo isso me faz recordar de um programa que existe na Globonews, canal pago da Organização, apresentado e ancorado por William Waack aos sábados, hoje não vejo mais, aliás já deixei de assistir há algum tempo, mas posso testemunhar pelo período que assisti, que mostra como os dirigentes do programa ignoram que existe o contraditório, porque jamais faziam os episódios com gente que fosse contra e algum pelo menos a favor do governo para estabelecer um nível mínimo, que fosse, do contraditório. Não, nunca, jamais. Eles sempre produziam o programa em forma de painel sobre um tema específico com três comentaristas convidados, alguns quase figurinha carimbada, porque sempre participavam. E haja bater no governo durante todo o tempo de duração do programa. Isso mais de uma vez por semana, com as repetições que o canal disponibilizava daquela emissão em outros horários, era quase uma overdose de notícias negativas contra o governo, e também uma tortura mental para os assinantes que não estavam de acordo com nada daquilo. Era uma espécie de cartilha política sendo passada para a população o tempo todo, de formatação tipo lavagem cerebral da pior espécie. Quando mudava para o papel impresso, o jornal, encontrava sempre com a coluna da jornalista Miriam Leitão, outra que deixei de ler. Quando chegava nessa coluna, sempre dava uma passada rápida d’olhos para ver do que se tratava, e por mais incrível que possa parecer, nunca vi essa senhora publicar alguma coisa favorável ao governo, uma nota que fosse de algo positivo, nada, era só doses diárias com peso cavalar de puro baixo astral. Nem durante os anos de bonança do período Lula,  ela mudou, continuou falando mal do governo durante esse tempo todo, nunca entendi porque não se fatiga nunca de fazer isso, bater no governo, embora saiba que além disso ela fez outros trabalhos, escreveu e publicou livros, etc. E como é provável que ela tenha muitos leitores,  o que aumenta a sua responsabilidade, e também o seu ibope e a sua influência ideológica sobre um grande número de pessoas, que também são eleitores. É claro que essa dose cavalar de crítica e intriga política, acaba por pesar muito contra a imagem de qualquer governo, queima o filme, provoca desgaste, aquele negócio de “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, é exatamente isso. Se acrescentarmos também alguns erros do próprio governo, pronto, está feito o cenário perfeito, favorável e muito atraente para os golpistas. Além da participação de inúmeros outros comentaristas tanto de política como de economia, fazendo e aumentando a carga do contra. Em relação a economia e a política, praticamente não existe fronteira entre as duas ciências, é muito tênue a linha entre ambas, nos primórdios a ciência econômica era conhecida como: "economia política". É unânime e constante a repetição da mesma cartilha ideológica, a mesma lavagem cerebral. Então o resultado é isso, que estamos a assistir cotidianamente, gerando uma crise política que contamina a economia e acaba por afetar toda a população, prejudicando MAIS como sempre os mais pobres. Aliás o principal alvo dessa cantilena de direita, parece ser a figura da presidente que é constantemente atacada e demonizada, mas o alvo principal a atingir são as políticas públicas de transferência de renda para os mais pobres através de vários programas sociais, como a política de cotas para negros, um programa extremamente satanizado. É isso que querem mudar de fato, a figura da presidente é apenas simbólica, ela não é tão incompetente como a mídia apregoa diariamente e os eleitores mais simples acabam por acreditar. E também por toda aquela gente mal vestida, que emergiu e hoje prefere viajar de avião, e que é extremamente ridicularizada nas redes sociais. Toda essa política favorável aos mais pobres não é nem um pouco bem vista. É isso que está em jogo, além também da questão dos 'Brics' e da inserção do país no mundo,  não é a corrupção em absoluto. A pauta da corrupção é só uma fachada, uma espécie de cortina de fumaça, para desgastar mais ainda a imagem do atual governo. Quem conspira a favor do golpe para tirar a presidente, é gente que não gosta nem um pouco da política favorável aos mais pobres desse governo, eles querem mais do que nunca mudar e acabar com tudo isso. Que não se tenha nenhuma ilusão a respeito disso e nem a menor dúvida.

Crenças políticas e interesses de uma certa imprensa

Escolher que notícia, imagem ou fato merece ter mais ou menos visibilidade, maior tempo de exposição, e o tipo de exploração, que será feita, nos veículos de comunicação de massa, isto é, nos principais jornais, revistas, emissoras de rádio, canais de tevê aberta ou paga, e até na internet. Escolha que é feita por gente de carne e osso, gente como a gente, só que envolvidos e engajados em outros interesses, preferências políticas, que pode ter o rabo preso com alguém, ou que deve favores a A ou B, ou que seja mais liberal na economia, enfim gente que tem uma ideologia. E portanto quando explora a divulgação de um fato, carrega nas tintas, ou prefere dar destaque maior a uma determinada notícia ou fato em detrimento de outra, está a fazer política e essencialmente movida por ideologia, por uma crença ideológica não importa qual. Mesmo não querendo fulanizar, é impossível não lembrar o papel que cumpriu as Organizações Globo em sua relação carnal com a ditadura militar de direita de 1964. Nascida um ano após o golpe, a Globo é filha primogênita da ditadura, ou o autêntico filho, como alguns gostam de falar. Cresceu, fortaleceu-se, criou massa muscular e enriqueceu, sob os auspícios da ditadura militar de 64, de quem acabou se tornando uma grande aliada política e ideológica. Quando indagamos hoje: “em que mãos estão os nossos maiores veículos de mídia?”. A resposta joga de imediato um foco de luz sobre o ideário dessa gente, suas crenças políticas e valores. Quem apoiou a ditadura militar de extrema direita, que nos governou de 64 a 85 do século passado, apoiou tanto que acabou por se tornar uma espécie de porta voz oficial do regime militar. Que se recusou a noticiar e mostrar todo o movimento pelas "Diretas já" em 1984, como se fosse um fato invisível para os olhos do homens da Globo. E nos anos pós ditadura trabalhou intensamente e com afinco pela derrota de Lula e a favor de Collor em 1989, e também por toda grade televisiva e suas pautas que exibe em seus principais veículos. Ninguém tem dúvida da posição político-ideológica dos principais dirigentes da Organização, é tudo muito claro e quase transparente, mesmo que essas posições não sejam jamais explicitadas oficialmente. Eles não precisam vir a público afirmar se são isso ou aquilo. A prática política dessa gente, suas escolhas mostram, exibem e deixam claras as suas posições. Tudo isso me faz recordar de um programa que existe na Globonews, canal pago da Organização, apresentado e ancorado por William Waack aos sábados, hoje não vejo mais, aliás já deixei de assistir há algum tempo, mas posso testemunhar pelo período que assisti, que mostra como os dirigentes do programa ignoram que existe o contraditório, porque jamais faziam os episódios com gente que fosse contra e algum pelo menos a favor do governo para estabelecer um nível mínimo, que fosse, do contraditório. Não, nunca, jamais. Eles sempre produziam o programa em forma de painel sobre um tema específico com três comentaristas convidados, alguns quase figurinha carimbada, porque sempre participavam. E haja bater no governo durante todo o tempo de duração do programa. Isso mais de uma vez por semana, com as repetições que o canal disponibilizava daquela emissão em outros horários, era quase uma overdose de notícias negativas contra o governo, e também uma tortura mental para os assinantes que não estavam de acordo com nada daquilo. Era uma espécie de cartilha política sendo passada para a população o tempo todo, de formatação tipo lavagem cerebral da pior espécie. Quando mudava para o papel impresso, o jornal, encontrava sempre com a coluna da jornalista Miriam Leitão, outra que deixei de ler. Quando chegava nessa coluna, sempre dava uma passada rápida d’olhos para ver do que se tratava, e por mais incrível que possa parecer, nunca vi essa senhora publicar alguma coisa favorável ao governo, uma nota que fosse de algo positivo, nada, era só doses diárias com peso cavalar de puro baixo astral. Nem durante os anos de bonança do período Lula,  ela mudou, continuou falando mal do governo durante esse tempo todo, nunca entendi porque não se fatiga nunca de fazer isso, bater no governo, embora saiba que além disso ela fez outros trabalhos, escreveu e publicou livros, etc. E como é provável que ela tenha muitos leitores,  o que aumenta a sua responsabilidade, e também o seu ibope e a sua influência ideológica sobre um grande número de pessoas, que também são eleitores. É claro que essa dose cavalar de crítica e intriga política, acaba por pesar muito contra a imagem de qualquer governo, queima o filme, provoca desgaste, aquele negócio de “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, é exatamente isso. Se acrescentarmos também alguns erros do próprio governo, pronto, está feito o cenário perfeito, favorável e muito atraente para os golpistas. Além da participação de inúmeros outros comentaristas tanto de política como de economia, fazendo e aumentando a carga do contra. Em relação a economia e a política, praticamente não existe fronteira entre as duas ciências, é muito tênue a linha entre ambas, nos primórdios a ciência econômica era conhecida como: "economia política". É unânime e constante a repetição da mesma cartilha ideológica, a mesma lavagem cerebral. Então o resultado é isso, que estamos a assistir cotidianamente, gerando uma crise política que contamina a economia e acaba por afetar toda a população, prejudicando MAIS como sempre os mais pobres. Aliás o principal alvo dessa cantilena de direita, parece ser a figura da presidente que é constantemente atacada e demonizada, mas o alvo principal a atingir são as políticas públicas de transferência de renda para os mais pobres através de vários programas sociais, como a política de cotas para negros, um programa extremamente satanizado. É isso que querem mudar de fato, a figura da presidente é apenas simbólica, ela não é tão incompetente como a mídia apregoa diariamente e os eleitores mais simples acabam por acreditar. E também por toda aquela gente mal vestida, que emergiu e hoje prefere viajar de avião, e que é extremamente ridicularizada nas redes sociais. Toda essa política favorável aos mais pobres não é nem um pouco bem vista. É isso que está em jogo, além também da questão dos 'Brics' e da inserção do país no mundo,  não é a corrupção em absoluto. A pauta da corrupção é só uma fachada, uma espécie de cortina de fumaça, para desgastar mais ainda a imagem do atual governo. Quem conspira a favor do golpe para tirar a presidente, é gente que não gosta nem um pouco da política favorável aos mais pobres desse governo, eles querem mais do que nunca mudar e acabar com tudo isso. Que não se tenha nenhuma ilusão a respeito disso e nem a menor dúvida.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Atropelaram a gramática


Há alguns anos atrás, quando encerramos as atividades do grupo de estudos filosóficos aqui na serra fluminense, em Nova Friburgo, que funcionou durante dez anos, e que organizamos como instrumento  para o exercício de um pouco de vida inteligente minimamente possível, dentro de condições limitadas por vários motivos e razões. Diante do fim de um ciclo, com o desgaste natural do grupo e de seus membros, resolvemos encerrar as atividades. Com o fim do grupo, no início me peguei um pouco desmotivado para continuar com as leituras de textos de filosofia, e assim entrei num clima de “fechado para balanço”, pus entre parênteses as leituras de filosofia, e passei a me restringir mais às leituras de jornais, revistas e alguma literatura, coisas mais amenas. Foi nessa ocasião, que começava a emergir o movimento da direita política brasileira, que nunca deixou de existir entre nós, só que antes era uma coisa meio enrustida, envergonhada, meio por baixo dos panos, ainda no armário. Finalmente alguns deles começaram a perder o medo e a vergonha de se expor, e passaram a levantar bandeiras abertamente de direita. Por essa ocasião, lembro de ter lido na grande imprensa a declaração de um articulista de São Paulo, que já se dizia de direita na época, o jornalista Reinaldo Azevedo, onde afirmava, que finalmente a direita política estava mais preparada e instrumentalizada intelectualmente, para o enfrentamento com as esquerdas brasileiras, com as mesmas armas e instrumentos teóricos dos adversários, que antes a maioria deles não tinha. Li tudo aquilo e registrei na memória, e a partir dali passei a prestar mais atenção ao que aqueles caras tinham a dizer. É bom o exercício do contraditório, não somos jamais os donos da verdade, aprendemos todo dia e a todo instante, desde que estejamos aberto para tal. Com o tempo passando acelerado, voltei a ler e estudar filosofia de novo, Hegel, Lukács, os autores da Escola de Frankfurt, sobretudo Adorno, além de Marx, Zizek e até Piketty, voltei a redigir os meus próprios textos, e compartilhei alguns deles no Facebook, além do blog, onde vez ou outra publicava alguma coisa, que considerasse mais pertinente. Pois muito bem, o tempo foi passando, e desde então venho assistindo todo o movimento golpista e conspiratório e as suas tentativas malogradas de tentar voltar ao poder através de um golpe sem adjetivo por enquanto. É um verdadeiro vale tudo, onde tudo pode e é permitido para se alcançar objetivos espúrios, porque são completamente incompetentes, para chegar ao poder através do voto, de ganhar no e pelo voto, querem então levar na mão grande. Os golpistas de hoje não tem um projeto nacional para o país e para os brasileiros, no fundo continua valendo o velho sonho de permanecer uma sonolenta colônia tropical do império. Tanto falaram em preparo e competência teórica, e no entanto, até agora não consegui descobrir nada de surpreendente no preparo intelectual dessa direita tupiniquim. Se estudaram o tanto que apregoaram, não utilizaram quase nada desse suposto saber, que praticamente ainda não vi, nem vejo nenhuma manifestação dele. Ou talvez tenham mudado de tática e estratégia e não queiram mais perder tempo com querelas intelectuais e ideológicas. Os golpistas partiram para cima de forma truculenta, cheios de rancor, ressentimento e ódio, como uns trogloditas à moda fascista. Como os golpistas tentaram repetidas vezes, e não conseguiram desestabilizar o governo central, a ponto de derrubá-lo de forma definitiva, começam a demonstrar impaciência, a perder as estribeiras, o autocontrole, e com isso passaram a apelar para todos os artifícios políticos ou não ao alcance. Assim, no afã de chegar lá, de alcançar os seus objetivos perniciosos através da sanha golpista, acabaram por desmascarar completamente os seus próprios objetivos espúrios, tudo ficou visivelmente à mostra, a descoberto, ficaram com as calças na mão à vista de todos. Se antes julgavam que podiam chegar ao poder por se acharem suficientemente preparados para a luta político ideológica contra os oponentes das esquerdas, e como se frustraram no caminho, porque não conseguiram. Começaram a perder literalmente a cabeça, a cometer erros atrás de erros, a trocar os pés pelas mãos, mico após mico, e assim todo aquele suposto preparo tão propalado e apregoado pela grande mídia foi para o espaço. Em consequência de tudo isso, bateu o desespero nas hostes golpistas, e assim eles começam a se perder na coisa passional e a ATROPELAR a Gramática, a Lógica, a Ética, o Bom Senso, atropelam enfim até a paciência de todos. De forma, que hoje em dia, não consigo enxergar tanto preparo intelectual nessa cambada de fascistas, embora reconheça que entre eles, tenha gente muito esperta, determinada e preparada, mas aí é outro tipo de preparo, o peculiar "expertise" em golpes, os golpistas são truculentos mas não são tolos. O ano de 1964 ainda está bem fresco na memória, a sinalizar a lembrança de tudo que se passou. Por isso é preciso estar vigilante, alerta, atento e forte, como dizia a letra da canção popular, porque os golpistas não desistem nunca, se não for através do golpe eles não tem como se sentir vencedores uma vezinha que seja, é só o golpe que resta aos golpistas. Portanto não tem como os golpistas desistirem, não há outra alternativa para os golpistas, é o golpe ou o golpe. Isso está claro e evidente. Ainda existe no horizonte um certo risco, com a intensificação da atuação dos golpistas. O risco que existe, é quando se pensa na formação da opinião pública através do convencimento ideológico, pela mediação da grande imprensa, através de veículos como o rádio, jornais, revistas, televisão e internet, a grande maioria dessa mídia dominante ainda está nas mãos de golpistas ou sendo instrumentos deles. Quer dizer, o risco existe do movimento golpista começar a ganhar na rua, que não é a mesma coisa que ganhar a rua, porque ganhar as ruas, todas as correntes políticas já o fizeram. O problema para os golpistas é que a velocidade das inovações tecnológicas já está acima da velocidade do som, e daqui a pouco, é ainda difícil quantificar quando, mas logo logo todo esse sistema de comunicação midiática de massa nacional estará completamente obsoleto, o Paulo Henrique Amorim adora tocar nesse ponto em seus textos e colunas. Então os golpistas precisarão de forma rápida encontrar outro caminho alternativo ao golpe perene, sua única estratégia para voltar ao poder. Porque fazer política através apenas de golpe é muito muito OBSOLETO.    

quinta-feira, 10 de março de 2016

Existe raiva ideológica?



Para começo de conversa, raiva é um afeto, um sentimento violento de ódio ou de rancor exageradamente forte, uma manifestação patética(pathos), para não dizer neurótica. Portanto é um afeto que nos toca profundamente, somos levados por ele, e corremos o risco de perder a cabeça, quando levado às últimas consequências. Já o termo “ideológico” relativo à ideologia, é a qualidade de um determinado tipo de pensamento materializado através de um discurso, exemplo: “Ah, isso é uma crença ideológica”. Temos vários tipos de pensamentos, como é o caso do pensamento mítico, que antecedeu o pensamento filosófico e o científico, o pensamento religioso e o IDEOLÓGICO. Quando junto “ideológico” com o termo que dá nome ao sentimento de ódio extremo, como é o caso de raiva, fica parecendo um adjetivo, que está qualificando um afeto, um sentimento. Logo uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Portanto é completamente inadequado proceder arbitrariamente nessa juntada forçada. Só é legítimo usar o termo ideológico para qualificar um determinado tipo de pensamento, jamais um sentimento, é impossível um sentimento ser considerado ideológico. Se fosse na época do velho Nelson Rodrigues, diante de uma expressão como essa do título, certamente ele diria bem no seu peculiar estilo: "isso é de um absurdo monumental". Por outro lado é bom ressaltar, que os vocábulos existem para exprimir determinados sentidos e significados no uso corrente que é feito de uma determinada língua, e não podemos ao nosso bel prazer forçar uma barra, para dizer outra coisa, nem inverter os sinais todos do trânsito caótico do dia a dia. Todo mundo sabe que o termo “ideologia” possui vários significados válidos, que foram se acumulando ao longo da história desse vocábulo, desde Destutt de Tracy, Cabanis e outros, na França iluminista do século XVIII, passando por Karl Marx da Ideologia Alemã e até os dias de hoje. Sem entrar no mérito desses diferentes significados aqui, porque não é esse o objetivo agora, prefiro ficar apenas com o significado, que tem mais predominado ultimamente.
Ideologia vista como um discurso justificador e legitimador de uma determinada prática factual e social, que precisa mais do que tudo esconder ou camuflar as suas reais intenções do público alvo atingido por elas. Para isso é construído todo um discurso próprio, específico, encobridor das reais intenções daquela prática factual, dessa forma pode-se continuar efetivamente a praticar os atos nocivos contrários aos interesses daquele público alvo, com o auxílio e o uso de um discurso ideológico específico, que justifique aquela prática sem riscos, pois o discurso ideológico em tela justifica e LEGITIMA tudo aquilo efetivamente praticado. E somente com o auxílio de uma reflexão filosófica consequente e radical (no sentido de ir às raízes das coisas), É POSSÍVEL por sob o holofote da razão toda aquela artimanha do pensamento ENCOBRIDOR e FALSIFICADOR de uma ideologia a serviço de. Só para concluir, gostaria de lembrar, que quando se junta um determinado tipo de sentimento com a qualidade de um tipo de pensamento, é como estivesse se juntando alhos com bugalhos.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Filósofos na área



Não se fazem mais filósofos como antigamente
Volta e meia, tenho observado gente, se apresentando como "filósofo" em artigos publicados pela imprensa leiga e de massa, alguns até com entrevistas. O que a princípio poderia ser avaliado como algo alvissareiro, bons os tempos em que filósofos escrevem artigos para a imprensa de massa e até dão entrevistas, nem tudo está perdido, existe luz no fim do túnel. Ledo engano. Apesar dessas súbitas aparições, depois que lemos o artigo, ficamos na mesma, isto é, sem saber nada a respeito do pensamento do “filósofo”, porque ele escreve e publica, mas não se expõe jamais naquilo que escreve, e assim se torna uma tarefa impossível saber o que pensa. De posse do nome do suposto “filósofo”, autor do artigo, vamos ao Google em busca de saber algo a respeito do indivíduo que se diz filósofo, e nada ou quase nada é encontrado, quase uma frustração e desapontamento, não fosse verificar logo a seguir, que é muito raro achar qualquer coisa, que indique, pelo menos, o que pensa o tal "filósofo". Não se acha uma nota que seja, em forma de comentário assinado pelo suposto filósofo sobre textos publicados por outros articulistas, NADA. Jamais se posiciona, publica comentário sobre textos alheios, e muito menos prestigia o trabalho de um colega. Tudo funciona, como se o suposto "filósofo" fosse invisível ou tivesse sido salvo, semelhante um arquivo de internet, nas nuvens, como se costuma dizer agora. Além de não ser nada fácil saber o que pensa, pela quase total falta de exposição e de excesso de reserva do suposto “filósofo”, já que quase nunca se expõe. TAMBÉM não adianta, se o objetivo for procurar conhecê-lo melhor, tentar assistir uma palestra sua sobre um pensador qualquer, Kant por exemplo, proferida por algum deles. Porque o máximo que vai conseguir, será saber um pouquinho mais sobre o pensamento do sábio alemão, nada que revele o pensamento próprio do conferencista, que continua mais fechado que uma ostra. E continua tudo do mesmo jeito, sem a presença do contraditório. Continua, portanto, se apresentando por aí a fora, como se filósofo fosse. Mas que filósofo é esse que não se manifesta, que não exibe aquilo que pensa, que não mostra a cara, que não se expõe, que está sempre atrás do biombo filosófico, ou seja por trás das outras filosofias já pensadas e filosofadas? É só filosofia já filosofada, congelada e mumificada dos manuais, e arquivada nos escaninhos da mente do suposto filósofo, pronta para ser exibida quando surgir uma oportunidade. Um saber acumulado e morto, que descontextualizado, praticamente não serve pra nada, a não ser mostrar para os simples mortais, que sabe mais filosofia, que conhece mais sobre Kant, do que qualquer um de nós. Algo similar ao saber bancário, tantas vezes mencionado na obra de Paulo Freire. Um saber quase nulo e inútil. Considero uma contradição nos termos, alguém se dizer filósofo e ser incapaz de questionar o mundo que o cerca, a conjuntura política, cultural, etc., ter um pensamento próprio, em suma PENSAR no verdadeiro sentido da palavra. Limita-se apenas a ser um eterno replicante de pensamentos alheios. Não consegue encontrar motivo para dar uma aplicação mais pragmática, a tudo aquilo que leu e continua lendo todos os dias de forma compulsiva e compulsoria de teoria filosófica. A não ser preparar de vez em quando, uma palestra sobre algum ponto do pensamento de Levinas, Merleau-Ponty, Heidegger e outros. Será que é só e tão somente só isso, a que se resume a atividade filosófica? Não, não pode ser, claro que não é, a própria história da filosofia mostra que não. A filosofia é um instrumento valioso e poderoso no auxílio da investigação e da pesquisa na vida de qualquer pensador. A teoria filosófica, pode ser bem aplicada, quando instrumentaliza o investigador a inquirir a realidade concreta com muito mais perspicácia e gabarito, ajuda a revelar as conexões nem sempre aparentes dos fenômenos. A Filosofia bem aplicada torna-se uma espécie de má consciência da realidade de uma sociedade, por sua capacidade de desvelamento e desmascaramento do que está implícito ou escondido, porque foi exatamente dessa maneira que fizeram os filósofos mais consequentes de ontem. Por essa razão, e não por outra, que a reflexão filosófica não consegue agradar nem um pouco, aos regimes políticos autoritários e de exceção, aos ditadores da vez e a todos os poderosos de plantão. O que pode levar quem faz filosofia de forma consequente, correr certos riscos, inclusive uma condenação à morte, como foi o caso de Sócrates e Giordano Bruno. Mesmo não sendo um país de alguma tradição no campo teórico, o Brasil durante a ditadura militar de 1964, sofreu muito e teve perdas monumentais na área das ciências humanas em geral, o ensino de Filosofia por exemplo foi banido por completo da grade curricular do ensino médio, e só retornou após o fim da ditadura. E por pouco, mas muito pouco mesmo, a ditadura militar brasileira não conseguiu terminar o trabalho sujo, que era acabar de forma definitiva com o ensino de Filosofia nos cursos superiores, tanto o de licenciatura na formação de professores, como também o de graduação das universidades federais pelo país afora. Além da cassação, expulsão, prisão e por último o exílio voluntário dos principais expoentes do ensino de Filosofia, Sociologia e outras disciplinas questionadoras do ensino superior. Até na área da pesquisa científica, o Instituto Oswaldo Cruz foi um dos que foi atingido em cheio, com a prisão de doze de seus principais pesquisadores, uma verdadeira caça às bruxas. Excelentes mestres foram postos para fora da universidade, como foi o caso do genial professor Rolando Corbisier, de quem tive a honra de ter sido aluno, grande mestre, de saudosa memória. Enquanto isso, aquele suposto "filósofo" continua publicando de vez em quando, artigos na imprensa leiga, sobre o pensamento de algum filósofo consagrado de ontem ou de hoje, e no final do seu pequeno texto assina: "filósofo" fulano de tal, sem absolutamente se abalar com nada. Porque como não é capaz de pensar, de refletir sobre a realidade concreta do mundo a seu redor, acaba por passar praticamente invisível e incólume diante dos fatos, não incomoda nada nem ninguém, nem tampouco se abala com nada, já que não fede nem cheira.

segunda-feira, 7 de março de 2016

ILS SONT TOUJOURS DESOLÉ


Uma nota marcante da minha última viagem à Paris, foi o fato de ouvir tanta gente, na maioria estrangeiros, é bom que se diga; a reclamar contra a expressão que dá título ao presente texto: "je suis desolé". É intrigante para muita gente hoje em dia, que fenômeno é esse, que faz Paris ainda continuar a ser procurada e visitada por uma quantidade tão incomensuravelmente grande de forasteiros; mesmo não sendo mais a mítica cidade que foi no passado. A cidade luz, capital do iluminismo, da revolução francesa, do célebre lema de mais liberdade, igualdade e fraternidade, terra de grandes escritores, grandes sábios e pensadores, sobretudo na política e na filosofia, além de ter sido escolhida como residência permanente para tantos gênios da pintura, da música e da dança, e até da ciência. Não, Paris não é nada disso mais, isso tudo é passado, está registrado e documentado nos museus, não se vive mais esse clima cultural e nem essa atmosfera cultural intensa do século passado, ao andar pelas ruas parisienses de hoje em dia. O movimento que perdurou durante muito tempo no dia a dia dos cidadãos daquela grande cidade, quase uma capital mundial, na verdade era uma onda, que vinha desde o tempo do iluminismo no século XVIII, e que durou, na minha opinião até a morte do filósofo Michel Foucault em 1984, em 1980 morreu o maior de todos eles, Jean-Paul Sartre. A partir daí foi só queda, porque não quero usar o termo decadência. A França ficou órfã da presença de um "maître penseur". Há, é claro, as suas obras sendo republicadas quase que permanentemente, sem dúvida, mas não existe mais aquela grande referência viva, trabalhando e publicando de vez em quando alguma coisa relevante, que toda a gente espera chegar, como quando se esperava o novo filme de Fellini com alguma ansiedade nos anos setenta do século passado. Gradativamente Paris foi perdendo as suas principais referências, e não conseguindo ao mesmo tempo repô-las. Por essa razão, é que chama tanta atenção o fenômeno da quantidade incrível de tantos turistas ainda nos dias de hoje, mesmo fora da alta temporada, por todo o canto que se ande, sempre se esbarra com muitos estrangeiros, de diferentes origens e nacionalidades. Por que? Por outro lado, é fato que o perfil do visitante também muda com a passagem do tempo. Observei dessa vez, grandes hordas de turistas asiáticos, muitos japoneses incluídos, esperando que as portas da Galerie Lafayette fossem abertas para eles, na verdade a loja já estava aberta ao público comum, agora no caso dos asiáticos, a coisa era organizada de outra forma, eles adentravam na loja somente em grupos com um limite fixo no número de indivíduos por grupo, enquanto isso, os outros esperavam lá fora sob o sol ou chuva se fosse o caso, porque todo o dia é a mesma coisa, lá estão eles novamente. E os preços da loja são bem caros, cheguei a entrar só de curiosidade, para saber o que tinha ali de tão especial, para todo aquele sacrifício asiático ser feito daquela forma, juro que nada que vi me interessasse ou me tocasse de forma especial, só me assustei com os preços, com coisas muito mais caras de algo similar, que havia visto no Boulevard Saint German por exemplo, que já é, por sua vez, um lugar também caro. Diante disso, entendi que a quantidade de visitantes hoje está a mesma ou maior do que antes, por razões diferentes, que antes fazia alguém escolher Paris e não outra cidade. São outros tempos. Voltando à nota marcante, agora foi curioso ver tanta gente reclamando do maldito "je suis desolé" dos parisienses, se décadas atrás já se via um ou outro parisiense dizendo: "je suis desolé", quando algum estrangeiro, mal informado, o parasse para solicitar uma determinada informação, diziam que não sabiam e no final, concluíam com: "je suis desolé", em seguida viravam as costas e partiam, nos deixando com cara de tacho. Mas era raro acontecer, muito raro, só mesmo uma vez ou outra, se escutava essa expressão, na maioria das vezes, os franceses, costumavam dar de ombro e nem ouviam direito o que lhes fosse perguntado, passavam batidos e sumiam. Hoje virou uma frase tipo forma pronta, padrão de descartar estrangeiro, todo mundo, digo todo parisiense a utiliza. Depois de ouvir tanta queixa contra aquela expressão verbal eu mesmo fui a luta, fui checar e testar na prática, ver como isso se dava, e saí por aí a fazer perguntas aos desconhecidos e recebi em troca muitos "je suis desolé" pela cara, alguns com um tom a mais ou a menos de ironia ou maldade mesmo, e olha que falo francês com alguma fluência, mesmo assim era fatal receber um "je suis desolé" no final. Por isso a regra básica em Paris hoje em dia, para quem é de fora e não conhece a cidade direito, quando precisar de uma informação, procurar sempre os serviços públicos próprios e específicos, para esse tipo de atendimento, jamais parar um estranho e desconhecido na rua, a não ser que na hora H esteja passando por você um agente público, policial ou guarda uniformizado. Um francês que conheci num Café e trocamos uns minutos de prosa, demonstrando já estar de saco cheio de turistas, disse que não entendia porque Paris ainda atraía tanta gente, que jamais perderia o tempo de férias dele em cidades do porte de Paris, que não valia a pena por uma série de razões, preferia muito mais as ilhas gregas, ou as praias da costa sul da Turquia e por último o sul da Itália. Nada mal para umas férias, sem dúvida, mas não se viaja apenas nas férias, ainda bem.