sexta-feira, 13 de maio de 2016

Se não me convidam vou assim mesmo

Ainda intrigado com o sumiço e o silêncio do Sr. Rui Grieger, personagem que conseguiu a ousadia de me viciar em boas estórias em muito pouco tempo, se fosse uma droga ilícita ou não, seria muito poderosa, tal o seu poder viciante. Ontem à noite, não aguentando mais o tamanho do silêncio, e sem saber também como administrar a ansiedade, parti para o bar do Gilberto, local preferido do Sr. Rui Grieger, tem mais uns dois, que costuma frequentar, mas que faz algumas restrições.
Rui é aquele sujeito, que na linguagem popular, poderia ser considerado “sistemático”, basta apenas um gesto, uma palavra, uma olhada mal dada, qualquer coisa para o deixar chateado, o que é suficiente para não pôr mais os pés no pedaço. Foi assim que se afastou de forma peremptória do bar do Jorge, onde o encontrei no começo da amizade e batemos o nosso maior papo até hoje, já o conhecia de vista do clube, onde também não tenho mais o visto e encontrado.
O bar do Gilberto ontem não estava tão cheio, como de outras vezes, pedi uma cerveja e um pastel de carne moída, que tem sempre uma azeitona no recheio, que adoro e faço propaganda de tão bom que é, tomei um grande gole de cerveja, daqueles que lavam a alma e desce gostoso, sentei-me de frente para a porta principal, na expectativa de a qualquer momento adentrar no recinto o Sr. Grieger. Como não gosto de cerveja quente, como tomam os ingleses, sempre prefiro pedir a garrafa pequena, porque acaba mais rápido e o conteúdo permanece gelado. A primeira garrafa acabou, e nada do Sr. Grieger aparecer.

Pedi ao Gilberto a segunda garrafinha já decidido que seria a última, quando ele se aproximou com a garrafa fazendo o gesto característico de abri-la, aproveitei para indagar sobre o Rui, não tenho visto, essa semana ainda não apareceu, foi a resposta, breve, rápida e seca, concluiu dizendo não saber a razão do sumiço, antes que eu ameaçasse com qualquer outra pergunta, em seguida foi dar atenção para um jovem casal, que acabara de chegar. Bom, diante disso, parei de beber na segunda mesmo, e segui em direção ao carro, que estava estacionado umas duas quadras adiante, não tem sido mais tão fácil encontrar vagas disponíveis nessa cidade, mesmo a noite, dizem que a cidade já tem um carro para cada dois habitantes, incluindo crianças e velhos, muito carro e pouca mobilidade.

Estou pensando, hoje à noite, fazer mais uma tentativa de encontrar o Rui, caso não seja bem sucedido, vou ter que desrespeitar as suas determinações, e arriscar telefonar para o número do seu celular, pelo menos uma vez, já sei que não devo insistir, caso ele não atenda, em fazer seguidas ligações, porque isso o irrita terrivelmente.


  

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