Confesso,
que quando postei pela primeira vez a charge acima, que faz a capa do post, sobre
a situação política nacional, me senti pouco seguro ao publicá-la, pois temia
que aquilo não retratasse de fato a nossa realidade, tal era o barulho e
bombardeio na ocasião, que fazia a mídia visando criminalizar, desqualificar e
desgastar o governo diariamente, e a toda a hora, a todo tempo, numa
cantilena, tipo lavagem cerebral, cotidiana, massacrante, de massa, com a visão
totalmente distorcida da situação real do país, com uma versão, que ainda hoje
se ouve quem a defenda, de que era a presidente, quem chefiava uma quadrilha de
bandidos. Pois era tudo o que a grande imprensa noticiava, bradava diariamente em letras garrafais em suas manchetes, e que imediatamente colava na mente do povo. Tudo isso, já vinha acontecendo bem antes da votação do impeachment na Câmara em 17 de abril último, e rolou
durante todo o ano de 2015, e em 2016 fizeram uma pequena trégua por ocasião das
festas de fim de ano e o carnaval apenas. Logo em seguida vieram com tudo para cima do governo, e não pararam a intensidade dos ataques até a votação do impeachment na Câmara. Por incrível que pareça, revendo a charge hoje, nossa! Como se tornou real! Impressionante! Diante dessa atual
conjuntura nacional, sabemos que não basta mais apenas o fato, e sim as
versões que são feitas desse fato. Se a versão apresentada é mentirosa, não
importa nem um pouco, o que importa agora é o número de acessos na net, e se a
versão mentirosa vai tocar alguém, vai sensibilizá-lo, vai colar na mente,
porque será essa mente, que vai repassar adiante toda a baboseira mentirosa,
que chamam eufemisticamente de narrativa da direita. Se foi assim que se deu,
numa sociedade educada e sofisticada como a alemã dos anos 20 e 30, porque
também não seria aqui nos trópicos, ainda um tanto atrasados em termos de
cultura letrada, e mais pobres do ponto de vista econômico? Não deu outra,
muita gente boa aderiu, ou foi pega, pescada, fisgada, cooptada, gente que considerava
inteligente, alguns um tanto pseudo-intelectuais, também caíram nessa
esparrela, entraram de gaiato na cantilena da direita golpista e aderiram de
malas e cuias. Viraram defensores intransigentes do golpe, com argumentos os
mais estapafúrdios, golpistas com ardor e paixão, gente sempre muito difícil
para se discutir, com seríssimas alterações emocionais, porque não contra
argumentam jamais, evitam apresentar o contraditório, para a discussão
prosseguir, preferem ofender, desqualificar o oponente, saem do assunto completamente
e partem para a grosseria, naquela coisa de querer ganhar no grito. Um horror!
São horríveis! Dizem que na Alemanha nazista, era comum ouvir, que com inimigos não se
discute, se elimina com eles. Também depois do golpe, que perpetraram, de forma
sub-reptícia, na mão grande, no
golpe baixo, no vale tudo, na política do esgoto. Esperar o quê, dessa gente,
não é? Os mais otimistas dizem, que muitos se arrependerão mais adiante, alguns
deles já começam a expor algum grau de insatisfação com uma coisa ou outra do
ilegítimo governo Temer. Em 1964, se bem me lembro, muitos golpistas da classe
média de primeira hora, a partir de certo tempo, quando o arrocho da repressão
começou a botar as garras de fora, começaram a pular do barco, com ele em
movimento. Muitos desses depois tiveram filhos presos, mortos ou no exílio,
filhos que pegaram em armas contra um regime político, que os seus pais haviam apoiado. O cantor e compositor cearense Belchior até compôs a canção “Como nossos pais”,
que ilustra e exprime em parte essa situação, essa relação, que depois também foi gravada pela genial Elis Regina, com sucesso retumbante.
Infelizmente é isso aí. Agora é tarde e Inês é morta! Só nos resta esperar pelas desgraças. A repressão braba virá após as olimpíadas.
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