sábado, 12 de março de 2016

Crenças políticas e interesses de uma certa imprensa

Escolher que notícia, imagem ou fato merece ter mais ou menos visibilidade, maior tempo de exposição, e o tipo de exploração, que será feita, nos veículos de comunicação de massa, isto é, nos principais jornais, revistas, emissoras de rádio, canais de tevê aberta ou paga, e até na internet. Escolha que é feita por gente de carne e osso, gente como a gente, só que envolvidos e engajados em outros interesses, preferências políticas, que pode ter o rabo preso com alguém, ou que deve favores a A ou B, ou que seja mais liberal na economia, enfim gente que tem uma ideologia. E portanto quando explora a divulgação de um fato, carrega nas tintas, ou prefere dar destaque maior a uma determinada notícia ou fato em detrimento de outra, está a fazer política e essencialmente movida por ideologia, por uma crença ideológica não importa qual. Mesmo não querendo fulanizar, é impossível não lembrar o papel que cumpriu as Organizações Globo em sua relação carnal com a ditadura militar de direita de 1964. Nascida um ano após o golpe, a Globo é filha primogênita da ditadura, ou o autêntico filho, como alguns gostam de falar. Cresceu, fortaleceu-se, criou massa muscular e enriqueceu, sob os auspícios da ditadura militar de 64, de quem acabou se tornando uma grande aliada política e ideológica. Quando indagamos hoje: “em que mãos estão os nossos maiores veículos de mídia?”. A resposta joga de imediato um foco de luz sobre o ideário dessa gente, suas crenças políticas e valores. Quem apoiou a ditadura militar de extrema direita, que nos governou de 64 a 85 do século passado, apoiou tanto que acabou por se tornar uma espécie de porta voz oficial do regime militar. Que se recusou a noticiar e mostrar todo o movimento pelas "Diretas já" em 1984, como se fosse um fato invisível para os olhos do homens da Globo. E nos anos pós ditadura trabalhou intensamente e com afinco pela derrota de Lula e a favor de Collor em 1989, e também por toda grade televisiva e suas pautas que exibe em seus principais veículos. Ninguém tem dúvida da posição político-ideológica dos principais dirigentes da Organização, é tudo muito claro e quase transparente, mesmo que essas posições não sejam jamais explicitadas oficialmente. Eles não precisam vir a público afirmar se são isso ou aquilo. A prática política dessa gente, suas escolhas mostram, exibem e deixam claras as suas posições. Tudo isso me faz recordar de um programa que existe na Globonews, canal pago da Organização, apresentado e ancorado por William Waack aos sábados, hoje não vejo mais, aliás já deixei de assistir há algum tempo, mas posso testemunhar pelo período que assisti, que mostra como os dirigentes do programa ignoram que existe o contraditório, porque jamais faziam os episódios com gente que fosse contra e algum pelo menos a favor do governo para estabelecer um nível mínimo, que fosse, do contraditório. Não, nunca, jamais. Eles sempre produziam o programa em forma de painel sobre um tema específico com três comentaristas convidados, alguns quase figurinha carimbada, porque sempre participavam. E haja bater no governo durante todo o tempo de duração do programa. Isso mais de uma vez por semana, com as repetições que o canal disponibilizava daquela emissão em outros horários, era quase uma overdose de notícias negativas contra o governo, e também uma tortura mental para os assinantes que não estavam de acordo com nada daquilo. Era uma espécie de cartilha política sendo passada para a população o tempo todo, de formatação tipo lavagem cerebral da pior espécie. Quando mudava para o papel impresso, o jornal, encontrava sempre com a coluna da jornalista Miriam Leitão, outra que deixei de ler. Quando chegava nessa coluna, sempre dava uma passada rápida d’olhos para ver do que se tratava, e por mais incrível que possa parecer, nunca vi essa senhora publicar alguma coisa favorável ao governo, uma nota que fosse de algo positivo, nada, era só doses diárias com peso cavalar de puro baixo astral. Nem durante os anos de bonança do período Lula,  ela mudou, continuou falando mal do governo durante esse tempo todo, nunca entendi porque não se fatiga nunca de fazer isso, bater no governo, embora saiba que além disso ela fez outros trabalhos, escreveu e publicou livros, etc. E como é provável que ela tenha muitos leitores,  o que aumenta a sua responsabilidade, e também o seu ibope e a sua influência ideológica sobre um grande número de pessoas, que também são eleitores. É claro que essa dose cavalar de crítica e intriga política, acaba por pesar muito contra a imagem de qualquer governo, queima o filme, provoca desgaste, aquele negócio de “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, é exatamente isso. Se acrescentarmos também alguns erros do próprio governo, pronto, está feito o cenário perfeito, favorável e muito atraente para os golpistas. Além da participação de inúmeros outros comentaristas tanto de política como de economia, fazendo e aumentando a carga do contra. Em relação a economia e a política, praticamente não existe fronteira entre as duas ciências, é muito tênue a linha entre ambas, nos primórdios a ciência econômica era conhecida como: "economia política". É unânime e constante a repetição da mesma cartilha ideológica, a mesma lavagem cerebral. Então o resultado é isso, que estamos a assistir cotidianamente, gerando uma crise política que contamina a economia e acaba por afetar toda a população, prejudicando MAIS como sempre os mais pobres. Aliás o principal alvo dessa cantilena de direita, parece ser a figura da presidente que é constantemente atacada e demonizada, mas o alvo principal a atingir são as políticas públicas de transferência de renda para os mais pobres através de vários programas sociais, como a política de cotas para negros, um programa extremamente satanizado. É isso que querem mudar de fato, a figura da presidente é apenas simbólica, ela não é tão incompetente como a mídia apregoa diariamente e os eleitores mais simples acabam por acreditar. E também por toda aquela gente mal vestida, que emergiu e hoje prefere viajar de avião, e que é extremamente ridicularizada nas redes sociais. Toda essa política favorável aos mais pobres não é nem um pouco bem vista. É isso que está em jogo, além também da questão dos 'Brics' e da inserção do país no mundo,  não é a corrupção em absoluto. A pauta da corrupção é só uma fachada, uma espécie de cortina de fumaça, para desgastar mais ainda a imagem do atual governo. Quem conspira a favor do golpe para tirar a presidente, é gente que não gosta nem um pouco da política favorável aos mais pobres desse governo, eles querem mais do que nunca mudar e acabar com tudo isso. Que não se tenha nenhuma ilusão a respeito disso e nem a menor dúvida.

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