Há alguns anos atrás, quando encerramos as atividades do
grupo de estudos filosóficos aqui na serra fluminense, em Nova Friburgo, que funcionou
durante dez anos, e que organizamos como instrumento para o exercício de um pouco de vida inteligente minimamente possível, dentro de condições limitadas por vários motivos e razões. Diante do fim de um ciclo, com o desgaste natural
do grupo e de seus membros, resolvemos encerrar as atividades.
Com o fim do grupo, no início me peguei um pouco desmotivado para continuar com
as leituras de textos de filosofia, e assim entrei num clima de “fechado para
balanço”, pus entre parênteses as leituras de filosofia, e passei a me restringir
mais às leituras de jornais, revistas e alguma literatura, coisas mais amenas.
Foi nessa ocasião, que começava a emergir o movimento da direita política
brasileira, que nunca deixou de existir entre nós, só que antes era uma coisa meio
enrustida, envergonhada, meio por baixo dos panos, ainda no armário.
Finalmente alguns deles começaram a perder o medo e a vergonha de se expor, e passaram a
levantar bandeiras abertamente de direita. Por essa ocasião, lembro de ter lido
na grande imprensa a declaração de um articulista de São Paulo, que já se
dizia de direita na época, o jornalista Reinaldo Azevedo, onde afirmava, que
finalmente a direita política estava mais preparada e instrumentalizada
intelectualmente, para o enfrentamento com as esquerdas brasileiras, com as
mesmas armas e instrumentos teóricos dos adversários, que antes a maioria deles não tinha.
Li tudo aquilo e registrei na memória, e a partir dali passei a prestar mais
atenção ao que aqueles caras tinham a dizer. É bom o exercício do
contraditório, não somos jamais os donos da verdade, aprendemos todo dia e a todo
instante, desde que estejamos aberto para tal. Com o tempo passando acelerado,
voltei a ler e estudar filosofia de novo, Hegel, Lukács, os autores da Escola
de Frankfurt, sobretudo Adorno, além de Marx, Zizek e até Piketty, voltei a redigir os
meus próprios textos, e compartilhei alguns deles no Facebook, além do blog,
onde vez ou outra publicava alguma coisa, que considerasse mais pertinente. Pois
muito bem, o tempo foi passando, e desde então venho assistindo todo o movimento golpista e conspiratório e as suas tentativas malogradas de tentar voltar ao poder através de um golpe sem adjetivo
por enquanto. É um verdadeiro vale tudo, onde tudo pode e é permitido para se
alcançar objetivos espúrios, porque são completamente incompetentes, para
chegar ao poder através do voto, de ganhar no e pelo voto, querem então levar na
mão grande. Os golpistas de hoje não tem um projeto nacional para o país e para os brasileiros, no fundo continua valendo o velho sonho de permanecer uma sonolenta colônia tropical do império. Tanto falaram em preparo e competência teórica, e no entanto, até agora não consegui descobrir nada de surpreendente no preparo intelectual
dessa direita tupiniquim. Se estudaram o tanto que apregoaram, não utilizaram quase nada desse suposto saber, que praticamente ainda não vi, nem vejo nenhuma manifestação dele. Ou talvez tenham mudado de tática e estratégia e não queiram mais perder tempo com querelas intelectuais e ideológicas. Os golpistas partiram para cima de forma truculenta, cheios de rancor, ressentimento e ódio, como uns trogloditas à moda fascista. Como os golpistas tentaram repetidas vezes, e
não conseguiram desestabilizar o governo central, a ponto de derrubá-lo de forma
definitiva, começam a demonstrar impaciência, a perder as estribeiras, o autocontrole, e com isso passaram a apelar para todos os artifícios políticos ou
não ao alcance. Assim, no afã de chegar lá, de alcançar os seus objetivos perniciosos através da sanha golpista, acabaram por desmascarar completamente os seus próprios objetivos
espúrios, tudo ficou visivelmente à mostra, a descoberto, ficaram com as calças na mão à
vista de todos. Se antes julgavam que podiam chegar ao poder por se
acharem suficientemente preparados para a luta político ideológica contra os
oponentes das esquerdas, e como se frustraram no caminho, porque não
conseguiram. Começaram a perder literalmente a cabeça, a cometer erros atrás de
erros, a trocar os pés pelas mãos, mico após mico, e assim todo aquele suposto
preparo tão propalado e apregoado pela grande mídia foi para o espaço. Em
consequência de tudo isso, bateu o desespero nas hostes golpistas, e assim eles começam a se perder na coisa passional e a ATROPELAR a Gramática, a Lógica, a Ética, o Bom Senso, atropelam enfim até a paciência de
todos. De forma, que hoje em dia, não consigo enxergar tanto preparo intelectual nessa cambada de fascistas, embora reconheça que entre eles, tenha gente muito esperta, determinada e preparada, mas aí é outro tipo de preparo, o peculiar "expertise" em golpes, os golpistas são truculentos mas não são tolos. O ano de 1964 ainda está bem fresco na memória, a sinalizar a lembrança de tudo que se passou. Por isso é preciso estar vigilante, alerta, atento e forte, como dizia a letra da canção popular, porque os golpistas não desistem nunca, se não for através do golpe eles não tem como se sentir vencedores uma vezinha que seja, é só o golpe que resta aos golpistas. Portanto não tem como os golpistas desistirem, não há outra alternativa para os golpistas, é o golpe ou o golpe. Isso está claro e evidente. Ainda existe no horizonte um certo risco, com a intensificação da atuação dos golpistas. O risco que existe, é quando se pensa na formação da opinião pública através do convencimento ideológico, pela mediação da grande imprensa, através de veículos como o rádio, jornais, revistas, televisão e internet, a grande maioria dessa mídia dominante ainda está nas mãos de golpistas ou sendo instrumentos deles. Quer dizer, o risco existe do movimento golpista começar a ganhar na rua, que não é a mesma coisa que ganhar a rua, porque ganhar as ruas, todas as correntes políticas já o fizeram. O problema para os golpistas é que a velocidade das inovações tecnológicas já está acima da velocidade do som, e daqui a pouco, é ainda difícil quantificar quando, mas logo logo todo esse sistema de comunicação midiática de massa nacional estará completamente obsoleto, o Paulo Henrique Amorim adora tocar nesse ponto em seus textos e colunas. Então os golpistas precisarão de forma rápida encontrar outro caminho alternativo ao golpe perene, sua única estratégia para voltar ao poder. Porque fazer política através apenas de golpe é muito muito OBSOLETO.
Não dá para esperar muito de um Rogério Cheque Sem Fundos e um Quim Catapimba. Quaquaquaqua.
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