quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O politicamente correto

Até um tempo atrás tendia a concordar com os argumentos daqueles, que costumam implicar e criticar as patrulhas do politicamente correto. Daqueles que se queixam de que não se pode mais dizer quase nada, que não se pode mais brincar, fazer certas piadas, que o mundo desaba em cima, que aparece um exército de patrulheiros a condenar o infrator aos confins dos infernos, por qualquer bobagem dita. Que o mundo havia perdido a graça. Que o mundo estava cada vez mais chato. Como é que se pode fazer humor assim? Indagavam-se. Por ter vivido os dois mundos, o de antes e o depois do “politicamente correto”, tendia, como disse no início, a achar que deveria haver certa tolerância, pelo menos por enquanto, até quando todos estivessem mais acostumados com os novos tempos e os hábitos modernos, que se estabelecesse uma fase de transição, para que houvesse compreensão dos dois lados. Por outro lado, quando se é capaz, por empatia, de se colocar no lugar de quem é atingido por certos chistes e piadas de mau gosto, fica visível como a coisa se torna absurda, cruel e muitas vezes, não poucas, bastante agressiva. Há quem diga, que dessa ninguém escapa, já que cada um de nós, de alguma forma, acaba pertencendo a algum grupo minoritário, se for preto então se torna parte de uma maioria discriminada do mesmo jeito. Então ninguém escapa, o que vale para os pretos, vale também para as mulheres, e vale para as minorias propriamente ditas, como: gays, judeus, estrangeiros, pobres, idosos, baixinhos, magrinhos ou gordos, enfim qualquer um, que fuja à norma vigente. Outro dia li um comentário, que se referia a um determinado velho conservador, e na forma como foi colocado, sem aspas, parecia que todo “velho”, termo que por si só, quando posto para se referir a determinado indivíduo com mais idade, já embute e carrega uma carga conotativa de agressão aos idosos de um modo geral. Então, o infeliz comentário, que na raiz já ofendia todos os idosos, junto com o termo “conservador”, dava a entender, que todo velho é conservador. Uma falácia, que só vem reforçar um preconceito, e que preconceito é esse? O preconceito contra qualquer idoso, que não passa, segundo aquele jovem autor do comentário, de "velho conservador". Quando li o comentário, e como já estou chegando à idade, que muitos já consideram “velho”, aquilo bateu na hora, principalmente por não me considerar conservador politicamente falando. Alto lá, velho pode até ser, mas conservador jamais. Aliás, velho é o cacete!

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