terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Como assim?

Me espanta ver a rapidez, como passa os eventos culturais publicados hoje em dia, me refiro a todo tipo de evento da produção cultural contemporânea, lançamento de livro, peça teatral, uma música recém lançada, um livro de poesia impactante, e que, acaba por ter pouca ou quase nenhuma repercussão na boca do povo. Na grande maioria dos casos, poucos são os posts que viralizam na rede, repercutem na opinião pública com impacto, impacto que perdura no tempo, entra no imaginário de certa coletividade. É até compreensível diante da montanha de outros posts publicados, é muita informação junta circulando ao mesmo tempo, onde uma grande maioria, ou a maior parte delas, serão lançadas de vez, na lata de lixo da história. Totalmente diferente de algumas décadas atrás, dos anos setenta por exemplo, quando esperávamos ansiosos cada ano novo que entrava, pelo novo filme de Pasolini. Como viria o novo Jorge Amado e o novo filme de Ingmar Bergman. E quando a obra era lançada, a repercussão era enorme durante algum tempo, se falava daquilo durante o ano inteiro. Depois acabava caindo no esquecimento, e praticamente todo mundo deixava de tocar no assunto, até que morria de vez, era natural, um processo natural de esquecimento. Alguns eventos permaneciam mais tempo na cabeça do povo, outros nem tanto, mas era assim que se vivia, que se levava a vida, era normal daquela forma. Hoje não é mais assim, tudo passa muito rápido e muito mais veloz, desaparece no tempo, a grande maioria das coisas publicadas não tem repercussão alguma, como se estivessem estado sempre invisíveis, nas sombras, ninguém prestou atenção em seu conteúdo. O que, por outro lado, acaba sendo terrível, sobretudo, quando se vive numa era da quantidade, do quantitativo, do número de visualizações. Só terás um fôlego maior de sobrevivência na rede se fores acolhido por um número muito grande de gente. Quantas vezes já escutamos esse mantra? Por isso é que, para quem produz conteúdo, é muito frustrante não receber a menor consideração por parte da sua audiência, tanto em curtidas como em comentários críticos, elogiosos ou não. Pior do que um comentário desqualificativo é a falta dele, quando ninguém comenta nada. É claro, que de alguns comentários depreciativos, de baixo nível, até mesmo de baixo calão, como vemos nas redes, de forma agressiva com xingamentos, etc. Pode e deve sempre ser bloqueado. Considero desafiador para quem produz conteúdo hoje em dia, é encontrar sempre um motivo ou razões metafísicas para continuar produzindo, para não precisar parar jamais por falta de motivação. Muito embora, a sensação, que sempre se tem, depois de publicar algo, é que aquilo não tem mais a menor importância ou sentido. A razão de ser é a criação, todo o processo que vai da invenção e elaboração até
à produção, até o fazer, e não mais apenas à repercussão do evento na opinião pública ou publicada. Portanto, esse é o eixo. Não importa mais quantos irão ler.

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