segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O retorno com força de Marx


Com o golpe parlamentar de 2016 no Brasil, que como podemos ver, continua em curso a pleno vapor, com a retirada de forma extrema dos direitos mais básicos e fundamentais da classe trabalhadora. Os golpistas e todos os seus apoiadores, principalmente nas camadas médias da sociedade, com suas ações e omissões, mesmo sem querer, acabaram conseguindo a façanha de tornar a teoria marxista super atual e relevante, na compreensão dos fenômenos sociais mais agudos, pelo qual estamos todos a passar, como a luta de classes, e todas as consequências geradas por ela, a exploração do trabalho, o trabalho escravo, a mais-valia, as ideologias, o estado de exceção, a perda de direitos, o empobrecimento das grandes massas de trabalhadores, etc. O marxismo havia sido um pouco jogado para escanteio por ocasião da queda do muro de Berlim em 1989, e do total desmoronamento do império soviético no início dos anos noventa, ficou meio fora de moda se falar de Marx e de todos os seus seguidores, que continuaram publicando ao longo de todo o século XX, caso de gente do porte de Georgy Lukács, Fredric Jameson, alguns autores da escola de Frankfurt, como Marcuse e Benjamin, e mesmo agora nesse século XXI, com o filósofo húngaro Istvan Meszaros, falecido em primeiro de outubro de 2017, o importante pensador francês Alain Badiou, um outro francês Daniel Bensaïd falecido em 2010, além de muitos outros. Porque o capitalismo continuou em seu processo galopante de expansão voraz, ampliar territórios, ampliar o consumismo, vender mais produtos e bugigangas, apesar de toda a insustentabilidade causada por esse sistema de produção em massa no desequilíbrio do planeta, o risco de exauri-lo, questão sempre minimizada pelos partidários do mercado. O que já é, por sua vez, um flanco do capitalismo, que foi deixado aberto pelos próprio sistema de produção capitalista e por seus teóricos, que tem recebido muitos ataques, além de muitos outros lados vulneráveis desse sistema econômico hegemônico. O aperfeiçoamento dos mecanismos do capital financeiro, que radicalizou muito o liberalismo econômico, cujo objetivo maior é sequestrar o estado nacional em causa própria, levou o mundo para a crise de 2008, que como se viu depois, envolveu muita jogatina com dinheiro sujo, lavagem de dinheiro, corrupção de todo tipo, pirâmides financeiras disseminadas em massa, um cassino funcionando oficialmente a céu aberto, onde se podia de tudo, muita gente arriscando em especulações financeiras com papéis podres, os chamados derivativos, derivativos de derivativos, que depois foram regulados e alguns proibidos. E quando se pensava, que com a crise de 2008, aquele movimento liberalizante fosse arrefecer, pelo contrário, o que se viu a seguir é que o liberalismo econômico tornou-se muito mais radical, a ponto de muitos analistas já o chamarem de "fundamentalismo" de mercado, como se uma seita religiosa fosse. Há quem fale até em deus mercado. Portanto, diante disso, o marxismo continua, mais do que nunca, muito atual, e considero, que continua a ser hoje uma ferramenta teórica indispensável e fundamental, para se compreender os desequilíbrios gerados por esse capitalismo da ocasião, sobretudo desequilíbrios do capital financeiro. E porque isso acontece? Porque os problemas gerados por um sistema econômico, que continua com apetite voraz, bastante ampliado com o fim da bipolaridade, com erros e aperfeiçoamentos, com suas crises ocasionais geradas pelo próprio sistema, que continua, de uma forma ou de outra, a cometer os mesmos desequilíbrios, falhas e erros gerados no século XIX, que acabou levando um autor como Marx, junto com Engels, a dedicar toda a vida na busca de encontrar uma compreensão científica do sistema econômico capitalista, quando construiu o seu grande tratado “O Capital”. Aliás, tudo isso, me lembra uma frase atribuída a Che Guevara, durante os momentos de lutas de guerrilha na Bolívia, quando o acusam de ser marxista, na ocasião um xingamento, e Che responde, que era a realidade, política, econômica e social, que era marxista, e isso o obrigava a lutar, para poder  transformá-la. Se o sistema capitalista continua existindo, a teoria que o explica e compreende nunca perdeu importância e pertinência. Se ficou ou não fora de moda, foi um acidente político de percurso. Hoje não se derrota o inimigo apenas no campo de batalha militar, existem outras alternativas de batalhas muito menos sanguinolentas e muito mais eficazes. 



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