quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O que está por trás da proibição do show de Caetano

Os golpistas usaram e abusaram do poder midiático, durante o período que trabalharam em prol da derrubada do governo Dilma. Tudo começou em 2013, quando a tevê Globo colocou como prioridade em sua pauta, a convocação da presença dos militantes coxinhas nas ruas. A mídia foi importante, quando foi usada como instrumento para desmantelar, desmanchar e desfazer, através da propaganda, de um marketing profissional  quase perfeito, tudo aquilo que fosse considerado bom ou positivo no governo do PT. Segundo as lideranças das oposições era preciso fazer um trabalho de desconstrução eficaz e de primeira, que a meu juízo foi mais desqualificação do que qualquer outra coisa, mas enfim preferiram chamar de desconstrução, que fosse feita com urgência, pois queriam ganhar as próximas eleições gerais a se realizar no ano seguinte, em 2014. Pois muito bem, trabalharam diuturnamente contra a imagem da presidente, criminalizaram determinadas maneiras de fazer política adotadas pelo ex-presidente Lula, de tal forma, que um governo que era até bem pouco tempo atrás, muito bem avaliado, começou a despencar ladeira abaixo em se tratando de avaliação pública, computados através das principais agências de pesquisas, algumas pertencentes a grandes grupos de mídia. Mas o mais irônico e curioso, é que apesar de toda a campanha negativa, demolidora, destrutiva e contrária à imagem da presidente Dilma, ela conseguiu se reeleger, num resultado apertado, é verdade, mas venceu. E logo em seguida, mal fechadas as urnas, e o resultado final divulgado, o candidato perdedor, veio a público levantar suspeitas sobre a lisura do pleito, falou até em impeachment, tudo isso muito antes da presidente assumir o novo mandato. Portanto era visível o papel que cumpria nesse processo as principais emissoras de tevê, além das principais revistas semanais, das principais emissoras de rádio, e de todos os principais jornais impressos do país. Quanto ao relevante papel ocupado pela mídia, da sua importância no resultado final do golpe, não resta a menor sombra de dúvida. Então é ponto pacífico, o fato da mídia ter sido um instrumento atuante e relevante para derrubar a presidente. O outro instrumento usado à exaustão como arma política, usado com o objetivo de desestabilizar o governo anterior, foi o judiciário. Isso desde o episódio do mensalão, iniciado em 2005 e 2006, ainda durante o primeiro mandato de Lula, e que durou até o julgamento final, quando o relator da AP 470, ministro Joaquim Barbosa condenou José Dirceu à severa pena de prisão, baseado apenas na teoria do domínio do fato, uma esdrúxula teoria alemã, criada no pós-guerra para condenar criminosos nazistas, e aqui foi apresentada como novidade para condenar adversários políticos sem prova nenhuma. É bom não esquecer, que outros agentes políticos de outros partidos, que também praticaram os mesmos atos, como o ex-governador de Minas Eduardo Azeredo do PSDB, que na mesma ocasião ou até um pouco antes, não foram atingidos, e quando o foram, responderam na primeira instância, fora portanto do STF onde fora julgado o mensalão do PT. Mas mesmo assim, Lula conseguiu se reeleger, derrotando no segundo turno o candidato do PSDB. Digo isso para mostrar, como a mídia e o judiciário tem sido usados como instrumentos, e como arma política para tentar desqualificar, desestabilizar e finalmente conseguir derrubar governos do campo popular, governos que não interessam ao mercado financeiro, campo popular também conhecido como o da esquerda política em geral, que no caso do PT, trata-se de um partido mais de centro-esquerda. Tanto tentaram, que acabaram por conseguir o objetivo maior, tirar do poder um governo popular e bem avaliado, através de um golpe parlamentar, governo que já vinha sendo erodido com o auxílio daqueles dois instrumentos, que apontei atrás, ou seja, a grande mídia e o judiciário. Já vimos como essa gente, que patrocinou o golpe de Estado, dá importância a esses dois instrumentos, a esses dois aparelhos de Estado, para usar a linguagem do filósofo franco-argelino Louis Althusser, a mídia sendo mais um aparelho ideológico de Estado, enquanto o jurídico faça parte mais do aparelho repressivo de Estado. Para concluir, o caso em questão, a respeito da proibição, que impediu a realização do show de Caetano Veloso num acampamento do MTST em São Bernardo do Campo, no ABC, grande São Paulo. O que é que não se queria? Não se queria que fosse dada publicidade a um evento de moradores sem teto. E o que a presença de um artista como Caetano proporcionaria ao evento? Mais publicidade, evidentemente. Então o que se decidiu fazer para evitar tamanha repercussão ao evento? Claro, proibir o show através da justiça. Pronto, dessa forma o evento ficaria  invisível, porque a mídia, como fez com a caravana de Lula, não diria uma palavra a respeito, e estava liquidada a fatura. Já se o show de um artista internacional e conhecido como Caetano fosse realizado, seria impossível não se falar a respeito, e o show permanecer oculto. E novamente aqueles dois instrumentos políticos relevantes desses novos tempos foram mais uma vez utilizados com eficiência, apesar de um protestinho aqui e outro acolá, mas nada que pusesse em risco os objetivos claros e evidentes que se queria atingir.

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