sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Fundamentalismo contra fundamentalismo

No vídeo disponibilizado e com link no final do texto, pode-se apreciar imagens da maravilhosa arquitetura iraniana, de tempos imemoriais, como o tempo do rei Dario ou mesmo de Ciro, em diversos e diferentes prédios públicos de lugares e cidades do interior do país, prédios religiosos ou laicos, como termas sensacionais e outros. Mas especificamente no vídeo do mochileiro curitibano André Minatowicz,  é exibido alguns exemplos da bela arquitetura da cidade de Kashan,

que quase nunca a maioria de nós tem acesso. Porque o Irã, a antiga Pérsia, uma civilização com mais de cinco mil anos, até outro dia era e continua sendo considerado um país pária, pela principal potência militar do planeta, a potência que dá as cartas no jogo político internacional. E dessa forma nenhum lado positivo do país  pode ser mostrado, exibido, divulgado ou publicado pelas poderosas agências noticiosas ocidentais. Pelo contrário, passaram, todas em uníssono, a acusar o Irã, utilizando-se de uma linguagem fundamentalista, assim como foi usado contra o Iraque, outra cultura do oriente médio, que acabou sendo completamente destruída, através de uma invasão em 2003, numa guerra absurda com pretextos mentirosos, como por exemplo, a de que o Iraque possuía um arsenal de armas de destruição em massa, como armas químicas ou biológicas. E a absurda acusação de que ambos fizessem parte de uma coisa esdrúxula denominada "Eixo do Mal". É inacreditável! Pensar que já tínhamos entrado no século XXI, e de repente ouvir expressões do século XVII ou talvez até d’antes. É impressionante e revoltante. Notem que o Irã vem sendo continuamente demonizado há quase quatro décadas, por grande parte da imprensa ocidental. Acontece que, como dizem as más línguas, grande parte da imprensa ocidental e suas agências correspondentes, está em mãos de grupos sionistas radicais, gente que condena outros Estados por serem Estados religiosos e não laicos, porque o laicismo é o modelo ideal, quase um dever ser, para qualquer Estado que se preze no mundo ocidental. Mas, por outro lado, não  escrevem um linha sequer sobre a situação de Israel ser  um Estado judeu, logo religioso e não laico. Então para esses escribas sionistas picaretas, é tolerável a existência de um Estado religioso, desde que a religião dominante seja o judaísmo sionista, qualquer outro caso não. Repetindo: o Estado de Israel pode ser religioso e não laico, as outras nações do mundo com outras religiões não. A ordem é que toda vez que ocorrer esse fenômeno em algum canto do planeta, em algum país, deverá ser maciça e violentamente demonizado, atacado e depois destruído. Esse é o caso hoje do Irã, como ontem foi o caso do Iraque de Sadam, principalmente depois que o Irã se livrou do Xá Reza Pahlavi, por ocasião da revolução islâmica em 1979, tendo portanto se tornado fundamentalista demais, para o gosto ocidental. Acontece que assiste-se a mesma imprensa ocidental pagar o mico, de fazer um ataque de narrativas contra o Irã, e realizar esse ataque através de outra narrativa fundamentalista, só que agora cristã. Atenção! O país que tem evangélicos fundamentalistas no poder, como se vê hoje em tantos lugares do mundo ocidental, sobretudo nos EUA, não tem moral para cobrar laicidade dos outros. Esse é o caso do Brasil atual, onde tele pastores pentecostais infestam as redes de tevês abertas menores, a oferecer todo tipo de cura milagreira em troca de dinheiro depositado em contas dos principais bancos. E também a querer fazer de suas pautas religiosas a pauta do país, como aconteceu durante essa semana no Congresso Nacional com a bancada da bíblia aprovando um projeto de lei com regras mais duras e severas restrições ao direito de aborto, proibido até mesmo o aborto em caso de estupro. Num total retrocesso. Portanto, quem possui representantes políticos fundamentalistas religiosos desse naipe, não pode ficar a atirar pedras contra quem quer que seja. Cada um tem o fundamentalismo que merece? Será?



Vídeo conexo: VIAGEM IRÃ 2017 - KASHAN

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