sábado, 16 de janeiro de 2016

Vale tudo na lava a jato?

Durante a ditadura militar brasileira, principalmente no começo dela, quando ainda prevalecia a lógica da guerra fria e da bipolaridade mundial, entre de um lado o mundo soviético e do outro o mundo rico capitaneado pelos EUA. Como a nossa ditadura foi feita com o apoio logístico e militar do governo norte americano, que despejou aqui dezenas de milhares de dólares, para a criação de vários grupos de apoio ao golpe aqui dentro, a infiltração de espiões da Cia, o treinamento de militares superiores na famosa Escola das Américas no Panamá, incluído o treinamento em torturar com mais eficiência. Porque tudo valia para evitar que por aqui ocorresse algo semelhante ao que havia acontecido em Cuba, não queriam uma nova Cuba, muito menos em algo da dimensão do Brasil, um país imenso e continental. Como se sabe as coisas por aqui ficaram muito piores a partir de 1968 depois do sequestro do embaixador americano no Rio de Janeiro, e após a criação do AI-5, mas mesmo antes se prendeu muita gente, inclusive com muita gente torturada de forma indiscriminada. Era muito conhecida a técnica de obrigar o preso a falar, primeiro com o espancamento avassalador através dos agentes policiais, caso não desse resultado, era conhecida a estratégia de aterrorizar o preso com a presença de cobras venenosas e jacarés. Pois muito bem, nos dias de hoje, passados mais de trinta anos do fim da ditadura, sob a vigência da Constituição de 1988, que assegura o amplo estado de direito a todos os cidadãos brasileiros natos ou não, SABER que ainda existe órgãos de Estado, como é o caso da nossa Polícia Federal, que visando acelerar a confissão de alguns detentos, através do instrumento da delação premiada ou não, ESTÃO utilizando-se das mesmas técnicas de tortura da ditadura para intimidar e aterrorizar gente presa e ainda não condenada. Recentemente, por ocasião da transferência de dois presos, que estavam alojados na sede da Polícia Federal em Curitiba para um presídio comum, foi noticiado que na primeira noite passada na cadeia de presos comuns, aqueles dois empresários que estavam presos numa cela separada dos outros presos comuns, receberam de surpresa durante a noite a visita de uns oito presidiários comuns, que não tinham nada a ver com a lava a jato, que os aterrorizaram terrivelmente, fazendo todo o tipo de ameaça, e antes de deixar a cela ainda defecaram e urinaram por toda a cela. Esse tipo de prática é correta no estado de direito? Vale tudo agora, como valia na ditadura? É triste ver gente séria, que se ocupa com saúde mental, a dar apoio moral para esse tipo de prática em nosso país. Não! Claro que não.

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