sábado, 16 de janeiro de 2016

Dúvidas no divã



Considero mais do que oportuno compartilhar o artigo a respeito do psicanalista Amílcar Lobo, com o link no pé da página, sobretudo agora, quando se vê certos psicanalistas virem à público através das redes sociais, no afã de combater o governo de plantão, assumirem abertamente bandeiras políticas da extrema direita. Como é o caso, por exemplo, do compartilhamento de textos/posts do deputado Jair Bolsonaro, ou quando expõem às claras ódio contra minorias, ao repudiar determinadas políticas públicas contra a exclusão social, como é o caso do programa "Bolsa Família", do programa de Cotas para negros e afrodescendentes, do Mais Médicos e todos os outros programas sociais e de políticas públicas de combate às desigualdades. Agora virou moda por exemplo se dizer nas redes sociais, que qualquer ditadura de direita é melhor do que o nosso país, até mesmo a ditadura do reino Saudita se tornou uma referência para alguns psicanalistas desgostosos com o governo brasileiro atual. Teve gente que abriu espumante caro aqui no Brasil, por ocasião da vitória eleitoral de Macri na Argentina, são os mesmos, que de vez em quando, batem panelas caras em varandas gourmet. Francamente. É certo também que ao longo da história não foram poucos os psicanalistas que colaboraram com regimes ditatoriais e de exceção da direita política, como foi o caso com vários exemplos na Alemanha de Hitler, e também no Brasil da ditadura de 1964, com o rumoroso caso Amilcar Lobo. Agora, é muito duro e triste ver um profissional de saúde mental, expor abertamente posições de intolerância política através de crenças de extrema direita, não que não seja legítimo qualquer profissional ter qualquer posição político ideológica, mas quando as expõe publicamente, fica um tanto quanto contraditório com o ofício de profissional de saúde mental. Seria como justificar o injustificável, ou defender privilégios de uma minoria econômica mais do que já privilegiada e de todo o status quo. Fico a me perguntar como fica a situação dos pacientes desses profissionais, que se dizem psicanalistas, ao ver o que esses mesmos profissionais de saúde mental estão a compartilhar nas redes sociais, e tem muita coisa compartilhada por esses profissionais que são bem escabrosas, até mesmo arrepiantes, principalmente para quem vive num país terrivelmente desigual como o Brasil. Qual a legitimidade profissional de quem se ocupa com saúde mental, expor e compartilhar diariamente tanto ódio de classe nas redes sociais? Não seria mais conveniente, que o tal profissional de saúde mental, procurasse ajuda médica de algum colega, ou até mesma a ajuda de uma supervisão, para tratar de tal distúrbio, ou do ódio exalado cotidianamente na internet? O mínimo que se espera de um profissional de saúde mental é uma certa reserva da sua vida pública, e também de algum equilíbrio psíquico, pelo menos, quando se manifesta publicamente.

Um comentário:

  1. Trabalhei por 3 anos diretamente na saúde mental, na Colônia Juliano Moreira, e posso afirmar que não se passa por uma experiência dessa sem que haja uma profunda transformação íntima na gente. Lidar com o cúmulo da exclusão humana no sistema capitalista nos faz refletir na perversidade das relações sociais deste e querer trabalhar na contra mão do que está posto visando a melhoria da dignidade do ser humano. Além disso nos leva a um processo de análise e auto crítica dos próprios valores e princípios onde percebemos o quanto precisamos sair da superficialidade das nossas vidas e perceber nossa verdadeira essência.

    ResponderExcluir