terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PORQUE SOU A FAVOR DO BOLSA FAMILIA


É impressionante, como ainda tem gente, que se deixa levar pela propaganda negativa contra o programa Bolsa Família. Gente que se deixa servir, como instrumento da propaganda negativa, que é manipulada por setores organizados do "status quo" da direita política, que se utiliza de e-mails apócrifos, para fazer chegar aos incautos, a toda massa de manobra, de forma jocosa ou de piada, e de tal forma é realizada a propaganda, que leva a manada a achá-los "engraçados". Dessa forma, acabam por se perpetuar, de maneira quase inconsciente, os piores preconceitos contra os mais pobres. Como para fazer circular a mensagem maliciosa, precisam de gente conectada, é claro, que o alvo preferido são as classes médias, a pequena burguesia para Marx. Claro, para poder contar com a sua colaboração de forma gratuita e em rede, e assim continuar disseminando o ódio e todo tipo de preconceito contra os mais pobres. Infelizmente, quem se deixa manipular dessa maneira, não se dá conta, ser essa a pior mesquinharia, o que existe de pior em nossas classes médias, que ainda é conhecida na Europa, como a classe média mais mesquinha e conservadora do planeta, haja vista a maneira como fazem política e escolhem os seus representantes nos pleitos eleitorais. Passei um tempo na Europa nos anos oitenta, a maior parte do tempo em Londres, e durante esse tempo as notícias que chegavam do Brasil eram as piores possíveis, um horror, só exibiam nas TVs e jornais locais: favelas, miséria e outras mazelas. Hoje dizem, melhorou um pouco a imagem do Brasil, mas naquela época, lembro de amigos franceses e italianos a contar, que quando conheciam brasileiros à passeio, em geral de classe média, quando cobravam sobre a situação social do país, sempre os brasileiros à passeio davam de ombros, não estavam nem aí, não ligavam nem se importavam nem um pouco, tamanha era a insensibilidade social. Tal insensibilidade continua nos dias atuais, se assim não fosse, não teríamos mais a imensa desigualdade e a pobreza, que se reflete em lugares como nos complexos do Alemão, da Penha e da Maré no Rio, e em outros similares nos grandes centros urbanos espalhados pelo país, que a ganância e a mesquinharia dos que mais tem, não deixa haver melhor distribuição da riqueza e da renda, que cada vez mais se concentra em poucas mãos. Uma herança ideológica da época da escravidão, que se perpetuou na república, e ainda permanece na mentalidade de certa elite. Onde o valor máximo de referência é o patrimônio individual acumulado, e não a justiça social com redução da desigualdade. Alguns se queixam da violência urbana, dos assaltos, como se não fossem os mais ricos, responsáveis e cúmplices pela situação social conflitiva e a absurda desigualdade, e de forma enviesada atribuem, como razão da violência, o consumo compulsivo dos usuários de drogas ilícitas, desejam assim contabilizar a violência urbana apenas na conta da questão das drogas, como certa direita raivosa e preconceituosa quer fazer crer. Prefiro tributar tudo de perverso, que ainda continua a nos macular, a toda uma narrativa conservadora, que justifica, legitima e naturaliza a manutenção de absurdos privilégios ainda existentes, às opções políticas e ideológicas equivocadas de parte da elite social brasileira. O valor que o Estado brasileiro gasta com a assistência aos mais pobres no programa Bolsa Família, programa que beneficia em sua maior parte, uma população majoritariamente composta por negros e seus descendentes, com custo que não chega a um décimo do valor dado aos rentistas, aplicadores em papéis e títulos do tesouro nacional, não tenho o número preciso, mas o valor contabilizado no mês passado chegava perto de 200 bilhões de reais anuais, apenas os ganhos com os juros da taxa Selic, da chamada dívida pública. Portanto uma montanha de dinheiro transferida aos mais ricos da sociedade brasileira, gerando mais desigualdade e concentração, e contra essa situação nenhuma linha na grande imprensa. De forma que a dívida social que o estado brasileiro DEVE aos afrodescendentes, por todo o tratamento desumano e cruel, que receberam ao longo de toda a colonização, e que depois continuou no regime republicano, não é um mísero Bolsa Família que remunera ou recompensa. Na verdade o valor do bolsa família é uma miséria perto do que eles mereceriam, se fosse possível fazer justiça social para valer. Imagine se os afrodescendentes se organizassem a ponto de reivindicar num tribunal internacional os seus direitos, requeressem indenização e ressarcimento por tudo que sofreram, que valor seria? Não pretendo mudar a concepção de ninguém com respeito a esse e a outros assuntos, cada um pensa como quer. Mas quem de boa-fé defende deliberadamente a injustiça, os preconceitos e privilégios? Se o faz desconheço a razão, mas não deve ser por convicção, só por isso e apenas por isso, é que continuo a insistir nesse assunto. Se for dessa forma, ainda não se deu conta, que está prestando serviço ideológico às classes mais ricas, classes que tem ódio aos mais pobres, ódio de classe, contra quem na verdade sempre pagou a conta dos seus privilégios, não apenas pelo preconceito sofrido, que não é pouco, mas principalmente, pelos efeitos perversos dos erros, malfeitos, desvios e roubos praticados pela elite política e econômica. E o mais triste nessa história, e que não começou agora, é que o comportamento antipopular das classes médias, procurando estar sempre ao lado dos espoliadores, já vem de longa data e de forma recorrente. Já acontecia, por exemplo, durante o governo Vargas no início dos anos 50, quando alinharam-se à Carlos Lacerda e a toda campanha midiática do chamado "mar de lama", através de cadeia de rádio e de quase todos os jornais da época, que atacavam e criticavam ferozmente o governo e as suas políticas públicas. Como foi o caso dos ataques desqualificativos, contra os saudosos postos de saúde “lactários”, que ofereciam acompanhamento médico durante o pré-natal às mães de baixa renda, e depois de nascidas, as crianças recebiam acompanhamento médico, sopinhas e leite até quando atingissem a idade de dois anos. Foi dessa maneira, que dezenas de milhares crianças pobres puderam escapar da morte, da debilidade física permanente ou da indigência definitiva, porque é justamente até atingir os dois anos, que uma criança é mais sensível e vulnerável à carência de nutrientes. No entanto os jornais da época, prestando serviço aos seus senhores, atacavam com críticas demonizantes o programa Lactário do velho, acusavam de assistencialismo desnecessário, esmola com fins eleitorais, da mesma forma como fazem hoje contra o bolsa família. Aparentemente parece insensibilidade, e é, mas no fundo, o que falta a essa gente, é falta de grandeza, como são mesquinhos, seres amesquinhados. Portanto, a crueldade, a espoliação e a humilhação não começou agora. Dizia atrás, que ao repassar e-mail fazendo propaganda negativa do bolsa família, quem assim procede, está a prestar serviço a uma elite raivosa e preconceituosa, que a meu juízo precisa ser denunciada e desmascarada, a todo momento que manifeste sua pauta anti-social. Porque estamos em meio a uma luta de classes, que se dá, além da forma efetiva e real na economia, que acontece de forma perene no cotidiano brasileiro, a luta de classes se dá também no plano ideológico, que Althusser gosta de chamar, "luta de classe teórica", porque a prática anti-social precisa de uma narrativa justificadora e legitimadora no campo das ideias, para poder parecer uma coisa normal, natural. Daí fica claro como uma ideologia justifica, legitima e naturaliza a injustiça social perpetrada pelos mais ricos contra os mais pobres brasileiros ao longo do tempo de nossa história. O discurso ideológico legitimador das práticas injustas de exploração social, sobretudo no trabalho, na péssima remuneração do valor do trabalho, dissemina e espalha uma narrativa negativa contra o programa bolsa família através de todas as mídias, inclusive a utilizada no repasse da mensagem viral.



Veja como as classes médias se prestam, de forma quase inconsciente, a prestar um serviço sujo e de serem usadas como massa de manobra, de servir como instrumento, ao defender valores sociais e econômicos, que só interessam às elites econômicas conservadoras, na justificação do seu longo e duradouro domínio político e econômico do país em benefício próprio. É bom ter clareza de que lado quer aparecer na foto nesse século 21, que já está quase entrando em sua segunda década. E já está passando da hora de acabar de uma vez por todas, com a herança ideológica da escravidão, para caminhar firmes rumo à democracia, que realmente mereça o nome de democracia.

Link conexo:
Porque eles querem tomar o poder

5 comentários:

  1. ...traigo
    sangre
    de
    la
    tarde
    herida
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    CIRO

    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE CARROS DE FUEGO, MEMORIAS DE AFRICA , CHAPLIN MONOCULO NOMBRE DE LA ROSA, ALBATROS GLADIATOR, ACEBO CUMBRES BORRASCOSAS, ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER ,CHOCOLATE Y CREPUSCULO 1 Y2.

    José
    Ramón...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gracias José Ramón por suas belas palavras em forma de poesia, uma pena só agora, depois de tanto tempo é que descobri o seu comentário. Mas nunca é tarde, estou escutando Marc Anthony enquanto escrevo este comentário. Abraços. Ciro

      Excluir
  2. Até que enfim achei alguem com argumentos e que pense igual a mim !

    ResponderExcluir
  3. Imagino que o lula teve ter inspirado o emocionado autor que em fontes desconhecidas cita números para justificar outros. O pobre realmente precisa de ajuda mas precisa de meios eficientes para que consiga se manter durante sua via natural e não de esmolas para continuar vivos que São sim , políticas asistencialistas, que como cita o autor " generoso" iniciaram com o velho Getúlio que por " coincidência " era um líder populista que mantia a confiança e admiração do povo através de esmolas. Abra a cabeça autor, e não se deixe levar por "milagres" que o governo faz.

    ResponderExcluir
  4. Não sabia sobre o lactário. Tem vezes em que perdemos, momentaneamente a fé na humanidade, mas não temos o direito de desistir. A luta continua na esperança de mudarmos para melhor este mundo que habitamos.

    ResponderExcluir