quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Nietzsche e a totalidade



Acho que consegui entender o que se queria dizer, quando refere-se à filosofia de Nietzsche, como tendo uma forma própria de "pensamento". E você não está errado. E como isso se dá? É preciso lembrar, que Nietzsche por formação, vivia no âmbito das palavras, nos meandros dos termos, vocábulos, conceitos e o uso que era feito deles, pois era filólogo de formação. Trabalhava os conceitos no âmbito da linguagem, daí a procura da origem lá atrás dos tempos, do significado de um termo qualquer, movimento esse, que ele depois vai chamar de genealogia, e que mais tarde Foucault vai apelidar de arqueologia dos saberes e das palavras. Buscando o(s) significado(s) original daquele termo, na origem de tudo, lá no começo do uso do termo, fica mais fácil tentar compreendê-los melhor nos dias atuais, como também fica-se com mais instrumentos para contestá-los e desconstruí-los. Caso seja esse o interesse da conjuntura, por “n” razões, que poderá ser política, moral, ideológica, teórica, luta de classes, etc. Portanto essa é a vertente de Nietzsche, é nessa esfera, a esfera da linguagem, nesse mundinho, nesse pequeno universo linguístico, antes mesmo de existir Saussure, é onde atua o nosso personagem e autor de renome. Por outro lado, as filosofias chamadas tradicionais, as filosofias sistêmicas, que atuam também, mas não apenas no campo limitado da linguagem, pois são ontológicas “par excellence”, porque dedicam-se ao estudo do ser e do mundo enquanto ser, sempre na perspectiva da TOTALIDADE. E o que significa isso? Mesmo quando trata de um fenômeno particular, o entende e compreende como parte de um todo, é a visão do particular na perspectiva da totalidade. A totalidade sistêmica está, no caso das filosofias tradicionais e ontológicas, sempre no horizonte e no presente de todas elas. É o pano de fundo desse segundo tipo de filosofia. Logo é um cenário de reflexão e pensamento completamente diferente da perspectiva nietzschiana. Se formos estudar a modernidade contemporânea, na esfera filosófica, sobretudo expressa e impressa em língua francesa, devido a forte influência do instrumental do modelo linguístico saussuriano, Nietzsche tem um enorme prestígio, e considerado contemporâneo e atual. Exatamente por essa razão da proximidade com o modelo padrão linguístico de análise. Agora o uso que é feito de Nietzsche, por diferentes autores contemporâneos, varia muito de autor pra autor, cada qual puxa a brasa para a sua sardinha, há todo o tipo de utilização de Nietzsche, que fica muito distorcido algumas vezes, mas tudo isso são outros quinhentos réis. Não sei se ficou claro, esse ligeiro alinhavo panorâmico, que em linhas gerais, tentei traçar dos dois modelos de pensamento, pelo menos, no que é específico e distinto, em ambos os modelos de pensamento, para quem sabe um aprofundamento maior no futuro próximo.

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