sábado, 10 de fevereiro de 2018

Um país irrelevante

Comperj Itaboraí abandonada

Passado mais de ano e meio do golpe contra o governo anterior, do golpe parlamentar-jurídico-midiático, golpe que continua em curso e à galope. Não é possível, que os apoiadores do golpe, aquela quantidade incrível de gente, que foi para as varandas bater panela contra o governo anterior, que foram às ruas vestidos de verde e amarelo, conduzidos e mobilizados pelas redes sociais e através das televisões abertas ou fechadas, conduzidos como manada de gado ou de outro bicho qualquer. Não é possível, que toda aquela gente ainda não tenha percebido o estrago, que o golpe fez e continua a fazer contra o país, contra a sua gente e sua soberania. Não é possível, que não tenham percebido nada ainda. Embora a grande imprensa não informe quase nada a respeito do desmonte do país, mas é tudo tão bandeira, e hoje com o recurso da internet, fica quase impossível a notícia não chegar na ponta, no cidadão comum. O grande problema, é que uma parcela considerável de brasileiros, ainda informa-se apenas com o que assiste no tele noticiário noturno. Já são tantos exemplos do que vem ocorrendo por todo o país, os casos são imensos, graves, trágicos e chocantes, estão por toda a parte. É claro, que em alguns lugares repercute mais que em outros, mas no geral, as condições de vida da população estão bem mais precárias e difíceis hoje, do que antes do golpe, é visível, só não vê quem não quer. As maiores vítimas continuam sendo os mesmos de sempre, já estou até cansando de ficar batendo nessa tecla, todo mundo sabe, embora existam alguns, que se fazem de moucos. Só no município de Itaboraí aqui perto, ou melhor nem tão perto assim, na verdade Itaboraí hoje já faz parte da região metropolitana da capital carioca, o chamado Grande Rio, mas como passo por lá quase toda semana em direção à Niterói, me chama mais atenção. Pois bem, só em Itaboraí, foram mais de trinta mil vagas de trabalho perdidas, grande parte delas se coloca na conta da Lava Jato, com a quase total paralisação do gigantesco canteiro de obras do Comperj. A Lava Jato atingiu em cheio a Petrobrás e a indústria da construção civil, as grandes empreiteiras nacionais. Para Itaboraí, que ainda é uma cidade pequena e pobre, uma cidade dormitório, que via com grande expectativa o empreendimento petrolífero, como a sua grande saída para o futuro, com geração de empregos e desenvolvimento, vários negócios já estavam em andamento por conta do Comperj. Foi completamente devastador o efeito das ações judiciárias da Lava Jato contra as empresas que operavam no município. A tragédia de Itaboraí é apenas uma diante de dezenas de outras espalhadas país afora, como a de Suape em Pernambuco por exemplo, no Rio Grande do Sul e em muitos outros lugares. Esse resultado devastador, que estou a narrar, na verdade é a consequência de uma guerra contra o país e contra o futuro de várias gerações de brasileiros, que vê de uma hora para a outra o seu futuro e de seus descendentes muito comprometido. Foi uma guerra econômica travada contra o país, que atingiu em cheio setores relevantes e importantes da economia nacional, como a indústria da construção civil, que foi completamente destroçada, e que agora anda sendo vendida a preço vil para empreiteiras chinesas. As grandes empreiteiras nacionais não operavam apenas no Brasil, as maiores já eram players bem cotados no plano internacional, principalmente no continente latino americano, algumas participavam de licitação no mercado norte americano com êxito, eram quase hegemônicas no continente africano, onde competiam ombro a ombro com as chinesas, e até no oriente médio. Como foi o caso do Iraque de Saddam Hussein, desde o final do anos 70, onde empresas como a Mendes Júnior operaram por lá, construindo a infraestrutura do país, fazendo estradas, pontes, viadutos, barragens, etc. E o mais cruel disso tudo, é que o ataque principal foi contra a nossa maior empresa, a Petrobrás, a joia da coroa, já que o alvo sempre foi o pré-sal. Quando a agência de espionagem norte americana NSA, descobriu através de grampos, escuta telefônica, etc, a cobrança de propina, o suborno, espécie de corrupção, que é feita através do pagamento de propina, para conseguir grandes obras, molhando a mão de autoridades e de agentes públicos locais, prática corriqueira de empreiteiras internacionais em toda parte. Foi como se tivessem descoberto a pólvora, foi o flanco vulnerável e frágil do país, que foi encontrado, pronto o golpe estava praticamente encaminhado. Só restava agora articular tudo de tal forma, para dar uma aparência legal ao golpe, contando com toda a camarilha dos aliados internos, que queriam porque queriam derrubar o governo anterior, a quem não conseguiam derrotar em quatro eleições gerais consecutivas. Como o objetivo e alvo principal sempre foi pré-sal, fatiá-lo e vendê-lo a qualquer preço, o projeto foi posto em andamento, assim que ocorreu, mais uma vez, a derrota do grupo representado em 2014 por Aécio Neves, que inclusive falou em impeachment, tão logo foi revelado o resultado das urnas, em suas primeiras entrevistas. Por isso a razão de tantas viagens do grupo liderado por José Serra e Aloysio Nunes à Washington, durante a preparação do golpe. Isso hoje não é mais segredo para ninguém, está tudo disponível na internet, não é teoria conspiratória, basta uma simples busca na net. O Brasil era o B dos Brics, tinha rumo, tinha alcançado certo poder, respeito, sendo protagonista na cena externa, como no caso do acordo nuclear do Irã, portanto no plano externo navegava de vento em popa, para ser um país cada vez maior do que jamais tinha sido antes, apesar do tamanho e de sua gente, uma população com mais de duzentos milhões. E não tinha sido ainda devido ao complexo de vira-lata de suas elites, que apesar de massacrar a população internamente, no plano internacional sempre foram muito subservientes, como ministros de estado tirando meias diante de autoridades da imigração em aeroportos estadunidenses, etc.
Internamente, o governo anterior seguia tentando corrigir desequilíbrios sociais de séculos de atraso, que os analistas mais críticos, consideram que o caminho escolhido tenha sido equivocado, por ter apostado mais no consumo. Pode ser. Mas como fazer diferente, para uma população carente de quase tudo? O governo deposto advoga, que a aposta no consumo, foi uma estratégia para melhor enfrentar a crise financeira de 2008, que andava a paralisar economias mais fortes. Houve erros certamente, mas falar agora é fácil, depois do leite derramado. No plano externo, o país estava indo bem, e foi também onde o país mais perdeu com o golpe, deu meia volta volver e nos encolhemos muito. E assim, voltamos a ser irrelevantes.


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