terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Fazeres

Sem dúvida, em tempos de tantas selfies e bigbrothers, da super exposição ‘full time’, que não para nunca, não para jamais, são incansáveis, estão em toda parte, todos conectados, em todos os lugares, no trem, metrô, barcas, veeletê, e em todos os ônibus da cidade, sempre fixados no pequeno monitor brilhante, durante 24 horas consecutivas. Chega a ser bom, dá certo prazer está envolvido em tudo, que anda rolando, toda essa rede louca, a imensa possibilidade de interagir, a quase infinita possibilidade de diferentes coisas rolarem, que chega dar certo calor, causa calafrio, porque é tudo muito viciante. Embora seja fugaz, acaba se eternizando na repetição. Existe espaço para manifestações das curtidas, onde se pode mostrar diferentes tonalidades de emoções, para as variadas qualidades de curtidas. Com tudo à mostra, e o prazer conexo do leitor ou audiência, para o que é exibido, onde além da curtida do bem, chega-se também à morbidez da curtida do escabroso, do escroto, da política do esgoto, do asqueroso viciante, dá prazer até mesmo, ver exposta as entranhas mais escondidas do outro, seu canto mais íntimo, seu canto mais particular, dos recônditos do seu cérebro, vê-lo compelido a compartilhar, tornar público e expor tudo, quando o pudor deixou totalmente de existir. Toda essa excessiva exposição, de todo tipo e gosto, o tempo todo de quase todos, acaba por conduzir todos para a lógica do maior número, do maior ibope, do próximo recorde em quantidade de visualizações, da maior quantidade de curtidas, e de compartilhamentos. Descobrir que precisa trabalhar cada vez mais  e com bastante afinco e foco, para alcançar o sucesso total, se tornar popular, ser conhecido por um maior número de seguidores cada dia que passa. Enfim, trabalhar com afinco em busca de atingir o objetivo, até o momento que irá perceber, que não se deve priorizar a quantidade em detrimento da qualidade. Qualidade que precisa reagir, a busca da qualidade de conteúdo é sempre essencial e fundamental, se terá mais ou menos leitores não importa, se será lido mais ou menos é acidental, no máximo consequência, jamais causa ou pautar objetivos e a criatividade, criatividade sem a qual não sobrevive, ou apenas sobreviva. Dito isso, não se pode terminar sem fazer a ressalva, de quando se trata da política, o aspecto quantitativo tem alguma relevância, porque o agente público que cuida de ações e eventos políticos, como indutor de ações efetivas, como portador de verdades que precisam ser divulgadas, não apenas as verdades do político, mas as verdades sobre o bem comum, sobre bens públicos, que vai impactar e produzir uma ação benéfica para quem mais precisa. Nesse momento, quanto mais gente se consiga convencer e conquistar para a causa, para o seu lado, melhor. Convencer o maior número, para uma boa causa, sempre ajuda muito, porque precisa-se legitimar aquela ação política, com o crivo da maioria, precisa-se reverberar a ação, dar voz àquele grupo, dar voz ao coletivo, não se deixar alienar apenas pelo deus mercado.

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