segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Banalizaram a corrupção

A impressão que se tem, olhando o panorama visto de longe, após assistir, durante muito tempo toda a campanha do impeachment contra Dilma, quando se falou tanto contra a corrupção no governo do petê, partido que, dizia-se, precisava ser banido da vida pública nacional, exatamente por quem, depois assumiria o governo central, e contra quem havia sérias denúncias criminais, acusações gravíssimas. Pois bem, para tomar o poder, alcançar os objetivos golpistas, falou-se muito sobre corrupção, falaram o que nunca haviam falado, e não haviam falado antes, porque também sempre foram corruptos, envolvidos em diversas falcatruas com dinheiro público. Agora para conseguir derrubar uma presidente enfraquecida politicamente, sem apoio na Câmara, bombardeada o tempo pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha, outro corrupto, com um arsenal de pautas bombas, lançadas uma atrás da outra, visando impedi-la de governar, nada que vinha do Planalto era aprovado na Câmara, a maioria nem chegava à votação, que o boicote de Cunha acabava engavetando. Os golpistas falaram muito de corrupção,  usaram vários meios para tratar do assunto, a televisão, revistas, jornais, rádios e principalmente a internet, durante o golpe/impeachment, não importa quem venha primeiro, golpe ou impeachment, mas falaram tanto, sempre com a ideia de corrupção conectada a suborno, limitada apenas ao suborno, suborno quase como definição de corrupção, jamais se mencionava ou se atentava para outras formas de corrupção, que não são poucas, como se sabe, tão nefastas quanto ou mais, que o suborno. E essa banalização da palavra corrupção se deu, quando usaram e abusaram do termo em demasia, usaram em excesso, que o termo acabou se tornando uma palavra desgastada, a tal ponto, que não é difícil encontrar um corrupto contumaz, gente com vários inquéritos nas costas, denunciado como suspeito de práticas ilícitas, blindado pelo privilégio do foro, e que está livre, para gerir seus negócios ilícitos, todo mundo sabe, todo mundo conhece, fala-se a respeito, o rumor é geral, nas colunas de jornais impressos e também publicados na internet. Enfim, o rumor está em todas as bocas, mesmo assim, para encarnar o personagem, a primeira impressão que vem é a figura do político, mas não apenas os políticos são protagonistas nessa história, essa habilidade, hoje em dia, é encontrada e vista em todas profissões. Vamos supor que o personagem seja um político corrupto. Da maneira que falaram de corrupção, se o leitor tivesse feito a cabeça pelas mídias dominantes, diria que político e corrupto são quase sinônimos, tal foi o processo de desqualificação do político pela oposição ao governo Dilma, sendo que os próprios, agora estamos vendo realmente, o quanto a cúpula toda do golpe é corrupta, chefiada pelo gangster maior com cara de vampiro, Michel Temer, que se protegia, enquanto armava seus planos diabólicos, deixando a sua retaguarda sob o comando do "general" Eduardo Cunha, chefe de mais de cento e quarenta gatunos na Câmara dos deputados, todos eleitos com dinheiro sujo, obtido através da venda de favores, no balcão de negócios em que se transformou a Câmara dos deputados, além de muitos outros acusados, entre os quais, figuras como Moreira Franco, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Henrique Alves. Pois bem, estou cansado de assistir gente desse naipe, figurões de alto escalão, prefiro dizer, bandidos de alto escalão, vir a público, seja em entrevista na televisão, ou na internet, a fazer declarações e até, muitas vezes, discursos inflamados contra a corrupção. É inacreditável, mas é verdade, quem vive no Brasil, sabe do que estou falando.Quem não se lembra de ver Geddel Vieira Lima e família, por exemplo, todos vestidos de verde e amarelo, em manifestações públicas na Bahia contra a corrupção. Uma desconsideração total e completa com a verdade, e com a inteligência alheia, como se tudo pudesse ser tudo, uma desfaçatez completa, quase um cinismo, não no sentido filosófico, propriamente dito, mas no senso comum mesmo. Como numa peça de  Luigi Pirandello, “assim é se lhe parece”. Tem gente que pensa, que para tirar o oponente do caminho, basta desqualificá-lo gratuitamente, sem motivo ou razão aparente, e do nada, transformar o adversário num nada, de uma hora pra outra, como num passe de mágica, desconsiderando toda a história de vida do oponente, sua formação, eficiência na execução de seus objetivos, vontade própria, convicções, crenças políticas e ideológicas, pensa que pode destruir sua imagem sem motivo, emburaca e escancara o desrespeito contra o adversário, com truculência, violência inaudita, violência não esperada. Acusa o adversário de corrupto, sendo o próprio acusador um corrupto incurável. O sujo falando do mal lavado.

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