terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Para onde vai FHC?

Poderíamos postar a mesma questão para o Sr. Ferreira Gullar, mas aí fica fácil, a julgar pela crônica dele publicada na ilustrada da Folha num domingo após a publicação do: “Para onde vamos?” de FHC. E a resposta, é o mesmo caminho de FHC, já que ele, que se considera um homem de ideias, reproduz quase que ipsis litteris o arrazoado de ideias do "Para onde vamos?" A posição de classes disfarçada de visão geral, ou viés particular inconfesso, mas dominante, porque é a visão do que se considera o mais forte, o mais intelectualizado e erudito, porque uspiano; porque também já foi poder político dominante, e ainda continue sendo parte dele, mas de outra forma. Um elitismo cheio de soberba e arrogância. Há inclusive uma crença entre os artistas e intelectuais em começo de carreira, de procurar cultivar-se a arrogância, porque é importante para a autoafirmação, para melhorar a baixa autoestima, que é castrante. No caso de FHC, o fenômeno é algo parecido, só que de forma caricatural, dá até para, brincar um pouco, já que ninguém é de ferro, parodiando a frase de Lenine, lembrar que o Elitismo, é a doença senil da bourgeoisie intellectuel de droite. Sabemos que ele tem plateia, quase cativa, tem audiência, que paga caro para assisti-lo em conferências pelo Brasil afora, e em outros cantos do exterior também, só que em menor escala, claro. Isso tudo lhe reforça o convencimento de que ele é o tal, já que está sendo reconhecido. Dizem até que o amor cega, que qualquer outra paixão louca por alguma coisa, cega também, deturpa e interfere na percepção. Nesse sentido, o fato de ser invadido pelo sentimento da inveja ou da vaidade, é uma cegueira. A propósito, constitui-se numa tremenda bandeira, pois fica muito óbvio, quando nos movemos sobretudo por esses sentimentos, nada nobres: "Como ainda sou poderoso, da mesma forma como o Brasil é grande e poderoso, tenho legitimidade para impor o meu gosto, os meus valores políticos ideológicos estéticos. As pessoas me dão crédito, porque me assistem, me ouvem. Portanto posso apontar a direção do vento ideológico das minhas crenças políticas, como sendo a visão mais certa da realidade. E assim sendo, não posso, e não devo qualificar o que não tem qualidades, o inqualificável. Logo tudo aquilo, que beira o gosto popular das classes C, D e E, não merece receber o menor crédito, e por essa razão receber, mais que de imediato, um ataque fatal, para suas pretensões de ser divulgado, e ter visibilidade. Não podemos, nem devemos deixar essa gentalha levantar a cabeça do esterco, porque é muito perigoso, basta ver o exemplo atual, demos uma leve vacilada, e eles elegeram um operário rude, analfabeto (Ui, que é que é isso, Caetano?), como presidente do país. Toda atitude, que lembre, mesmo que de longe, aquela origem humilde do populacho, deve ser criticada violentamente, deve ser evitada e banida, do nosso meio. Para isso, deve ficar como munição disponível, todo um arsenal de combate, cujas armas são as ideias e valores de sempre, cansadas de guerra ou não, não importam, todos os tipos de armas são válidos (Aqui, um pouco Maquiavel, que ele prometeu se dedicar, quando saiu da presidência), para que os nossos agentes de ataque estejam municiados para varrer para além da periferia originária, todos esses bárbaros do conhecimento e o(s) seu(s) modus vivendi e modus operandi". 
Talvez fosse interessante investigar, descobrir, o lugar de origem de todo esse ressentimento antilulista, ou melhor, antipopular, antivarguista, antijanguista, enfim, anti-trabalhista. Dizer apenas, que é inveja, não basta. Proceder uma investigação detetivesca, não sei se é possível, já que tudo isso, parece tão escondido. Dizem, que escondidos nos mais recônditos escaninhos da mente vaidosa de FHC, coisa, que muito provavelmente, nem mesmo ele próprio, se dê conta. Talvez, nem mesmo um psicanalista tarimbado e com experiência, fosse capaz de dar algum subsídio para o nosso investigador. É claro, que outros, poderão apontar esse ou aquele interesse, de um determinado grupo político/econômico, do qual ele faça parte, e seja o principal ideólogo e porta voz. Não diria ventríloquo, porque reconhecemos haver nele, certo conteúdo intelectual relevante, embora saibamos, pela experiência na presidência, que politicamente, ele é vacilante e inseguro na hora de assumir responsabilidades, o típico tucano; aliás, refletindo agora, é bem capaz, que esse conceito de tucano, deve ter sido inspirado na figura do FHC, bem cima do muro. Confundir a cabeça das pessoas, com conceitos, que nem, muito provavelmente, o próprio FHC, tenha clareza do significado (este o caso do conceito: "populismo autoritário"), constitui-se numa espécie de desonestidade intelectual, ou falta de ética, como se queira. Buscar ser honesto e correto, do ponto de vista da razão, do conhecimento racional, é procurar estar o mais próximo possível da verdade dos fatos. Não deve ser envenenando pelo ódio ideológico, mistificando a realidade, distorcendo a visão do mundo com contorcionismos verbais, e a consequente determinação da percepção dos outros através daquela visão distorcida. Portanto não é honesto, não é correto confundir popular com popularesco ou populismo. Aliás, esse conceito de populismo, é o conceito menos válido do ponto de vista teórico, portanto menos teórico no sentido althusseriano, e dos mais ideologizados. Pois se presta a distintas utilizações. Muito usado nos anos setenta, por historiadores e analistas políticos, com os mais variados significados, é um conceito que serve pra quase tudo, não tem a menor precisão conceitual. Logo, esse conceito de populismo, não vale mais pra nada, talvez só sirva mesmo daqui para a frente, como xingamento.

Um comentário:

  1. Você tocou num ponto fundamental: a vaidade acadêmica. Convivi muito tempo dentro da academia para ter observado este fenômeno por vários locais por onde passei. Você tem a vaidade de ser belo(a), a vaidade de ter muito dinheiro e a vaidade de possuir o conhecimento. Quem possui um dos três, quer ter os demais e já observei este fenômeno. Acho que no fundo queremos ser Deus e este foi o pecado de Lúcifer...

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