sexta-feira, 14 de julho de 2017

Ingênuo ou cínico?

É curioso assistir de camarote gente, que só conhece Maquiavel, Montesquieu, Weber, Gramsci, Bobbio ou Bourdieu através de lombada de livro em lojas de shopping, a se aventurar agora pelas redes sociais a dar lições de política aos incautos, ou seja a qualquer um que tenha acesso àqueles comentários.
Conheço gente, que construiu as suas convicções políticas em torno de uma mesa de chá das cinco, em torno de senhoras de classe média, que tem profundo ódio ao partido dos trabalhadores, por ter permitido o acesso a passagens baratas de avião à gentalha, a gente que, segundo elas, não sabem se comportar em aeroportos, comem com a boca aberta, e pior, ainda falam de boca aberta, vestem-se mal, vão para o aeroporto de chinelos...

Pois é, os portadores desses preconceitos é gente, que aderiu na primeira hora ao golpe parlamentar, e partiu de malas e cuias, para o nome do senhor Michel Temer, conforme se pode ver em suas postagens nas redes sociais, está tudo lá registrado. E agora com Michel Temer caindo em desgraça em virtude das descobertas de suas falcatruas, vem agora a público bancar o bom moço se manifestar pela criminalização da política como um todo, dizer coisa do tipo, "todo político é ladrão".
Coisa bem típica e praticamente um clichê do analfabeto político. Daí a questão no título desse texto, porque esse comportamento vem se manifestando rotineiramente nas redes sociais, tanto de uma parte como da outra, ou seja tanto por cínicos como por ingênuos. Os dois se manifestam da mesma forma, embora os cínicos sabem o que estão a fazer, os ingênuos nem tanto, são uns Maria vai com as outras. E aqui aparece uma distinção importante entre um grupo e outro, os cínicos sabem o que fazem. 

O que se pode esperar de alguém que construiu as suas convicções políticas em torno de uma mesa de chá das cinco, agrupada e enturmada com uma galera de senhoras caretas, ignorantes, conservadoras, reacionárias e cheias de preconceitos? E assim entre um gole de chá e outro, em vez de um brioche com geleia, lá vem preconceito, e tome preconceito! E dessa forma vai se sedimentando nos espíritos empobrecidos intelectualmente, porque é gente não lê nada de teoria política, as formas mais primárias de pensar a atividade política através da maneira mais vulgar de se fazer política. O pior de tudo é que tudo isso se espalha, se multiplica, pega, cola na mente, contagia e se replica como uma virose maldita. Lamentável!

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