quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A Lógica do Esperto


O nome fictício de nosso personagem de hoje é Élio, alguém que só conhecia a lógica da malandragem. Inicialmente é preciso acentuar, que geralmente para quem segue essa lógica, tudo funciona, como se o mundo fosse dividido entre os otários de um lado, e os espertos ou malandros de outro. De vez em quando, algum esperto se dá bem "as custas" de um otário qualquer. Essa maneira de enxergar o mundo pautava o comportamento de nosso personagem, e dessa forma prosseguia o rumo sem rumo da sua vida. Sem necas de pitibiriba de teleologia. Élio não construía um destino, nem tampouco o transformava com seu próprio esforço. O amanhã é o aqui e agora, e está de muito bom talho, que seja e continue sendo sempre assim. Enfim, Élio curtia muito o estilo de vida que levava, só não gostava da falta de grana, da dureza presente a maior parte do tempo, já que os lucros da esperteza obtidos contra os otários de ocasião e oportunidade, eram ainda bastante incipientes. Na verdade ele ainda não passava de um reles aprendiz de malandro, de um pequeno bandido, da mesma forma como existem os pequenos em qualquer atividade humana, como inclusive entre os intelectuais, os pequenos intelectuais. Por enquanto tentar enxergar até onde poderia chegar naquele caminho, era algo muito imprevisível. Mas isso também era mais uma coisa, que não ocupava a sua mente. Ele não se ocupava com ninharias. Algum malicioso poderia pontuar, que com ninharias não, apenas com patifarias. Aparentemente parecia levar uma vida feliz. Em qualquer lugar que chegava, sempre havia alguém que conhecia no mínimo de vista. E o curioso, é que considerava amigo todos esses "conhecidos", e tinha por hábito adicionar todos como amigo no Facebook. Segundo o próprio, tudo estava fluindo numa 'nice' em sua vida. Nem é preciso dizer, que a atividade do pensamento e da reflexão, em casos como esse do Élio, é altamente perigosa e desestabilizadora. Porque se fosse realmente possível para alguém como ele, poder pensar e refletir sobre como se está a viver, poderia perfeitamente dar de cara com a revelação demolidora, de que apesar dos pequenos golpes aplicados contra os otários, ele não passa de um perdedor. Mas como não é capaz de refletir a respeito, por enquanto continua livre daquela revelação.


 

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