domingo, 28 de abril de 2019

As ameaças contra o ensino de filosofia

O governo Bozzo ameaça acabar, de forma definitiva, com todos os cursos de graduação e licenciatura nas áreas de Filosofia e Ciências Sociais nas universidades públicas federais, justo no momento onde alguns personagens saindo das sombras da política, volta e meia, vem a público manifestar desapreço, e questionar sobre a importância de tais cursos. Sem querer ser paranoico, até parece uma coisa planejada. Alguns chegam a dizer, que esses cursos de Filosofia não servem para nada, não tem importância e, raciocinando pela lógica do mercado financeiro, não dão lucro para ninguém. Ora se é assim, que a filosofia não serve para nada, se não tem mais importância, então porque todos esses ataques e ameaças? Por que desejar por um fim, terminar, extinguir, acabar e destruir com os cursos de filosofia, e assim acabar com o ensino em definitivo? Se essas disciplinas sofrem tantos ataques é porque importam de alguma maneira, estão incomodando os poderosos de plantão, não é mesmo? Tornam-se, pelas suas especificidades e peculiaridades, uma espécie de arma adversa e do contra, como uma má consciência de algum pensamento único ou algum regime político sem pensamento, que tenta se impor pela força de mentiras, e está querendo se tornar hegemônico, ou quem sabe, na melhor da hipóteses, seja a velha luta de classes na teoria. Então, é claro e evidente, que o ensino de filosofia tem importância. O exercício da filosofia, proporcionada pelo seu ensino, ou seja, a prática do pensamento livre, sem medo e sem amarras; portanto, o exercício da reflexão, do por em questão situações dadas e fenômenos da realidade, acabam, como práticas, se tornando muito indesejáveis para certos governantes truculentos e autoritários. Governantes que não sabem e não querem jamais ter que lidar com o contraditório. Acontece, que não adianta impedir pela força quem professa determinada teoria filosófica, ou queimar certos livros, achando com isso, que agindo dessa forma, exterminarão por completo com uma teoria maldita e fora da ordem do momento político representado por algum tirano. Não adianta nada disso, porque não surtirá o menor efeito, como já foi visto inúmeras vezes na história. Certamente o surgimento de uma teoria filosófica, apenas espelha e expressa no plano teórico, uma visão cognitiva da própria realidade factual. Não é exterminando com o ensino de teorias e de seus tratados, ensaios e livros, que estará se livrando do problema, da pedrinha no calcanhar do déspota de plantão. Quando sabemos muito bem, que o problema, quando existente, encontra-se na própria realidade, que não se deseja mudar ou alterar, para continuar mantendo os mesmos privilégios seculares para poucos. E não se deseja mudar, porque a república ainda não é uma verdadeira 'res publica'.

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