quinta-feira, 9 de junho de 2016

A despedida da Soberania



Tenho acompanhado os vídeos com a Presidente Dilma, disponibilizados na internet, dos seus discursos, últimas viagens e algumas cerimônias feitas em sua homenagem, por diferentes setores da sociedade, sobretudo os movimentos sociais. E a cada evento, vai ficando a impressão de uma despedida, triste mas gloriosa, gloriosa porque defensora de valores muito mais nobres, que os valores daqueles que a estão substituindo no Palácio do Planalto. A aparente vitória passageira da escória política interina e provisória, que assaltou o poder, é insustentável ao longo do tempo, porque como não tem legitimidade, compromisso com nada, mostraram as garras, logo de cara, ao desmontar tijolo a tijolo todo o arcabouço político do Estado Brasileiro, montado nos últimos anos, para atender direitos assegurados pela Constituição de 1988. Uma tragédia, qualquer retrocesso com retirada unilateral de direitos civis. Sem consulta pública à população, se retira direitos de forma arbitrária e unilateral. O povo vai começar a sentir daqui a pouco, vai começar a apertar a vida de dezenas de milhares ou milhões de pessoas, não tarda muito. Então acordarão se sentindo malogrados completamente, ao ter apostado as fichas na queda da presidente, que estava permitindo um padrão de vida, apesar da crise internacional, ainda em bom nível à toda a população. Por ter apostado num grupo político composto por bandidos e estelionatários, que querem vender o país a preço de banana, apenas em benefício próprio e familiar. Toda a gente, que apoiou esses caras, daqui a pouco vão acusar o golpe em suas carteiras, o golpe que começou primeiro em Brasília, afastando a Presidente, chegará também inexoravelmente à população beneficiada por toda a política, que estão desmontando agora, por incrível que pareça, para um governo apenas interino e provisório. Concluo, tentando dizer alguma coisa a respeito de Soberania. Não que a soberania esteja representada na figura da Presidente Dilma apenas, não é isso, a Presidente é um símbolo, um símbolo importante, da normalidade do Estado Democrático de Direito funcionando em nosso país, uma presidente eleita, governando com normalidade, cumprindo sua função de agente público, responsável segundo a Constituição, pela condução do país, a nação brasileira, no rumo certo para alcançar e ampliar mais soberania, não apenas para os seus cidadãos, mas também na cena internacional enquanto nação soberana. É dentro dessa linha de raciocínio, que a gente ver desaparecer subitamente, a ambição nacional de ser um dia membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Adeus aos Brics, pelo menos adeus ao papel do Brasil nos Brics. Adeus à consolidação da emergência econômica de dezenas de milhões de cidadãos brasileiros, que voltarão, retornarão ao padrão de décadas atrás, não só em consumo diário de calorias, mas em direitos e cidadania. Portanto, é lamentável, assistir diariamente a despedida da Soberania. Assisto com uma pena danada.



Um comentário:

  1. Eu como lutei bastante e diretamente pela nossa soberania no campo da tecnologia, tendo dedicado os últimos cinquenta anos de minha vida nesse afã, estou como que sentindo uma perda. Alguma coisa realmente está sendo enterrada literalmente. As ezéquias estão acontecendo. A procissão dos amigos e parentes da morta seguem atrás do caixão...

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