quarta-feira, 14 de junho de 2017

Ausência do contraditório


No meu último post publicado ontem, quando mencionava, que na mídia atual, dos dias de hoje, essa mídia que foi pega de surpresa, que está tendo de lidar de supetão com a delação de Joesley Batista, o dono da JBS, que entregou de bandeja os crimes do presidente para a Polícia Federal e o Ministério Público, depois de conseguir gravá-lo no subsolo do Palácio Jaburu, sua residência oficial. Dizia que, o que mais  incomodava, era a falta de maior profundidade nos comentários dos analistas políticos. Hoje lembrei-me do contraditório. Sinto falta também do contraditório, claro. Porque toda vez que algum grupo chega ao poder, não importa como consegue chegar, tenta de alguma forma impor a sua narrativa, o seu discurso ideológico de convencimento, e faz de tudo que pode para desqualificar e anular totalmente a narrativa dos adversários. Tornando muito difícil e quase impossível a existência do contraditório, onde quem dita as regras majoritárias é o grupo, que se estabeleceu no poder. Por outro lado, mais ou menos até 2010, afirmava-se peremptoriamente, que no espectro ideológico havia uma certa predominância e até mesmo uma hegemonia da narrativa de esquerda, do discurso que demanda por mais emergência e protagonismo dos mais pobres, por mais espaço político para os movimentos sociais organizados, a fim de ampliar democracia, porque só se faz mais democracia ampliando a inclusão social através de políticas afirmativas, com ampliação de direitos civis para quem continua a ter tão poucos, e não o contrário, como é o caso agora, depois do golpe político, midiático e jurídico. Pois o projeto perdedor nas urnas em 2014, ou seja, o projeto neoliberal, busca reduzir gastos sociais, busca retirar direitos assegurados e conquistados há anos, depois de muita luta política para alcançá-lo. O projeto perdedor nas urnas em 2014 tem como projeto social, privilegiar setores da sociedade, que já estão em vantagem vis a vis os mais fracos do sistema.  Com o golpe, praticamente apenas um lado da moeda, ditará as regras do jogo daqui para a frente, ditará os rumos do país. O Sr. Skaf, quando resolveu pagar o pato durante as manifestações a favor do impeachment contra a presidente, com bocas livres em diferentes cidades para os manifestantes coxinhas, financiando até mesmo caricaturas de plástico  de adversários políticos, que queria e precisava demonizar. Não o fez nem pagou o preço apenas por patriotada, na verdade pagou o pato naquele momento, porque não queria continuar a pagar o pato depois. Os neoliberais, que tomaram de assalto o poder de estado, são radicalmente contra a extensão e universalização de políticas públicas e de transferência de renda, são contra as políticas públicas compensatórias para os perdedores do sistema. Só dialogam com os mais fortes e mais ricos, governam para eles, para atender as suas demandas e exigências. Essa é a lógica neoliberal, não querem pensar em pobres, não são nada nada democráticos. Portanto dentro dessa perspectiva, desse jogo de poder onde quem passou a dar as cartas foram os grupos mais fortes e endinheirados, as questões dos setores sociais mais carentes são automaticamente postas para baixo do tapete, não são prioritárias, e dessa forma tornam-se ausentes de forma veemente, como algo de que não se fala, mas que todos sabem que continua por ali. É a presença da ausência, uma ausência ou falta do contraditório no debate público de questões, que por hora não interessa abordar. Enquanto isso continuamos a ser a eterna sociedade cindida, dividida, e sem a menor perspectiva de pacto social na linha do horizonte.


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