terça-feira, 16 de maio de 2017

Intrépidos aventureiros

Henry Miller

É de fato estimulante e animador assistir alguns dos chamados “nômades digitais” em seus canais no Youtube, em sua maioria casais, mas também tem intrépidos aventureiros solitários, que se lançam pelo mundo, de todos os tipos e idades a contar em seus vlogs diferentes histórias de vida e da experiência de estar na estrada, cada qual com a sua peculiar maneira de olhar o mundo e perspectiva de vida, suas alegrias, tristezas, dores, doenças, fracassos e sucessos, enfim são diferentes formas de sagas, bem particular nesses tempos de Big brother, quando o mundo inteiro está prestando muito mais atenção nesse tipo de relato, ou seja, os relatos de alguém que está se expondo, se desnudando diante da câmera, dando a cara à tapa. É claro, que quase todos explicam, que o foco em si nem é tanto a exposição de vidas em si mesmas. O foco principal, segundo todos eles, é estar prestando um serviço àqueles, que poderão estar passando no futuro, por uma situação semelhante àquela mostrada no vídeo, e quando isso ocorrer, não ter que enfrentar as mesmas dificuldades e dissabores agora exposto, ou não, dependendo do caso. A gente sabe, que durante toda a vida da humanidade existiu gente que se aventurou, que se lançou pelo mundo, que mudou de país, como foi o caso de tantos artistas e escritores ao longo do século vinte, e como foi o caso também de tantos artistas norte-americanos na Paris do entre guerras, dentre os quais destaca-se gente, como Henry Miller autor de Trópico de Câncer, que nem era escritor quando deixou os EUA aos 38 anos, e que só se tornou um, para contar a sua história de vida na França. Como tudo isso se deu numa época pré-digital, publicaram livros, era o que havia na época mais disponível como instrumento narrativo. Hoje em dia com a internet, e com toda a hegemonia da cultura audiovisual, está quase todo mundo contando a vida nos vídeos postados no Youtube. A pergunta que fica, é porque esse tipo de vídeo e de exposição passou a interessar a tanta gente, o que os fazem ser tão atrativos. Pode-se especular vários tipos de respostas, como por exemplo a de que a maioria das pessoas não está completamente satisfeita com o tipo de vida que leva, mas também não sabe responder quando indagado, que outra coisa gostaria de fazer para se tornar mais feliz. Considera a vida dos nômades digitais um sonho, uma coisa bacana, mas completamente fora da realidade deles. Muitos pensam que isso é vida para gente endinheirada, onde já se viu se viver na estrada, mudando sempre de cidade, sobretudo em cidades caras da Europa e alguns até mesmo nos EUA e Canadá, tem alguns na Ásia, em sua maioria Bangkok, a cidade mais visitada hoje do mundo. Mas tem também na Oceania, na Austrália e Nova Zelândia. A maioria das pessoas ainda não está acostumada a materializar a noção do negócio digital, o trabalho online que pode ser feito de qualquer lugar do planeta, e portanto ainda fica difícil imaginar algo do tipo, mas ao mesmo tempo deve ser gostoso, imagino, idealizar e desejar, no plano do sonho, algo assim para as suas vidas, daí a audiência enorme, que esse tipo de vídeo está tendo nos dias correntes.  

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