domingo, 25 de dezembro de 2016

O combate teórico contra o estruturalismo pós-moderno


Nunca é demais disponibilizar e exibir um trecho da página 125, capítulo dois do genial livro de Fredric Jameson, O inconsciente político (a narrativa como ato socialmente simbólico), que considero bastante ilustrativo do título acima como segue:

“(...) uma crítica dialética das categorias da semiótica e do método narrativo deve historicizar essas categorias relacionando o que são aparentemente apenas questões e dilemas de metodologia com toda a atual crítica filosófica do sujeito, como ela parte de Lacan, Freud e Nietzsche e se desenvolve no pós-estruturalismo. Esses textos filosóficos, com seus ataques ao humanismo (Althusser), sua celebração do “fim do Homem” (Foucault), seus ideais de dissémination ou derive (Derrida, Lyotard), sua valorização da escrita esquizofrênica e da experiência esquizofrênica (Deleuze), podem, no presente contexto, ser tomados como sintomas ou testemunhos de uma modificação da experiência do sujeito no capitalismo de consumo ou do monopólio tardio: uma experiência que é evidentemente capaz de acomodar um sentido muito mais amplo de dispersão psíquica, fragmentação, quedas de “niveau”, fantasia e dimensões projetivas, sensações alucinógenas e descontinuidades temporais, que, digamos, os vitorianos podiam reconhecer. De um ponto de vista marxista, essa experiência de descentramento do sujeito e as teorias, predominantemente psicanalíticas, que foram elaboradas para mapeá-lo devem ser vistas como sinais da dissolução de uma ideologia essencialmente burguesa do sujeito e da unidade ou identidade psíquica (o que era chamado de “individualismo burguês”); mas podemos admitir o valor descritivo da crítica pós-estruturalista do “sujeito” sem necessariamente endossar o ideal esquizofrênico que ela tende a projetar. Para o marxismo, na verdade, apenas o surgimento de um mundo social pós-individualista, só a reinvenção do coletivo e do associativo podem conseguir de maneira concreta a “descentralização” do sujeito individual exigida por esses diagnósticos; somente uma forma nova e original da vida social coletiva pode suplantar o isolamento e a autonomia monádica dos antigos sujeitos burgueses de tal forma que a consciência individual possa ser vivida – e não apenas teorizada – como “efeito de estrutura” (Lacan).

Assunto conexo: O sentido da crítica cultural

Nenhum comentário:

Postar um comentário