No meu último post publicado ontem, quando mencionava, que na mídia atual, dos dias de hoje, essa mídia que foi pega de surpresa, que está tendo de lidar de supetão com a delação de Joesley Batista, o dono da JBS, que entregou de bandeja os crimes do presidente para a Polícia Federal e o Ministério Público, depois de conseguir gravá-lo no subsolo do Palácio Jaburu, sua residência oficial. Dizia que, o que mais incomodava, era a falta de maior profundidade nos comentários dos analistas políticos. Hoje lembrei-me do contraditório. Sinto falta também do contraditório, claro. Porque toda vez que algum grupo chega ao poder, não importa como consegue chegar, tenta de alguma forma impor a sua narrativa, o seu discurso ideológico de convencimento, e faz de tudo que pode para desqualificar e anular totalmente a narrativa dos adversários. Tornando muito difícil e quase impossível a existência do contraditório, onde quem dita as regras majoritárias é o grupo, que se estabeleceu no poder. Por outro lado, mais ou menos até 2010, afirmava-se peremptoriamente, que no espectro ideológico havia uma certa predominância e até mesmo uma hegemonia da narrativa de esquerda, do discurso que demanda por mais emergência e protagonismo dos mais pobres, por mais espaço político para os movimentos sociais organizados, a fim de ampliar democracia, porque só se faz mais democracia ampliando a inclusão social através de políticas afirmativas, com ampliação de direitos civis para quem continua a ter tão poucos, e não o contrário, como é o caso agora, depois do golpe político, midiático e jurídico. Pois o projeto perdedor nas urnas em 2014, ou seja, o projeto neoliberal, busca reduzir gastos sociais, busca retirar direitos assegurados e conquistados há anos, depois de muita luta política para alcançá-lo. O projeto perdedor nas urnas em 2014 tem como projeto social, privilegiar setores da sociedade, que já estão em vantagem vis a vis os mais fracos do sistema. Com o golpe, praticamente apenas um lado da moeda, ditará as regras do jogo daqui para a frente, ditará os rumos do país. O Sr. Skaf, quando resolveu pagar o pato durante as manifestações a favor do impeachment contra a presidente, com bocas livres em diferentes cidades para os manifestantes coxinhas, financiando até mesmo caricaturas de plástico de adversários políticos, que queria e precisava demonizar. Não o fez nem pagou o preço apenas por patriotada, na verdade pagou o pato naquele momento, porque não queria continuar a pagar o pato depois. Os neoliberais, que tomaram de assalto o poder de estado, são radicalmente contra a extensão e universalização de políticas públicas e de transferência de renda, são contra as políticas públicas compensatórias para os perdedores do sistema. Só dialogam com os mais fortes e mais ricos, governam para eles, para atender as suas demandas e exigências. Essa é a lógica neoliberal, não querem pensar em pobres, não são nada nada democráticos. Portanto dentro dessa perspectiva, desse jogo de poder onde quem passou a dar as cartas foram os grupos mais fortes e endinheirados, as questões dos setores sociais mais carentes são automaticamente postas para baixo do tapete, não são prioritárias, e dessa forma tornam-se ausentes de forma veemente, como algo de que não se fala, mas que todos sabem que continua por ali. É a presença da ausência, uma ausência ou falta do contraditório no debate público de questões, que por hora não interessa abordar. Enquanto isso continuamos a ser a eterna sociedade cindida, dividida, e sem a menor perspectiva de pacto social na linha do horizonte.
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