Se nem o fenômeno de uma epidemia, que quebra laços afetivos e rotinas, nos mantém refugiados de nós mesmos, quase em estado de pânico, com a possibilidade de morte na próxima esquina, no banco do ônibus, na maçaneta da porta, na fila do banco, etc. Se nem a epidemia, que causa tantos malefícios, é capaz de fazer, que certas pessoas reflitam, reavaliem suas vidas, seus valores e, até mesmo, a qualidade de suas conexões com os outros. É porque também já foram atingidos por um vírus incurável, não esse que ora nos assombra, mas o vírus da sociopatia, e são considerados quase casos perdidos.
O disparo em massa, durante anos, de mensagens, que exaltam o reforço na individualidade, como o melhor caminho, como a melhor saída para a corrente crise do emprego, ou da sua falta. A intensa busca em tornar-se empreendedor/empresário de si mesmo, tendo como disciplina técnica e teórica principal, o marketing digital, que atingiu em cheio grande parte da população jovem mundial nos últimos quinze anos. E que ajudou a disseminar a ideologia neoliberal, ou a preparar cabeças, para, mais facilmente, legitimar e naturalizar um eventual futuro regime político regido pelo sistema econômico liberal. A manipulação é evidente e se evidencia a todo momento. Gente manipulada, quando se pretende manter formalmente a aparência de democracia, e dessa forma, tentar atingir certos objetivos ou resultados eleitorais favoráveis ao seu credo neoliberal.
Com a quarentena sugerida por autoridades municipais e estaduais, salvo a rara exceção do disparatado capetão, que ora ocupa a presidência, que prega o contrário. Está praticamente a maioria da população refugiada em suas casas. Esperando qualquer coisa ou o pior, algumas vezes. O curioso é assistir, apesar de todo o alvoroço da epidemia, gente ainda mantendo a pose, não sendo nada solidários com iguais, incapazes de qualquer gesto empático. Fazendo pose e cara, de quem não precisa de ninguém, e alguns ainda provocam e criam tensões contra o vizinho. Mesmo diante da epidemia.